Correspondência: Árvores de Bruxelas
O leitor Manuel Resende enviou-me o seguinte mail que pedi para publicar porque coloca algumas coisas em perspectiva. Com o mal dos outros países podemos nós bem, mas também é verdade que o português tende a ver o negativo muito cá dentro e o positivo muito lá fora. Eu também sofro um bocado desse mal. Não serve de desculpa às barbaridades cometidas contra as árvores por esse país fora, mas de facto não é só cá. O texto do mail e mais fotografias, já a seguir ao salto (e clicar nas fotografias para ampliar, julgo que já sabem).
Olhe que não é só em Portugal que se maltratam as árvores. Envio-lhe em anexo umas fotografias que acabei de tirar só para si. São várias ruas de Bruxelas com árvores podadas à maneira, segundo uma excelentíssima sapiência camarária.
E, a mim, já me aconteceram duas que nunca hei-de perdoar. O vizinho do lado direito obrigou-me a cortar um cipreste antiquíssimo sob o pretexto de que provocava humidade em casa dele. Cortei o cipreste (tive de pagar a licença de abate e o jardineiro abatente) e, claro, a humidade continuou em casa do senhor. Agora é muito meu amigo: diz que era a mulher que era uma chata que ele até nem queria (divorciou-se e juntou-se a uma italiana).
Agora é o vizinho do lado esquerdo (um australiano que se mudou para cá há um ano) que me anda a chatear. Meteu advogado e tudo. Quer que eu corte uma carpa (carpinus betulus) ao fundo do jardim porque larga muitas folhas para o terreno dele, onde quer fazer “un beau gazon”. Já meti advogado. Vou ter de gastar um dinheirão, mas a árvore não sai dali enquanto eu for vivo!
PS: Tenho de reconhecer, porém, que, nesta Bruxelas, há muito mais espaços verdes do que nas cidades portuguesas e vários grandes parques relativamente bem mantidos. Há mesmo uma floresta (fôret de Soignes) que entra pela cidade dentro. O clima também ajuda.
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