Caminhada no Vale do Bestança (5)


Estamos em pleno Março e não há engano possível: é um incêndio. Aliás detectamos no mínimo quatro no Vale. Neste caso, tínhamos acabado de passar por aquele local e com uma ventania assinalável, os agricultores faziam alegremente (negligentemente) as suas pequenas fogueiras.

Assim, não há limpeza, nem prevenção, nem combate às chamas que aguente. Continua a faltar educação e civismo. Mas, a verdade é que telefonamos para os bombeiros e nem um único apareceu para ver o andamento da coisa. Se é certo que a maior parte que ardeu foi mato rasteiro, não foi só. Vimos bem de perto muitas árvores serem consumidas e chamas de muitos metros, principalmente porque mais adiante a caminhada foi travada por outro incêndio. Uma série de caminheiros desistiu e voltou para trás com receio. Na verdade o fogo era muito, o fumo ainda mais e chegou a ser assustador a determinada altura. Mas, acalmou e almoçamos com as chamas a 50m.
O chocante, é que não só estamos em Março, como estes incêndios que não tão pequenos quanto isso, nem para as estatísticas entram — não aparecem na televisão, logo não existem. Prevejo mais um ano de autêntica vergonha e calamidade nacional.
Ao fim da tarde, ao chegar ao Sargaçal, o Cláudio chamou-me a atenção para outro fogo bem perto, logo no outro lado do Ribeiro do Enxidrô. Neste caso, foram trolhas a queimar plásticos junto a um silvado. Como a impunidade é total, que diferença faz queimar meia dúzia de hectares de área protegida no processo?
Os políticos continuam interessados em mais altos valores. Tratar da floresta não dá votos nem tachos.

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