Incêndios em Portugal


Hoje ouvi a notícia de um incêndio em Cinfães e resolvi tocar no assunto. Esta foto de Agosto de 2003, retirada do site Earth Observatory da Nasa, ilustra bem o que foram os incêndios do ano passado. E para este ano, estamos melhor ou pior? Tendo o próprio governo designado como zonas de risco, algumas das regiões que não arderam, diria que estamos cada vez mais na mesma.

Ao nível do governo, a responsabilidade passa pela motivação. Não é falta de meios, nem é falta de dinheiro. A GNR foi enviada para o Iraque completamente fora de tempo e completamente desenquadrada da realidade no terreno — que exige forças bem mais musculadas — e os meios lá apareceram. Também todos os anos se fala nos militares, no ócio dos quartéis, que pelo menos podiam exercer acções de vigilância, mas nem isso. Não têm formação específica, ao que parece.
Por outro lado, do interior cada vez mais desertificado, resultam menos votos o que não ajuda à motivação. Se não é pelas pessoas, se não é pelos animais, se não é pelas árvores e o ambiente, podia ser pelo economicismo reinante, mas não. Todos os anos é a mesma lenga-lenga.
Mas acho piada quando se coloca a responsabilidade toda no governo, sacudindo o peso da responsabilidade individual e colectiva do que se passa realmente na nossa terra. Na minha opinião, os incêndios têm as seguintes causas, não exclusivas e onde a ordem dos factores acaba por ser arbitrária:
A já mencionada falta de motivação governamental.
Falta de limpeza. É uma utopia querer as matas todas limpas, mas é uma exigência mínima ter os locais estratégicos (do estado e particulares) limpos, designadamente: bermas de estradas, caminhos, estradões corta-fogo e áreas à volta de habitações. Esta situação resulta também do envelhecimento e desaparecimento das povoações.
Negligência, é maior das causas provavelmente. Agricultores, veraneantes, caçadores, automobilistas, fumadores, construtores e todas as pessoas em geral. A verdade é que não há o cuidado necessário e suficiente, o que nos remete para a cansada discussão da educação e civismo do povo português.
A acção criminosa, que julgo ser maior e mais importante que os resultados de investigações e algumas correntes querem fazer crer. A justiça também não ajuda, como não ajuda a nada neste país. Para os incendiários, no mínimo, deveriam existir penas de 20 a 25 anos de prisão, com trabalho de limpeza de matas incluido.
Causas naturais, também existem, mas julgo praticamente desprezáveis para o total da área ardida.
No nosso caso, vamos continuar a manter o terreno limpo, mas já temos vários terrenos vizinhos ao abandono, tendo inclusivamente ardido um o ano passado. Esse fogo queimou uma das nossas pequenas leiras e quase arruinava as laranjeiras. Os bombeiros travaram-no graças ao nosso estradão que atrasou o incêndio e permitiu subir até ao local.

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