O custo de estar vivo
Hoje estive a ver com a Susana mais um episódio da série Taken em DVD e numa cena, um dos personagens refere que foi à caça uma vez e que se sentiu horrível. O guia de caça que estava com eles, explicou que é exactamente assim que se devia ter sentido. Faz parte do jogo. Para compreender o que custa estar vivo.
É um modo de colocar a questão que considero interessante. À primeira vista. No Mundo real, não me parece que os bravos caçadores se sintam minimamente mal por matar tudo o que caminhe, voe ou resteje e que tenha a infelicidade de se cruzar no seu caminho. O jogo é matar e principalmente ter prazer nisso. Dar umas gargalhadas, no fundo brincar um bocadinho. Só é pena que os animais morram a sério por nada e não a brincar.
Já para não falar em maltratar e abandonar os cães, ou como elegantemente um imbecil colocou a questão, “ser mais humano e dar-lhes um tiro, se não prestarem”. Se considerarmos que este imbecil é uma pessoa aparentemente educada, com formação, que aparece na TVI com o Sr. Sousa Cintra e um sinistro bando da alta sociedade, cada vez que abre a época da caça… Não há dúvida que anda para aí uma raça, cujo o único propósito neste Mundo é destruir. Na mesma reportagem, o mesmo senhor é filmado a apanhar um pequeno coelho atrás dos arbustos, demasiado aterrado sequer para fugir, o que desencadeia as tais gargalhadas de que falava à pouco. Vira-o ao contrário e dá-lhe uma pancada na cervical, explicando todo o processo com detalhe. E pronto, está morto. Já nos rimos todos um bocadinho. Isto foi há uns dois anos, mas ainda me lembro muito bem. Quem disse que a televisão não educa? Ui, ui, que desde que apareceram as privadas, a educação deu um passo gigante — exactamente como o Neil Armstrong na Lua, há 35 anos. Mas, divago.
Este Sábado, depois de uma missa rezada num megafone, todo o dia ouvi tiros no Sargaçal. Caçadores? Uma espécie. Ao que parece, é gente que se diverte a colocar bombas (suponho que de foguetes) no Rio Bestança, matando tudo o que esteja a nadar perto, incluindo trutas, que ao que consta são o grande objectivo. Esta actividade, apesar de ilegal, não incomoda as autoridades, mas hoje em dia, nem uma invasão extra-terrestre incomodaria as autoridades, tão aterefadas que andam com os desígnios da nação.
Alguém acredita que estas pessoas estejam a tentar compreender o que custa estar vivo?
O que eu acho, é que não vai ser aqui que vou alcançar o tão almejado sossego. E talvez em lado nenhum.
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