Vindima (2)
A vindima estava marcada para este Sábado, dia 25. Estava, mas já não está. As condições são nulas, tinha que comprar cubas (250€ de 250 litros, 300€ de 500 litros), arranjar pessoal (o que se revelou praticamente impossível nesta altura), arranjar tractor, lagar… Transportar posteriormente o vinho do lagar para as cubas… Quer dizer, um trabalhão, para quase nada, com a agravante que o Pedro nasce no dia 11 de Outubro, ou até antes.
Falei a toda a gente para tentar vender as uvas e ninguém as quer. O Sr. Américo acabou por arranjar o merceeiro, o Sr. Emiliano, que me vai lá colher as uvas por 100€ a tonelada (10c o quilo) e não deve dar mais do que isso. O Sr. Cristóvão disse que dá 20 pipas (ou seja, umas 35-40 toneladas!). É o chamado milagre da multiplicação das uvas. Mas, eu já o ano passado tinha reparado na escassez e este ano igual. Felizmente, vinho é o que menos nos interessa, mas aqui ficam as contas práticas para pretendentes a vida rural: prejuízo 500€ (entre poda e sulfatação).
Mas, mesmo assim telefonei para o grémio de Cinfães a saber o preço e disponibilidade das cubas. Resposta: Esgotadas! É uma daquelas contradições, para mim inexplicáveis, em que este país é fértil.
Há um ano, o engenheiro agrícola José Martino visitou a propriedade e a primeira coisa que disse foi para retirarmos a vinha. Aconselhou a plantar castanheiros e azevinho para rentabilizar alguma coisa com o mínimo de esforço. De resto, apenas plantar para consumo próprio. E na verdade está correcto. Em alternativa, oliveiras, uma vez que a cooperativa de azeite local está activa. São duras as lições práticas desta vida.
Uma resposta para“Vindima (2)”
Não conhecia este espaço, gostei e voltarei!
olá! também não conhecia este espaço, que ainda estou a descobrir – e a gostar. a nossa vindima foi mesmo no dia 25, e nem deu assim tanto trabalho (encheram-se 2 cubas de 1000 litros, ou quase).
uma vinha muito grande não vale o sacrifício, mas se for para consumo da casa, então é um dia diferente, em que toda a gente ajuda. :) uma espécie de festa da família. espero que para o ano metam mãos à obra! :)
Dificilmente. É que além de estar no fim da lista de prioridades em termos de manutenção e criação de condições (lagar, cubas e restante material, que não temos), a verdade é que não bebemos. Como para vender está fora de questão, parece que o futuro é acabar com a vinha. Vamos florestar.
Mas, a nossa ideia inicial de manter a vinha era exactamente essa, um dia diferente e de festa. Não é possível.
ah, então nesse caso justifica-se. :) pelo dinheiro não compensa – e se ninguém vai beber, não tem piada. eu também não bebo, mas o resto da família “dá conta do recado”.