Tele-marketing

Há empresas que se dedicam a vigarizar as pessoas pelo telefone, oferecendo mundos e fundos aos mais incautos. E depois há as outras, supostamente honestas, que passam a vida a incomodar, invadindo a privacidade, interrompendo o trabalho, o almoço, o jantar e tudo quanto possa ser interrompido. Um “não” bem educado, nunca é aceite.

Hoje foi a Oni. Não vendeu nada, claro. A mim nunca vendem, mas chateiam sempre. Disse-lhe que conhecia a campanha três vezes, que estava informado três vezes, que não estava interessado seis vezes; disse-lhe que estava a invadir a minha privacidade; sem reacção, ou melhor, repetiu pela enésima vez que “deixava de pagar assinatura à PT”; que resta fazer? Teve que levar com a rispidez da ordem. Ainda disse boa-tarde, mas encaro isso como uma ironia. Tardes boas acontecem sempre que esta gente não me telefona.
E noites boas também. Ainda no início desta semana tinha começado a jantar e lá toca o telefone. Era da PT, a querer informar-me dos novos tarifários. Isto admite-se? A PT não era uma empresa decente, antigamente?
Mas, já ouve casos mais graves. No início da Novis, uma telefonista (pomposamente apelidada operadora de tele-marketing) de origem africana, que eu nem com a maior das boas vontades entendia, levou com o não standard, mas pelos vistos também não me entendia a mim. Subscreveu-nos lá no tarifário mais caro que arranjou. Quando as contas começaram a chegar, ainda tive o ónus da prova, que reverti para a Novis, pedindo cópia do contrato que alegadamente assinei, que não existia.
O expoente máximo, foi aqui há uns meses. No mesmo dia, telefonaram a querer vender uma baixela especial de corrida; depois foi a Netcabo a vender internet (irritou-me profundamente porque a internet já é da Netcabo); por fim acho que queriam oferecer não sei o quê no Algarve, ou coisa que o valha. Mas a noite mal tinha começado. Tocam à porta. Lá vou eu. Uma ladaínha indecente, não percebi nada, telecomunicações (Oni, segundo percebi), não estava interessado. Resposta pronta do meliante “Ò amigo, não quer poupar?”. Jesus Cristo, não posso ganhar!
Está em consideração deixarmos de ter telefone. Tornou-se uma inconveniência. Se estas empresas tivessem um pingo de vergonha e algum resquício de ética, nunca recorreriam a este sistema para vender. Há muitas pessoas que não se conseguem defender destes ataques. Pessoas simples, de idade e outras, não têm os sentidos apurados para a constante vigarice que por aí vai. E nas telecomunicações é o salve-se quem puder. Gostava de saber o que mudou para o português médio, a abertura aos privados, que compram à PT barato, para nos venderem caro. Antes havia o preço do “período” que era como comprar um selo postal. Toda a gente sabia quanto custava e quanto ia pagar por um telefonema. No início de cada ano, os preços eram actualizados. E agora?
Agora, se a própria PT precisa de me telefonar para me explicar os novos tarifários, algo está irremediavelmente mal. Há progresso que dispenso.

Deixe um comentário

Mantenha-se no tópico, seja simpático e escreva em português correcto. É permitido algum HTML básico. O seu e-mail não será publicado.

Subscreva este feed de comentários via RSS

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.