O dia começou razoavelmente


Sábado fui com o Miguel, que é o único amigo recorrente a ir comigo ajudar-me a fazer alguma coisa. Além disso, está na construção civil e tem habilidade para tudo. Foi até lá principalmente para ver o que é necessário para arranjar os tanques. O dia começou razoavelmente.

Quando chegamos, andava o Cláudio na tapada a recolher principalmente folhas — algo que lhe ando a dizer há mais de um mês. Estava longe, mas reconheci logo o fastio habitual com que ele agora trabalha. Faz que trabalha. Falta-lhe alegria e vontade não tem nenhuma.
Fui até lá. Entulho e trabalhador andava livremente por cima dos Carvalhos Americanos que eu tinha plantado na última vez. Disse-lhe especificamente para ter cuidado. É chover no molhado. Acho que não partiu nenhum. Pedi-lhe para fazer sete covas e fui com o Miguel tratar dos tanques.
Queria ligar o Tanque 1 (agora a verter copiosamente e à vista desarmada) ao ramal principal. A peça que comprei para o efeito não era aquela — precisava de um casquilho duplo de 2″ e comprei uma união macho de aperto rápido, a indicação do Cláudio. Já devia de saber do que a casa gasta, sou pior que ele.
Segunda tarefa importante, conseguir desapertar os filtros dos tanques, porque estavam tão atulhados que a água não corria. Os tipos da Motocapucho apertaram aquilo de tal maneira que nunca mais ninguém conseguiu desapertar. Desta vez tínhamos uma chave inglesa e dois tubos para servir de alavanca. Mas nem assim. Por esta altura, já eu fervia. O vernáculo, já fluía.
Fomos a casa do Sr. Franklim pedir outra chave, tipo luneta. Como é uma pessoa que tem tudo, podia ser que tivessemos sorte. Azar. Não o encontramos. Seguimos para a casa do Sr. Laureano, que só tinha uma chave de canos. Mas, disse-nos que em Cinfães ainda encontravamos casas abertas onde podíamos comprar uma.
Lá fomos nós para Cinfães a todo o gás. Não havia chaves de luneta, comprei uma chave inglesa descomunal (a porca tem 46mm), 20 cm de rede fina para servir de pré-filtro no interior dos tanques, spray WD40, pregos de aço e um casquilho duplo de 2″.
Entretanto fomos almoçar ao restaurante O Meu Gatinho. Come-se mesmo bem por lá. Tem sempre muito pouca gente, mete impressão três mesas ocupadas, num Sábado. Telefonema do Cláudio, torceu (disse outra palavra que não entendi — seria “troceguei”?) um pé ao ir para casa, bateu com o joelho, blá, blá… Sem comentários. O desfecho já é conhecido.
Voltamos directos para o Tanque 2. A muito custo conseguimos abrir o filto. No Tanque 1, nem pensar. Vou ter que tirá-lo e colocar um novo. Mais uma para a lista da Motocapucho, fora o tempo que perco nestas manobras. Irrita-me isto. É como ter que repetir trabalhos quando não temos backup e um disco duro dá o berro. Contratei aqueles “profissionais” para me fazerem o serviço, mas se eu quiser bem feito, faço eu.
Para ligar o Tanque 1 ao ramal principal foi outra das mais fáceis de dizer que fazer. O declive é muito acentuado e o tubo super-grosso tem de fazer uma espécie de “s”. Vimo-nos lixados. Lá ficou mais ou menos. Dali, rapidamente plantar os Freixos. O tempo escasseava. O fumo do incêndio era por todo o lado. Ouvia-se o crepitar das chamas e as cinzas caíam à nossa volta.
Como previsto o Cláudio não apareceu de tarde. Ainda tive que arrumar a ferramenta que por lá deixou, as luvas, um casaco… Não tenho paciência para isto. Plantamos os Freixos no Lameiro da Gracia e os últimos quatro eram para as sete covas que o Cláudio tinha feito (faltaram três árvores). Fiquei a olhar para a espécie de covas, onde nem árvores micro como aquelas cabiam. Mais vernáculo. Vai ser o reportório todo. É uma tristeza confrangedora. Lá (re)cavamos as covas e colocamos as árvores. Estava a chover ligeiramente.
Regressamos, já passava das 19h30. O incêndio ainda estava forte, mas a perder. O vento parou e a chuva era alguma. Finalmente alguma chuva. O meu fiel computador diz-me que pelo menos até Domingo há chuva. Vamos ver se posso dar um salto ao Sargaçal outra vez esta semana.

Uma resposta para“O dia começou razoavelmente”

  1. Pedro

    O Restaurante é muito bom, comida excelente e a um bom preço. Fui lá duas vezes em Agosto. Talvez vá lá, este fim-de-semana.

  2. jrf

    Estive a pensar que talvez seja o preço que afaste um pouco as pessoas de Cinfães. Para nós é normal, ou bom. Eu paguei 60€, e comemos super-bem.
    Se calhar no próximo fim-de-semana ando por lá.

  3. Ena pá… 60€ por um almoço? Isso é algo que escapa à realidade comum Portuguesa. De resto não te espantes pela fraca afluência, se foi neste último fim de semana suponho que foi mesmo no último fim de semana antes de as pessoas receberem ordenados. Para além do mais é época de Páscoa e normalmente há mais gastos (e também férias para alguns) por agora. Agora a questão é saber se esse restaurante é de classe alta, se está aberto todos os dias ou não, e se existe para turista frequentar e não locais… se for como eu aqui no Porto não faria questão de ir a um restaurante em que pagasse 60€ quando conheço outros onde como tão ou melhor por “apenas” 1/4 do preço… esta história fez-me lembrar o Algarve, pelo menos há uns anos, em que os preços eram para os estrangeiros e não para Portugueses…

  4. Pedro

    60 euros?! Só para uma pessoa? Eu estava com a ideia que fica por uns 20/25 euros por pessoa, já com vinho…
    mais proximo desses valores é o restaurante ao lado do “O meu gatinho” que eu agora nao me recordo do nome.

  5. Cerveira Pinto

    O restaurante ao lado do “O meu gatinho” é o “Rabelo” e em nada lhe fica atrás e talvez seja até algo mais barato… Tenho bastante boa impressão de ambos. Próximo de Cinfães, a caminho do cimo da serra de Montemuro, há ainda o “Solar de Montemuro”, o único restaurante típico da região, onde se come também muito bem (posta arouquesa e bacalhau assado na brasa). tem o “inconveniente” de ser muito afamado e estar invariavelmente superlotado ao fim de semana.

  6. jrf

    Na próxima vez que for ao “O Meu Gatinho”, vou ser banido! Não só me enganei no preço, provocando a estupefacção generalizada, como escrevi um comentário logo uns minutos depois do Zé, que por qualquer motivo não foi publicado.
    A conta foi 30,20€ para duas pessoas — só uma bebeu vinho, só uma comeu sobremesa. Mentalmente transformo isso em 6.000$00, posteriormente por qualquer motivo, volto a tranformar em euros, mas em 60€. Desculpem a confusão.
    Quanto ao “Solar de Montemuro”, confirmo que é espectacular. Realmente ao fim-de-semana, mais vale marcar mesa.
    Tenho de conferir o “Rabelo”, que nunca visitei.

  7. Ahhhhhhhhhh! 30,20€ já é mais razoável… ;) 60€, mesmo sabendo que era para duas pessoas, soava-me a exagero. Fez-me lembrar que em Portugal a gula comercial costuma ser um problema e das duas uma, ou se morre dela, ou eventualmente apanha-se uma indigestão e tem de se fazer dieta. Como se sabe a restauração foi sempre considerada como uma espécie de galinha dos ovos de ouro por aqui e somos o País, pelo menos a nível europeu, que mais estabelecimentos desse tipo tem por habitantes… em consequência disso e doutras coisas está, pelo menos, anunciada a crise no sector. A 60€ por almoço era mesmo estar a pedir por ela… ;)

  8. Pedro

    ahhhh
    estava a achar estranho. mesmo assim ficou por menos do que eu achava. :-)

    Depois de tantos elogios ao Solar de Montemuro, lá terei de marcar mesa para o almoço de Sábado :-)

  9. bernardete campos

    por falar solar montemuro! so posso dizer que é espectacular. adoro

  10. hugo cardoso

    solar do montemuro é espectacular. Os donos são pessoas espectaculares…
    A comida ainda melhor, e a paisagem têm que ver!!!!

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