Perdi alguma coisa…


A última vez que fui ao Sargaçal foi há pouco mais de uma semana. Que diferença! As plantas só estavam à espera de um bocadinho de tempo quente e de chuva para resplandecerem. Tudo verde, as cerejeiras floridas, todas as árvores com novos rebentos. Que beleza. A sensação que tive foi que perdi algo importante. Estes dias devem ter tido incríveis.

Fui a Cinfães para uma escritura. Com o Sr. Cristóvão. Não é propriamente a minha ideia de manhã bem passada. A conversa do senhor não me interessa rigorosamente nada; de nada. Entrei no notário exactamente às 10h30, a hora do importante acontecimento. Fiquei todo satisfeito, não há inglês que tivesse feito melhor. Pena que os registos na Conservatória Predial tinham caducado, lá fui eu renová-los. Dois minutos, duas linhas escritas em dois papéis e aí vão 41 euros. Vivemos num país onde o Estado é ladrão, tão simples quanto isso. Não é pessoa de bem.
Bem, lá se fez a escritura. Faltou outro papel, relaccionado com o IMT que paguei (outro imposto, claro — o novo nome do SISA) há meses. Era um papel que devia estar com o Sr. Cristóvão (que negou, evidentemente). A notária facilitou, senão estava a ver que desesperava.
Fiquei a saber que ela está de saída para Paredes. O cartório de Cinfães vai passar a ser privado. Vai do Porto para Cinfães todos os dias. Ainda eu me queixo da viagem, às vezes!
Fui almoçar e arranquei para a plantação de árvores. Tinha os Áceres no jipe altamente desanimados, para não dizer murchos. Saí já de noite, eram 21h00.
No segundo dia, acordei completamente desorientado. Tomei o pequeno almoço à pressa e lá fui eu para o notário para recolher a cópia da escritura. Afinal eram 9h00, estava a abrir e fui o primeiro. Pensava que eram 11h00! Que alívio. Dali, para Conservatória do Registo Predial — mais umas centenas de euros. Isto deve ser o melhor negócio do Estado. Que ladroeira escandalosa. Saí dali escandalizado, directo para as finanças a preparar-me para ficar pobre. Ironicamente, nas finanças não paguei nada.
No terreno, tirei uma pobres fotos, desentupi os filtros dos tanques (há um que não consigo abrir outra vez!), recolhi as coberturas dos citrinos, recolhi lixo (parece nunca acabar), plantei as últimas árvores e ainda se preparou o terreno para semear a batatada. Para não variar saí de noite. Foi um dia um bocado longo. Jantei às 23h30.
Durante estes dois dias, dediquei-me a dar cabo da cabeça ao Cláudio, de forma mais clara que o costume. “Pregar” como ele diz. Não sei porquê, senti-me o Santo António e o Cláudio volta e meia parecia-me um peixe, que por ali andava, a nadar de um lado para o outro.

A tocar no iTunes: Standing In the Rain do álbum “The Living End” Hüsker Dü (Classificação: 4)

Uma resposta para“Perdi alguma coisa…”

  1. armando

    Fabuloso as árvores em flôr. A dos pessegueiros e dos marmeleiros são as mais belas.
    Não tarda nada temos o delicioso aroma dos citrinos …

  2. jrf

    As que se vêem aqui são cerejeiras, na sua maior parte. Os pessegueiros também estão em flôr, os seis marmeleiros ainda não estavam.

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