Mais um Sábado


No Sábado, ainda não tinha saído de casa e já o telemóvel tinha uma mensagem do Cláudio a avisar que só ia de tarde.

Fui directo a casa da D. Arnalda e Sr. Elias, tinha um bolo que a Susana fez para lhes dar. Azar nítido, não estava ninguém. Enquanto dava a volta apareceu o Sr. Américo…
Primeiro a perguntar se o Cláudio andava para mim. Pelos vistos na Sexta pediu-lhe para ir no Sábado. Nem para mim, nem para ele. Depois, se tinha assinado um acordo com o Sr. Cristóvão sobre a nascente de baixo (cuja metade da água pertence ao sogro). Estava interessado na outra metade, dando-me um terreno (que tem os pinheiros enormes que aparecem em muitas fotografias) e algum dinheiro, não muito. Estou a pensar seriamente no assunto. Cobiço aqueles dois pinheiros e era menos uma “ilha” no Sargaçal. A água está nos últimos metros do terreno e vai toda para ele de qualquer modo.
No espírito, digamos, do local, lá me foi dizendo que o Sr. Cristóvão voltou a afirmar que não nos dá passagem (no estradão) para os terrenos que compramos posteriormente. Já tinha falado neste assunto, mas em duas palavras, o que essa figura diz é que não podemos passar do nosso terreno para o nosso terreno — uma idiotice inexplicável. O problema é que, como não tem que fazer, dedica-se a infernizar a vida dos outros. Na galeria dos trafulhas que já nos apareceram à frente, este está a revelar-se dos piores. Quando compramos, subia-se de carro facilmente; agora subo de jipe; a continuar assim um dia destes tenho que comprar um Unimog. Queria ver se evitava chegar a esse ponto, mas com a figurinha não dá para recuar e ainda menos “dar a outra face” — apanha-se logo outro lapadão. Isso foi chão que deu uvas.
Lá subi, tratei de dar uma volta e tirar umas fotografias. As flores silvestres são demais. A plantação de batatas está muito boa. Com melhor aspecto que a do ano passado, agora espero que dê batatas. É uma área enorme. Também já há batateiras em pleno desenvolvimento, fruto de batatas que ficaram na terra o ano passado. Daqui a quinze dias tenho micro-batatas novas.
Para o dia só tinha planeado recolher arames dos bardos, antes que a erva cresça demasiado e eles fiquem lá para o meio; também começar o tratamento das silvas com Garlon, pois as que foram cortadas já se estão a desenvolver alarvemente.
Continua a ser um dilema isto do Garlon, sou mesmo obrigado a usar. Deve ser só este ano, até dominar o silvado, depois espero manter a invasão sob controlo. Por outro lado, contra o que pensei inicialmente, sou bem capaz de estabelecer sebes de silvas na periferia. Cada vez me parecem mais eficazes contra homens e animais. Pelo menos, sempre que lido com silvas chego a casa todo arranhado, nos braços, nas pernas e às vezes na cara. E como bónus temos amoras silvestres. Como contra temos a enorme vigilância e esforço necessário para manter a sebe no lugar — e não pelo terreno todo! É um caso a pensar, sem dúvida.
No almoço fui entregar o bolo. Ouvi o barulhento veículo do Sr. Laureano a passar (um motocultivador) e resolvi ir a casa dele para almoçar (com almoço na mochila, antes que alguém pense que sou penetra). Estivemos a conversar, entre outras coisas, sobre os químicos. Como toda a gente por lá, ele usa-os fortemente, desde herbicidas e pesticidas, a adubos sintéticos, que tinha andado a pôr nas nogueiras e cerejeiras. Tenho de dar o exemplo e mais do que isso, tenho de colher alguma coisa. O Garlon, estraga-me os argumentos — “faz muito bem”, diz ele — “em pequenas quantidades não faz mal nenhum”.
De tarde continuei no mesmo, o ajudante não apareceu. O dia até correu bastante bem, fiz tudo o que queria. Uns amigos de Cascais iam passar por lá ao fim da tarde e eu queria estar pronto para ir jantar com eles. Tratei de cortar umas couves lombardas e umas nabiças. Esta semana já comemos uma potente sopa com couve lombarda. O que mais me dá prazer é ver a Luisa e o Pedro a comerem a sopa com os vegetais de lá. São os únicos que tenho a certeza que estão sem produtos químicos.
Agora que penso nisso, tudo o que lá cresceu foi sem químicos. Além do escaravelho da batateira, não notei mais nenhum ataque grave. Nas couves, vê-se uns pequenos e poucos furos, mas nada que atrapalhe. Não há caracóis e lesmas aos montes, por exemplo.
Vou continuar amanhã, com mais dois ou três assuntos. Este post já está a ficar muito grande.

A tocar no iTunes: Chemical Wedding do álbum “Retreat From Memphis” Mekons (Classificação: 4)

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