Trabalhar à portuguesa (1)
Mais um pequeno “fait divers”, mas é impossível resistir. No dia 15 deste mês fui confrontado com um pequeno trabalho, para a Câmara Municipal de Lisboa. O prazo era “hoje” (quero dizer, o próprio dia). Na linguagem comum destas andanças, “urgente”, cuja tradução é “está atrasado”. Pois bem, não podia ser, solicitei um prazo até Segunda-feira (dia 18) e trabalharia no fim-de-semana (o que neste Mundo pós-25 de Abril, acho que é pecado), era do meu interesse.
Na Segunda, depositei os ficheiros num serviço óptimo que é o Dropload. É grátis e muito eficaz nestas transferências de ficheiros grandes, também evita congestionar o e-mail. Há o prazo de uma semana para o ficheiro ser apagado automaticamente. O destinatário recebe uma mensagem com essas instruções. Descansei.
Pois bem, hoje, passados 14 dias, telefonam-me a dizer que deixaram passar o prazo de recolha dos ficheiros, se eu os enviava outra vez. É frustrante trabalhar neste país ou quê? Trata-se de um anúncio para uma publicação que já dia 15 estaria atrasada (daí a “urgência”).
Nunca pensei tanto em sair do país como nos últimos anos. Já aqui tinha dito que se fosse para ir embora, já tinha ido há muito tempo. Agora é um bocado tarde, “vou andar por aí”. Gosto muito de Portugal. Foi com muita pena que observei a mediocridade, na melhor das hipóteses “o bom quanto baste”, instalar-se. Este é o modo de trabalhar generalizado (com honrosas excepções, das quais também tenho conhecimento) e ao contrário do que se pensa, não é só na função pública.
Uma resposta para“Trabalhar à portuguesa (1)”
Também tenho pensado seriamente em emigrar, depois de há anos ter tido a chance de, de alguma maneira, fazer carreira lá fora. Já estou cheio de cenas similares à tua me acontecerem, com imenso prejuízo para mim. Aliás, nestes dias e até ao início da próxima semana ando num relativo stress motivado exactamente por mais uma cena. E não, essas coisas não são só na e da função pública. Aliás, ainda são piores em sectores privados, quando “admitidas”…