Três dias, das nove às nove


36 horas no total. Deu para fazer bastantes coisas. O primeiro dia foi a moer o Cláudio fortemente. Não foi de manhã “porque doía a barriga” e de tarde também não ia. Ouviu das que não quis. Arrependido, apareceu às 16h00. Tem bom fundo o rapaz. E bom coração. Mesmo assim, ouviu até às 21h, só por via das dúvidas.

Na Terça, fui a casa do Sr. Alcino já eram 21h30. Como não sabia onde era, fui a um café perguntar. Reconheci logo o primeiro personagem que me apareceu à frente, altamente ébrio, que me indicou qual a casa que eu procurava.
Queria que a esposa, a D. Fernanda, me fosse lá regularmente tratar da horta. Já tinha sido ela a tratar da batatada. Ele já estava na cama. Mesmo assim, conseguiu berrar umas piadas lá de dentro. O Sr. Alcino é demais — o problema é que no trabalho é igual. Combinamos para Quarta de manhã, para feijão, abóboras (várias qualidades), melancias e ervilhas. Tinha ido a casa do Sr. Laureano buscar umas sementes de abóbora e a mãe dele encheu-me se sementes de tudo em quantidade extra. Agora tenho o que sobrou no jipe, para devolver. Também deu milho “para o arejo”. Supostamente, afasta o míldio das outras culturas. Bom, tem lógica (não sei qual), uma das regras da agricultura biológica é a mistura de culturas, mas achei piada porque é uma coisa do antigamente. Uma pequena prova que este tipo de horticultura mais do inventar, recupera antigos conhecimentos.
Quando saí da casa do Sr. Alcino, ainda consegui ver o personagem avinhado a entrar para o carro. Abanei a cabeça desconsolado.
Consegui atulhar o que faltava do tubo (uns 20 metros) que já me metiam impressão. Estava farto de tropeçar naqueles buracos; também dei a última dose de Garlon — finalmente vejo a silveira controlada; meti as mangueiras em dois enroladores que lá tenho, é difícil porque têm 50 metros; limpamos a borda da Leira Grande e também a imediatamente a seguir; queimamos esses detritos; recolhemos mais arames dos bardos e postes também, que arrumamos; colhemos laranjas, couves e batatas — não as que plantamos, mas outras que nasceram para lá que sobraram do ano passado e até mais antigas; semearam-se os vegetais; em resumo não se parou.
Também estive a estudar a melhor maneira de meter o tubo no “caminho romano” (desconfio que de romano terá pouco), para a água que nos enche os tanques deixar de passar nas terras do Sr. Cristóvão. Isso e consertar os tanques são as minhas tarefas urgentes para os próximos tempos. O problema é que o Sr. José Fernando vai para a apanha da cereja e desaparece durante seis semanas ou mais. Só isso já me deixa pressionado.
Na Quarta, fui à Segurança Social entregar uma papelada a pedido do Cláudio. Era para uns cursos, ou coisa que o valha. E já iam atrasados, logicamente, à boa maneira da nação. Hoje, diz-me que no Centro de Emprego, lhe arranjaram trabalho a pintar paragens de autocarro e a limpar as bermas das estradas. É um contrato de seis meses. Oxalá resulte, mas estou a achar muito, cinco dias por semana, durante seis longos meses. Espero estar enganado.

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