Incertezas

De certa forma atendendo que vivemos envoltos em incerteza, que as exigências da opinião pública são tão limitadas noutros ramos da ciência e até há uma aceitação faceira da pseudo-ciência pergunto-me porquê este ataque à climatologia. A resposta encontra-se rapidamente: enquanto os outros ramos da ciência dão soluções, a climatologia coloca um problema. Pede que as pessoas tomem medidas que lhes estraga o conforto. Ninguém pergunta ao médico a incerteza de um medicamento. Existe incerteza e até existem tragédias. As análises, ecografias, mamografias, tudo tem incerteza associado, mas não se descarta o conhecimento que estes métodos trazem pelos casos em que não funciona. Tenta-se estudar a melhor maneira de diminuir a incerteza. Depois há o ridículo dos cremes para as rugas ou a celulite; o facto dos jogos de azar não estarem em declínio ainda que as probabilidades são elevadas contra o jogador. Ninguém deixa de ler sondagens nos jornais e comentar alegremente, prever, aconselhar. Ninguém deixa de tirar conclusões dos Censos. A incerteza na vida, na nossa sociedade, na ciência é uma constante. Não é que pense que não seja essencial que esta informação seja comunicada e avaliada, o melhor possível. Contudo, que se adopte a postura da inércia porque há incerteza é aberrante. Actualmente, na área da climatologia, as certezas que a incerteza permite pedem precaução.

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