Construção em altura


Santiago Calatrava, está a tornar-se um dos nossos arquitectos preferidos, na vertente “arquitectura espectáculo”. Isto a propósito dos escandalosamente caros apartamentos “80th South Street” em Nova Iorque e também o incrível “Turning Torso“, em Malmö, na Suécia.

Está construido na área de Øresund e ponte de Øresund, em tempos zona industrial desolada, hoje uma das mais bonitas da cidade. O “Turning Torso”, são 190 metros de altura e pura genialidade arquitectónica.
Na periferia deste prédio, o máximo que se vê são edificações de oito andares. O que me faz pensar na questão da construção em altura. O que será melhor, 13 ou 14 blocos de apartamentos, de quatro andares, uns em cima dos outros, num determinado lote de terreno, ou um prédio de 54 andares nesse mesmo lote, com uma área de implantação muito menor?
Estou em crer, que em face da evidencia de praticamente toda a gente querer viver amontoada nas cidades, a qualidade de vida dos cidadão aumentaria muito, com a construção criteriosa em altura e paisagismo de qualidade nas zonas envolventes desse modo libertas do cimento.
Muito para além de Siza Vieira, Souto Moura e os outros notáveis, temos dos melhores arquitectos do Mundo. É uma área onde somos bons. Começa na educação e continua posteriormente no exercício da profissão. Há inegável qualidade, que infelizmente, não se vislumbra no dia a dia. É mais um dos mistérios da destruição de Portugal pelo cimento. Os planos directores, até ver, serviram apenas para serem alterados ao sabor dos interesses mais mesquinhos e, acima de tudo, absolutamente sem gosto nenhum.
Acho que a construção em altura, se for criteriosa, emblemática e deste nível, é de considerar seriamente. Estes edifícios tornam-se símbolos. Claro que são símbolos caros, este por exemplo, custou o mesmo que custariam 1000 apartamentos normais na Suécia. Mas as romarias de turistas começaram na construção e intensificam-se cada dia que passa.
Valência, cidade natal de Calatrava, quer construir quatro prédios semelhantes ao “Turning Torso”, o mais alto dos quais com 280 metros.
Não me importava de ver por cá este tipo de construção. Se fosse seguindo princípios de arquitectura sustentável e até auto-suficiência, seria o melhor de dois mundos, ouro sobre azul.

A imagem é do site professioneArchitetto.it.

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