Campanha RespirAR
Volta e meia na minha vida, cruzo-me com situações que sinceramente dispensava. Hoje na Exponor tive a infelicidade de ficar a conhecer a campanha RespirAR — promovida pela Federação dos Produtores Florestais de Portugal e como se depreende trata-se de uma campanha de cariz ambiental a favor da floresta.
Vista por mim, parece uma campanha de desperdício de recursos e se fossem recursos exclusivamente privados seria apenas menos mau. O Ministério da Agricultura, INGA e IFADAP dão o seu apoio.
Aquilo é um camião ao estilo americano de um tamanho que raramente se vê em Portugal e mais apropriado para o filme “Convoy – O Comboio dos Duros” do que para uma campanha ambiental.
O papel, couché como manda o figurino (as cores morrem tanto no reciclado…), pintado com umas inanidades de meter dó — “adquira uma mangueira e verifique que não tem fugas de água” –, que cabiam num terço do papel.
O outro folheto, ainda pior que o primeiro, é ao estilo poster e no verso temos o ambientalmente inevitável “Sabia Que…”. Pois bem, sabiam que “26 tempestades receberam nome, obrigando a que fossem utilizadas letras do alfabeto e que 14 delas deslas (sic) tornaram-se furacões”? É que nem no contexto faria sentido. Uma pobreza em tudo menos no papel, com 1/4 do gasto imprimia aquilo tudo e ainda me sobrava espaço.
Canetas de plástico com a palavra “RespirAR” e os orgulhosos logotipos das entidades promotoras… Lembrei-me logo das canetas que recebi da Favini, feitas com milho, há uns 12 anos.
Toda a conversa é o lado “lúdico”, o impacto do camião, etc, etc. Chamamos a atenção para o papel que podia ser reciclado e o animador, não perdendo a compostura, acedeu que realmente falharam nesse pequeno pormenor. Claro que retorqui logo — “felizmente fazem-se transportar num camião eléctrico e nada poluente, nesse aspecto estão de parabéns e é genial porque a campanha chama-se RespirAR”. Sorriso amarelo.
Sou mesmo persona non grata, digo piadinhas e ainda peço uma caneta (foi para me documentar convenientemente para mais esta diatribe). O marketing é como a junça, também nunca me desilude.
Uma resposta para“Campanha RespirAR”
E este marketing verde parece mesmo junça! Até as coisas começarem a ficar mais negras vai ser só disto.
É com muito desagrado que leio textos destes! É esta a chamada “crítica construtiva”??!!
Também eu estive presente na Exponor e também eu estive no camião da campanha respirAR! É pena que apenas aborde os aspectos negativos e não consiga ver mais longe o impacto que este tipo de campanhas/projectos podem ter na educação das crianças e até mesmo da população em geral!
Os meus filhos (6 e 9 anos) tiveram a sorte de poder assistir a uma apresentação feita por uma animadora, cujo trabalho é de louvar. Nessa mesma tarde ouvi os meus filhos na conversa com uns amigos, dizendo-lhes que a floresta era muito importante e que deviamos todos a proteger!
Penso que apesar de um ou outro aspecto menos bem pensado este tipo de acções podem permitir a mudança de consciências neste país! (que bem falta faz!!!)
Está no seu pleno direito.
Não sei. É?
Se deixassem de usar o camião gigante, tratassem dos folhetos e acabassem com os brindes de plástico, acho que seria.
Eu já vi o suficiente para não embarcar em campanhas de delapidamento de dinheiro. Agora tudo é verde, o camião é verde, os folhetos são verdes e de verde não têm nada além da côr.
Se os seus filhos aprenderam alguma coisa, nada a dizer. Óptimo.
Os meus, esses conceitos simples aprendem em casa, a custo zero para o ambiente e para o erário público.
Aquele dinheiro, gasto em jipes Land Rover e sapadores florestais, era bem melhor empregue, mas não dava para brindes, não era “mediático”, como hoje se diz.
Relativamente a focar neste ou aquele aspecto, foi o que vi. Não assisti às apresentações que eventualmente estão geniais. Mas também lhe digo, se é com estas campanhas que espera mudar consciências, dou-lhe os parabéns pelo optimismo.