Preparar o largo
Fui até ao Sargaçal. Bom tempo, não demasiado quente. No Sábado vamos fazer um pic-nic e fui preparar o local. Como vão uma série de pessoas com a idade já um pouco avançada, o meu pai diz que junto ao palheiro é impraticável — demasiados altos e baixos. Ficou para o largo, está razoavelmente plano, tem árvores e sombra, também está perto da levada e quem quiser pode ir para perto do palheiro, local mais agradável.
Só havia um pequeno detalhe, o largo estava ocupado com detritos vegetais, alguns com mais de três anos e que eu a certa altura tive esperança que desaparecessem sozinhos. Assim sendo, ou os mudava de sítio ou, queimava. Compreensivelmente não é permitido queimar nesta altura do ano, mas olhei em volta e está tudo verde (o castanho da foto é erva que foi cortada). Fui buscar uma mangueira e aos poucos, comecei a queimar aquilo tudo. E outro tanto que lá andava noutros locais em volta, também com mais de três anos, ainda das primeiras limpezas.
Já há uns tempos não tinha um dia assim, fiquei todo arranhado com as silvas velhas. Como não contava andar no meio das silvas, fui de calças de fato de treino. Também fiquei completamente cansado, saí quase às 21h30 para jantar na associação. Claro que fui o último. Depois fomos até Valverde, estava fresco.
Com esta história, ainda recuperei um monte de lenha viável que posteriormente cortarei para a salamandra. É o que está à esquerda na fotografia do “depois” e ainda mais alguma que não se vê. Por curiosidade, foi a primeira fotografia que tirei com ISO 1800.
O Cláudio foi com o irmão. Ele andou a cortar e o Daniel a recolher aquela erva toda em montes para compostar. Reparei que a roçadeira não está a render nada, é só gastar gasolina e pouco corta. Ou se usa o material adequado para a tarefa, ou então é enganar o ceguinho.
Quando eles chegaram de tarde, levaram o cão — só serviu para me incomodar. Manco, com as orelhas em sangue e um aspecto miserável. Não foi difícil ver porque mancava, as unhas estam tão grandes que já o impedem de andar.
Disse-lhes que tinham de tratar do cão — mas já lá tinha ido o veterinário e isso custa um dia de trabalho. Indicou betadine em bisnaga para as orelhas, mas também custa dinheiro. Resumindo, amanhã vou levar o betadine e uma tesoura para as unhas (própria).
Notei um encolher de ombros relativamente ao animal. É sabido que por ali, os animais de estimação(?) estão muito longe de ser prioridades, mas o Cláudio sempre foi sensível ao sofrimento dos bichos. Acho que está a perder o que lhe restava de ilusões e a entrar definitivamente na vida adulta.
Uma resposta para“Preparar o largo”
Coitado do cão…
Tratar bem dos animais que nos rodeiam é sinal de inteligência!…
Já Gandi dizia que se conhece um povo civilizado pela maneira como são tratados os seus animais…
Trata lá do pobre bicho…
Conheço bem essa frase e Portugal ainda anda na idade da pedra lascada nesse e em muitos outros aspectos.
Eu não preciso de ir para o campo para ver animais desgraçados, aliás, basta nem sair daqui da rua — embora aqui na cidade, muitas pessoas incluindo nós, os ajudem.
A questão da inteligência, ao Cláudio não se aplica. Eles vivem mesmo com muitas dificuldades — a vários níveis e inimagináveis para muito boa gente. Os cães não são mesmo prioridade, nem têm hipótese de o ser.
Têm de estar presos a maior parte do tempo, porque não falta quem os envenene ou os abata com um tiro à primeira asneira canídea mais comezinha. Não eram os primeiros e não seriam certamente os últimos. De notar que neste momento têm três cães e todos deambulavam pelas ruas, abandonados.
Esta questão dos animais é de longe a que mais me incomoda nesta história de ir para o campo. Basta chegar ao Marco de Canavezes para começar a ver animais desgraçados — deve ser a capital do abandono animal. Para Cinfães, a situação não é muito melhor e como em todo o lado agudiza-se nas férias e no fim da época de caça. Os caçadores, esses grandes amigos da natureza e dos animais, não bastando o mal que causam ainda abandonam os cães à sua sorte e muitos acabam em Cinfães, incluindo à porta do restaurante O Meu Gatinho.
É uma situação que não explica e muito menos se resolve em duas ou três linhas de texto. Para mim, está profundamente relacionada com o relacionamento do Homem com o que o rodeia, no sentido lato.
PS: Não sou eu que vou tratar do bicho, já comprei e levei o betadine, não encontrei a tesoura. Espero levá-la para a semana. Muito mais, não dá para fazer.