Desde Julho de 2003
Este blogue tem a vantagem de me ensinar bastante sobre uma série de assuntos. Um desses assuntos é o ambiente e a sua componente faça você mesmo, que para mim é das mais importantes. Falar dos assuntos em primeira mão, não só porque se leu num livro, viu na televisão, ou saber por um amigo de um amigo. Apesar de algumas idiossincrasias, somos uma família média bastante típica, o pouco que fazemos pelo ambiente e as alterações que fomos introduzindo no nosso dia a dia, está ao alcance de praticamente qualquer família. Tudo acaba também por se reflectir nos nossos gastos ao fim do mês (uns menos, outros um pouco mais).
Plantamos 508 árvores (muitas morreram).
Instalamos uma salamandra que funciona com a nossa própria lenha colhida sustentavelmente.
Instalamos energia solar térmica.
Ligamos a máquina de lavar louça à torneira de água quente.
Passamos a usar parcialmente detergentes Ecover. Estamos em experiências com as nozes de sabão.
Compostamos todos os detritos orgânicos que produzimos.
Cultivamos alguns dos alimentos que consumimos.
Consumimos parcialmente alimentos provenientes de agricultura biológica, incluindo pequenos produtores.
Deixamos de consumir água engarrafada (meia dúzia de excepções no ano).
Separamos o lixo todo, se não fossem ainda as fraldas, praticamente não colocaríamos lixo à porta.
Reutilizamos todos os sacos de plástico e levamos sacos reutilizáveis para as lojas.
Reutilizamos o verso do papel já impresso (desde sempre) e agora só imprimimos em “última instância”.
Tirando a mija matinal, deixei de usar a sanita para urinar, faço directamente no composto (esta achei que deviam saber, é um conselho do John Seymour), poupo e deixo de poluir litros e litros de água.
Regamos menos o jardim (este Verão ainda não reguei, só os vasos).
Metade das minhas deslocações ao Porto (da Senhora da Hora) são de metro.
Evitamos andar de avião (apenas eu, uma ida a França).
Usamos extensões eléctricas com interruptor para eliminar cargas fantasmas.
Temos mais atenção às luzes acesas e aparelhos eléctricos a funcionar sem necessidade.
Instalamos um frigorífico combinado classe A+.
Usamos os electrodomésticos “consumidores” nas horas de vazio (com contador bi-horário).
Uma resposta para“Desde Julho de 2003”
Espero bem, pela sua saude, que ande a mijar bem longe da horta onde cultiva os alimentos que produz…
E muito cuidade nas ideias “new age” de reciclagem de agua para rega de plantas para consumo humano. Pessoalmente sou frontalmente contra. Alias, se tem uma horta mesmo a rega de plantas puramente ornamentais deveria ser com agua potavel para evitar possiveis contaminacoes cruzadas.
É bem longe — já agora quantos metros aconselha de segurança? Mas o composto depois vai para a terra… Se calhar o melhor era incinerar.
Já que fala nisso, o melhor era comermos pastilhas, como nos filmes futuristas dos anos 50.
Razão tem o príncipe Carlos quando fala contra a sociedade anti-séptica em que vivemos.
Reciclagem de água, que água? A única coisa que conheço é a utilização de água residual cinzenta para rega. Qual é o mal de regar com a água do banho ou de lavar louça?
Se fosse a si, começava urgentemente a cultivar os seus próprios alimentos. Com essas ideias todas e esses standards, pessoalmente não confiava em mais nada — e sabe Deus como já confio pouco.
1 – O processo de compostagem se bem efectuado (cerca de 60 a 70 Graus no centro por algumas horas) e suficiente para tornar para tornar os residuos seguros para utilizacao agricola.
2 – Quantos metros? Boa pergunta. Terei de pesquisar isso que assim de repente nao sei. A resposta nao especifica seria o suficiente para nao contaminar as areas de onde as plantas se nutrem. Isso dependera de planta para planta e das proprias caracteristicas do solo.
3 – Qual e o mal de regar com agua de banho ou da louca? Essa e boa… porque e que voce se lava ou lava a loica? Porque e que voce diz que as lavagens poluem litros e litros de agua? Entao voce lava as maos com agua potavel para descontaminar as maos e depois vai regar as suas plantas com agua que usou para descontaminar as maos? Onde se le maos leia-se louca, corpo, etc…
4 – O principe Carlos e um toto ignorante em geral na maioria dos dias da sua vida e particularmente estupido se de facto anda a regurgitar bacoradas desse calibre.
5 – Estas ideias todas e standards sao os minimos enforcados pela Comissao Europeia. O JRF precisa de ler menos citacoes do Carlos e mais citacoes da EFSA. Nao sabe o que e a EFSA? O google e um bom ponto de partida…
Grande Lowlander! A continuar assim vai-me fazer ter saudades dos cépticos. Agora que regressou, sinto que vamos passar grandes momentos juntos, neste blogue. Isto é, se não o expulsar antes :) .
Só umas pequenas notas…
2- Aquilo dos metros era só a pegar… Ou quer mesmo dizer os metros? — diga lá os metros! Não quero contaminar nada com meia-dúzia de mijas inócuas.
4 – Gosto mais do príncipe Carlos do que da UE.
3- Já só o estou a imaginar dentro da tenda de oxigénio, junto com o Michael Jackson. É que nem consigo evitar.
1- Veja lá.
5 – Essa comissão europeia é a mesma que não deixa o queijo ser curtido ao sol? E que não deixa vender sementes ditas “tradicionais”? Hmmm… Não gosto, antes beber a água do banho (do meu claro, se tomasse banho na banheira).
Descontaminar as mãos? Onde vive o tempo já é pós-holocausto nuclear? Por aqui o Sol ainda brilha e as minhas mãos andam razoavelmente limpas. Depois de andar no quintal, a água sai encardida, mas de forma alguma teria problemas em regar as plantas com ela.
Ah, agora que falo nisso, sabe que as plantas crescem na terra, ou não? Por aí, já só crescem em soluções esterilizadas?
Até fico maluco.
Esta aprendeu comigo… Bons tempos em que apaparicava os leitores com os seus links.
Caro JRF,
5 – Essa Comissao Europeia e a mesma que obrigou o pais onde vive a acabar com as lixeiras a ceu aberto.
2 – JRF, nao sei como lhe dizer sem largar uma asneirada… mas os esgotos especialmente humanos sao tudo menos inoquos. Mais uma vez aconselho uma pesquisa pelo google para ver os motivos por tras da construcao de servicos de sanidade basica nas cidades e o porque dos esforcos para manter os residuos nao tratados da cadeia alimentar.
4 – O JRF tem gostos duvidosos… qualquer dia ainda acaba a achar-me simpatico…
“Descontaminar as mãos? Onde vive o tempo já é pós-holocausto nuclear? Por aqui o Sol ainda brilha e as minhas mãos andam razoavelmente limpas.”
Outras pesquisas para o google: Microbiologia alimentar; contaminacao cruzada; hand-borne disease.
“Ah, agora que falo nisso, sabe que as plantas crescem na terra, ou não? Por aí, já só crescem em soluções esterilizadas?”
As populacoes microbianas dos solos e plantas sao completamente diferentes das populacoes associadas a animais. Regra geral as plantas nao sao afectadas de forma nefasta quando expostas a micro-flora animal mas tambem nao trabalham activamente para a eliminar (evolutivamente nunca necessitaram de criar tais mecanismos de defesa). Podem servir e servem de vectores (nao amplificadores) de alguns patogenos animais. O que anda sempre mais na boca do povo e salmonela, mas outros, e mais chatos.
“Esta aprendeu comigo…”
Sim mas nao foi a melhor. A melhor coisa que alguma vez tirei deste blogue e nao problemas alguns em dizer foi o primeiro contacto com o melhor blogue de ciencia climatica, o realclimate.
E isso JRF, fa-lo inteiramente merecedor da muito escassa paciencia inata que possuo.
Já não me lembro bem, mas acho que o mérito é da Gabriela. Mas o melhor daqui foi outro blogue… Acho que não me inchou o ego…
Nem tudo é mau.
Olhe uma coisa, sou todo a favor da higiene, cresci numa casa onde isso era levado ao exagero (a minha mãe diz que não), mas nem tanto ao mar nem tanto à terra.
Até esta sua intervenção, julgava (e ainda julgo por acaso) que o grande problema dos esgotos humanos é na água. Águas negras e cinzentas.
Das piores soluções (embora compreenda à luz da história) foi usar os cursos de água como esgotos, os rios, lagos e mares como depósitos de porcaria.
Para mim tudo o que evite ou diminua essa poluição é positivo. Sem comprometer a saúde, óbvio, mas comprometida já a saúde está com o actual estado de coisas. Chega-se ao ponto de fazer “barragens” para a bosta não fluir em dia de análise à água. Hoje em dia há soluções tecnológicas simples mas eficazes que permitem tratar tudo localmente e cada um devia ser responsável pelo seus dejetos.
Não me venha com essa história das águas cinzentas. O pior que podem conter são fosfatos e outros químicos dos detergentes que ainda os usam — não é suposto acabarem com bactérias? São adequadas para usar na rega — de campos de golfe, por exemplo.
Não comprou o livro (e site) que divulguei aqui em 2005? Liquid Gold? Pensei que junto ao Real Climate tinha sido das melhores coisinhas que aqui tinha encontrado.
Olá,
Obrigada pela partilha. É bom encontrar quem pense na sustentabilidade!
Deixo mais quatro sugestões para a sua lista (cá em casa 9 items da sua lista são aplicados):
– temos tarifa bi-horária e por isso, usamos as máquinas da loiça e roupa e o forno eléctrico nas horas de vazio;
– temos dois reservatórios de cerca de 200 l cada um para recuperação da água da chuva que cai nos telhados. Usamos para regar vasos e a pequena horta, lavagens de pavimentos e de ferramentas de jardim e horta.
– recupero a água da lavagem de legumes e saladas para regar as plantas de interior e da varanda ;
– levo sempre os meus sacos de pano e cestos para as compras no mercado e outros sitios. Recuso a maior parte das vezes os sacos quando vou às compras. Há dois anos atrás ainda ficavam a olhar para mim mas agora dizem: pois para não poluir o ambiente, não é??
Zé V.
Obrigado pela lista, afinal ainda posso acrescentar já à nossa:
Também temos tarifa bi-horária, usamos as máquinas nas horas de vazio (não o forno).
Tenho um reservatório (é um simples bidão azul) no quintal que recolhe água da chuva. Mas não acho significativo, é pouca água.
Também levamos sacos e a susana leva um carrinho de compras com rodas quando as comprar são aqui à volta (até ao Lidl). Mas o esquecimento também acaba por influenciar bastante. Agora temos uma série de sacos fortes na mala do carro.
“Não me venha com essa história das águas cinzentas.”
Nao e uma historia. Tenho pouco jeito para historias.
Ja lhe dei la em cima varias sugestoes para pesquisa. “induque-se”.
“Até esta sua intervenção, julgava (e ainda julgo por acaso) que o grande problema dos esgotos humanos é na água. Águas negras e cinzentas.”
1 – Caro JRF, o problema de facto esta na agua.
2 – No meu ramo de actividade profissional (saude publica veterinaria) nao existem graduacoes de cor na agua… ou e potavel ou nao e. E perfeitamente possivel que usem outras escalas noutras actividades em se use tambem agua. O que sera perfeitamente legitimo. O que nao e aceitavel e tentar depois misturar alhos com bugalhos
3 – O JRF fala constantemente no “um planeta, um ecossitema” o que e verdade ate chatear. Nao percebo como depois se esquece desse conceito basico neste tema.
“O pior que podem conter são fosfatos e outros químicos dos detergentes que ainda os usam — não é suposto acabarem com bactérias? São adequadas para usar na rega — de campos de golfe, por exemplo.”
1 – Esta muito enganado. Os fosfatos e outros quimicos sao problemas muito recentes com as aguas residuais a adicionar a outros ja pre-existentes.
2 – Nao confunda publicidade com realidade. A maioria das bacterias e eliminada das superficies por puro e simples arrastamento fisico. Para esse efeito voce precisa abundantemente de agua limpa porque e o solvente nao polar mais abunbdante existente. Os desinfectantes necessitam de tempo de exposicao e ausencia de materia organica para poderem actuar sobre a micro-flora.
Em resumo, as bacterias estao ca ha muitissimo mais tempo que nos e perdurarao muito mais apos nos desaparecermos.
3 – Da ultima vez que verifiquei ainda nao se cresciam colheitas para consumo humano ou animal em campos de golfe… mas se o JRF sabe algo que eu desconheco nao hesite…
“Já não me lembro bem, mas acho que o mérito é da Gabriela.”
Nao foi a Gabriela, foi o JRF.
“Mas o melhor daqui foi outro blogue… Acho que não me inchou o ego…”
Azar o seu, na minha pouco humilde opiniao a sua ajuda a apontar-me na direccao certa foi fundamental.
Estava aqui eu a pensar que vários interessados leitores comentaram o meu interessante texto e afinal é 3x Lowlander.
Ainda na urina — a urina de um humano saudável não devia ser estéril? E de animais também?
Lembro-me de um documentário em que uma africana lavava as crianças com urina (de boi, acho eu).
Não crescem colheitas em campos de golfe, mas como sugeriu regar as ornamentais com água potável, pensei que dizia tudo.
Mas tenho notícias para si e o Mundo desinfectado onde vive:
Aqui onde estou, era a casa dos meus avós. E tem um poço (dois na verdade). Sempre beberam água do poço e toda a gente que cá vinha idem. E era potável.
Entretanto, veio o progresso. E a água deixou de ser potável, embora continue com a mesma aparência.
A ver se entendo — sugere que não regue com esta água?
“Mas tenho notícias para si e o Mundo desinfectado onde vive:
Aqui onde estou, era a casa dos meus avós. E tem um poço (dois na verdade). Sempre beberam água do poço e toda a gente que cá vinha idem. E era potável.
Entretanto, veio o progresso. E a água deixou de ser potável, embora continue com a mesma aparência.”
Tambem tive um avo que viveu ate aos 100 anos de idade a fumar cigarros sem filtro desde a adolescencia. E depois? Que provamos nos com isto? Que ha pessoas com sorte?
“Ainda na urina — a urina de um humano saudável não devia ser estéril? E de animais também?”
Nao, e pobre em carga bacteriana. Mas o real problema e mesmo que por vezes estamos doentes e a excretar agente patogeneo sem aparentar doenca.
Por fim, quando falei em cuidados com plantas ornamentais foi no contexto da sua casa em que voce tambem cultiva alimentos para seu consumo. Se conseguir garantir uma total estanquicidade entre as ornamentais e as de consumo nao ha risco. O problema aqui e um de falta de confianca minha em si. :)
Não queria provar nada. Primeiro lamento não achar exactamente a mesma coisa. Segundo, eu disse-lhe que a água era potável (durante a maior parte da vida deles). Terceiro, a questão era se acha que não se deve regar com a água do poço.
Independentemente disso rego. E confio mais no que cultivo no que os outros cultivam.
Se já chegamos a este ponto na questão da água, então o problema é e já está mais grave do que os alarmistas dos ambientalistas dizem.
Pode confiar! Se morasse aqui perto podia vir cá buscar uns belos vegetais para ver o que é bom :) .
De qualquer modo, na minha casa não cultivo nada. Só jardim pequeno. As mijas são aí.
Ao lado, onde agora tenho o escritório é que é o quintal e tem os poços. Mas agora que paro mais aqui, tenho de arranjar um local para as mijas (vai ser no estrume) — ao ar livre sabe melhor.
PS: Porque divide os comentários em vários? Para dizer que são muitos? Isto é enganador — só cá estamos nós –e a Maria José :) . O resto está tudo de férias.
1 – Agua do poco: para consumo humano, ou actividades que envolvam alimentos para consumo humano nao, nao usaria essa agua sem primeiro tratar a agua para a tornar potavel. Convem saber o porque dessa agua nao ser potavel. E carga bacteriana ou carga quimica? Agua de pocos habitualmente e tem baixa carga bacteriana a nao ser que o lencol friatico esteja a ser contaminado por exemplo por residuos de exploracoes agricolas.
2 – Os multiplos comentarios sao resultado de verborreia compulsiva associada a paranoia por perder os meus extensos textos a meio da redaccao. A minha escassa paciencia nao chega para estar a escrever em Word e depois passar para comentarios, dai alias a multiplicidade de gralhas tambem.