O chinês adapta-se à cultura local

Hoje, ia eu da Rua do Almada — onde era suposto haver muitas ferragens (que fui indecentemente obrigado a adquirir no Leroy Merlin) –, para a Boavista, já no largo da maternidade e passa por mim um miúdo chinês dos seus 14 anos com uma bola. De dentro de uma porta daquele casario antigo sai outro miúdo aparentemente da mesma idade e grande berro:
— China!
Outro grande berro de resposta:
— Paleleiro! (sic)
E continuam:
— China!
— Paleleiro!
— China!
— Paleleiro!

Lembrando-me das coisas quando tinha 14 anos, não vejo maldade nesta troca barulhenta (pelo ar trocista de ambos, conheciam-se, provavelmente da mesma turma). Mas este episódio faz-me lembrar um outro, há muitos anos.
Estava a jantar no restaurante D. Zeferino, em Matosinhos, com uma série de americanos (e americanas), sendo uma de origem asiática. Na montra que dava para a rua, passa um miúdo muito pequeno, talvez de sete ou oito anos e faz “olhos de chinês” lá para dentro. Uma das americanas levanta-se e vai lá fora dar uma total descompostura ao miúdo e aos pais, que nem se tinham apercebido do sucedido. Acho que por cá somos bem mais tolerantes que isto. Essa americana considerou a atitude do miúdo absolutamente racista.

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