Faia Brava
O António Monteiro levou-nos a visitar algumas árvores notáveis e depois o que eu mais esperava que era ir à Faia Brava, a reserva da Associação Transumância e Natureza. Se tudo correr bem, vai ser a primeira reserva natural privada do país. Um marco.
A paisagem é extremamente agreste o que explica em parte a apetência pelos proprietários venderem e barato. A associação já adquiriu 600 hectares e para terem uma ideia, mais ou menos a meio desta fotografia, perto do cume está um ponto branco quase invisível. É um pombal tradicional recuperado. Ainda faz parte da propriedade.
O Rio Côa atravessa a reserva que tem vários quilómetros de penhascos onde nidificam as aves. É preciso ter em atenção que neste país nada é garantido a não ser as negociatas. E se as negociatas da barragem no Côa avançarem, também esta reserva será afectada.
De notar que as árvores que eventualmente se vêem secas nas fotografias, são azinheiras e estão secas devido à falta de água. Consta que este é o ano mais seco na região, desde que há registos. Como devem saber, a azinheira é uma árvore extremamente resistente à seca e condições adversas.
Foram recuperados pombais tradicionais, destinados a fornecer presas às aves de rapina da reserva. Também são cultivados cereais para manter uma cadeia alimentar a funcionar. O objectivo a longo prazo é ter o ecossistema recuperado e sem estas ajudas.
Outro dos projectos é a criação de garranos em regime de semi-liberdade, com cerca de 20 garranos em 110 hectares.
No fim do dia, fiz-me sócio desta associação que é das que mais admiro no país. Muito do financiamento vem de fora, designadamente da Holanda, sublinhando o facto de os portugueses não terem gosto naquilo que é seu. No país dos milhões, não há meia dúzia de tostões para preservar nada. O voluntariado é também praticamente todo de fora.
Acredito neste projecto de uma forma inversamente proporcional ao que acredito na capacidade do estado português cumprir as suas funções de preservação. Mas a nau já é enorme e pelo que entendi, apenas uma pessoa lá trabalha a tempo inteiro.
Se puderem, juntem-se à Associação Transumância e Natureza ou pelo menos visitem a Faia Brava. Vale a pena.
Uma resposta para“Faia Brava”
[…] Estou confuso. Pela seguinte razão: quando estive em Castelo Rodrigo, tornei-me sócio da ATN e tive o privilégio de visitar a Faia Brava. É uma terra pobre, rochosa, com muito pouca chuva e recursos naturais escassos. Um dos objectivos […]
Não sei se viste a National Geographic (Portugal) deste mês. Dedica duas páginas à Faia Brava e ao trabalho lá desenvolvido.
Tenho vontade de dar lá um salto mas à distância a que fica de minha casa não vai dar mais do que para visitas esporádicas.
(Neste nº da NG também têm um artigo interessante acerca da relação entre homens e lobos nos EUA mas os comentários têm de ficar para um tópico que não este.)