Climategate: Resposta de Delgado Domingos a Miguel Araújo
A resposta de Delgado Domingos esclarece algumas coisas face ao que foi publicado no Expresso e de facto é um problema falar com os jornalistas. Não percebo porque os entrevistados não podem (alguns exigem) consultar e clarificar algumas ideias antes da publicação.
As questões científicas são importantes e a explicação dos modelos e das suas limitações são muito interessantes. Mas…
Falha rotundamente em apontar onde está provada uma fraude climática, com base em e-mails roubados. Restrito ou não restrito a um grupo de cientistas. O Prof. Delgado Domingos foi rápido em falar de escândalo e credibilidade, mas não se chega a perceber onde na linguagem dos e-mails esse escândalo e falta de credibilidade se concretiza. Muito menos, onde no relatório do IPCC ou em artigos sujeitos a arbitragem científica, esse escândalo está patente. Mas a mensagem que interessa lá vai passando (Blasfémias).
Também não percebo a questão do período quente medieval e da sua ocultação (ainda e sempre). Diz o professor:
“O foco central do climategate foi a supressão de todo o período quente medieval que levou ao chamado hockeystick e à afirmação, que se tornou no ícone dos alarmistas (…)”
Está no relatório de 2007 do IPCC (NOAA). Insiste-se nisto até à náusea, não se entende as razões. Entretanto a ciência avançou dez anos, facto estoicamente ignorado.
Um problema que até hoje se mostra insolúvel para os chamados cépticos (são na verdade na sua esmagadora maioria simples negacionistas, sem qualquer interesse pela ciência): a demonstração que há largas centenas ou milhares de incompetentes a trabalhar no clima. Sendo a incompetência o mínimo que se pode dizer, em face das inflamadas intervenções negacionistas (veja-se o Mitos Climáticos).
O Prof. Delgado Domingos também menciona o alarmismo, sempre tão caro aos negacionistas. E é uma pena ver um cientista decalcar mensagens nada científicas de fontes muito pouco idóneas. Que alarmismo? Porventura o Prof. Delgado Domingos conhece alguém alarmado? Não há nada que sustente essa tese do alarmismo, nem as primeiras páginas dos jornais, nem revistas científicas, nada. O que há é o business as usual, que segundo creio aumentou as emissões de CO2 em 29% desde o Protocolo de Quioto (Guardian). Não se percebe onde está o alarme. A realidade contradiz a tese do alarme todos os dias.
Por fim, os obscuros objectivos políticos (de notar que o senhor professor liga para o site Republicans e American Thinker, como se fossem neutrais). Eu continuo a não perceber em que Mundo, em que país, políticos que contra natura (a sua) possam apelar a andar menos de carro, deixar de andar de avião, utilizar menos energia, numa palavra consumir menos…, vão buscar votos e vantagens políticas face a adversários, digamos, menos alarmados.
Já se fala aí numa tentativa de governo e opressão global (Diário Económico, Blasfémias), mas eu sempre considerei mais provável o Admirável Mundo Novo que o 1984. Parecem-me delírios muito pouco (nada) fundamentados.
Peço desculpa pelas nada doutas trivialidades. Não consigo compreender o complicado, sem perceber o trivial da discussão. E o trivial, anda a custar ser explicado.
Uma resposta para“Climategate: Resposta de Delgado Domingos a Miguel Araújo”
talvez fosse adequado colocar um link ao blogue ambio onde o texto original está em discussão…
Claro, obrigado. Falhou.
Podem-me juntar à lista de herejes.
Ecotretas
Herejes? Não há limite para a inversão de valores dos dias de hoje. Eu a si coloco-o na lista de fundamentalistas.
“Eu a si coloco-o na lista de fundamentalistas.”
E eu na lista dos trolls caro JRF.
Ecotretas, primeiro e unico aviso: a escolha e sua e simples, ou argumenta racional e fundamentadamente em cujo caso tenho todo o gosto em debater ou pode ficar por ai sozinho em estilo eminentemente circense a fazer cabriolas sofisticas.