Mais um dia

Comes e bebes
Quinta foi mais um dia muito bom. Combinei com o senhor Franklim e senhor Resende (e Cláudio) almoçarmos no Sargaçal. Também foi o meu pai. Tornou-se bastante diferente, principalmente para ele, que andou com o senhor Franklim a dar umas voltas pelos terrenos. Claro que à hora de aparecer de manhã, ia o Cláudio a caminho de Cinfães e já nem apareceu nem de manhã (óbvio), nem para o almoço. Mais fica, ninguém se queixou. Apareceu às três da tarde.

Já tinha plantado quatro árvores mal cheguei, portanto faltavam sete (na verdade seis, ia dar uma ao senhor Franklim, mas acabei por plantá-la). Umas na zona mais a Norte, outras na ponta mais a Sul. Ao ir para Sul reparei que nos roubaram mais uma torneira de uma caixa de água. Deve ser sempre o mesmo sacanita reles. Não tenho qualquer dúvida que o vou apanhar, quando me dedicar ao assunto, para já, não deixo que me estrague o dia. Mas este constante vandalismo, mais os sinais de vacas por todo o lado, vai acabar com cada um a andar nos seus próprios terrenos, entrando para o que têm direito, que é a levada e mais nada. O portuguesinho gosta de abusar.

Quando se acabaram as plantações, o Cláudio foi para umas limpezas — há pequenas coisas rápidas, que transformam completamente a percepção de desleixo —, eu e o senhor Resende fomos adubar as árvores de fruto (ainda o adubo biológico comprado no Cantinho das Aromáticas). A idade deixa-o muito cansado e eu com metade dela, fiquei todo empenadinho… mas que má forma atroz. Deu para tratar de umas 25 árvores. Na próxima a ver se trato do resto.

Fomos comer algo, o grande trabalhador das três da tarde já se queixava. Ao ir para a “base”, vi a fugir o cão do mencionado trabalhador, com um queijo nos dentes. Depois do acidente com a roçadeira, com este mesmo canídeo, disse-lhe que não queria lá cães. Ao chegar era o caos — pelo menos dez febras, dois queijos, um salpicão e não sei quantos pães (uns 15) tinham desaparecido. Ou seja tudo. Sobraram uns rissóis e uns croquetes que estavam guardados dentro de um tupperware. C’um canecos. Não é possível ter sido este meliante sozinho, um cão que o senhor Franklim vai alimentando e que também apareceu, deve ter ajudado. Na próxima vou levar um saco de ração, porque estes animais estão a viver de ar e vento.

Muito mais tarde o meu pai voltou, o senhor Resende foi-se embora no seu vagar e eu estive com o Cláudio a limpar até anoitecer. No fim fomos para a associação jantar — foi um dia longo. Tornou-se ainda mais longo ao ter que sair mais cedo porque o meu pai ficou com falta de ar completa e tive de ir para o centro de saúde para lhe darem oxigénio.

Foi do ambiente fechado com a salamandra a arder, o que é pouco saudável. Antes de fazerem as obras, o ar circulava mais, entrava pelas velhas caixilharias, pela cozinha, pelo tecto e até pelo chão em traves de madeira. Era mais desconfortável se houvesse muito frio, mas tinha personalidade e a cozinha era ali ao lado, não no andar de baixo. Agora é uma sala cansativa, desapareceu o calor e conforto da madeira, o ambiente fica abafado, a luz é desconfortável e acusticamente uma verdadeira desgraça, ninguém consegue ouvir ninguém. Saio sempre com dores de cabeça.

Não sendo perfeito, foi mais um bom dia. Agora não sei quando volto. Talvez daqui a 15 dias.

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