Mesmo seco

Estradão.

Estradão, mesmo à entrada. As árvores caem da Leira das Nogueiras.

Estou a ouvir corujas. Estou cheio de sono. Espero continuar depois de apagar a luz e adormecer porque precisava bastante. He lá! Estou a ouvir foguetes! Às 00h40, lá se foi o bucólico, lá se foram as corujas… Nunca vi país tão festivo como este e festa na aldeia sem barulho infernal seria até pecaminoso. Seria mesmo!
Que fiz hoje… acabamos a primeira quelha do lado direito, um trabalhão inacreditável. Começamos e acabamos a primeira quelha do lado esquerdo. Outro trabalhão inacreditável. É a quelha das nogueiras… vou ter que mudar-lhe o nome, porque de todas as árvores, as mais fracas, para não dizer decrépitas, são as nogueiras… carvalhos e castanheiros possantes. Alguns foram abaixo.

Leira das Nogueiras

Leira das Nogueiras com as ramagens a acumular-se.

Leira das Nogueiras

Leira das Nogueiras, passados uns 45 minutos.

Em dez anos, nunca vi isto tão seco. Não é bem em dez anos, porque acho que falhei vários picos do Verão. Mas está mesmo seco. O ribeiro virtualmente sem água. Nascente da Fonte do Cavalho idem; nascente de baixo idem; nascente da poça não deu para ver porque corria água da levada (que desviei para o Lameiro da Gracía, já de noite); nascente do monte idem, mas tenho deixado um aspersor dia e noite no lameiro e a água aguenta-se. A terra parece pó. À primeira vista ninguém diria que seria um ano tão seco, mas aqui está super-seco. Há aqui um artista (mais um) que tem a mania de desviar a minha água da Fonte do Cavalo para ele e acabei com isso mais uma vez. Mas estando a água a correr há dia e meio, julgo que não avançou na terra mais de cinco metros. Está mesmo seco.
Descobri que me roubaram mais uns 30 50 metros de tubo. Estava desenrolado e pronto para enterrar. É desconcertante esta gatunagem, porque são vizinhos. Ainda não me deu para provar isso, mas há mais marés que marinheiros. Os ladrões estão mais que referênciados, mas a comunidade em vez de os ostracisar, joga à malha no meio da rua com eles; todos excelentes amigos, enquanto aproveitam todas as oportunidades para me “avisar”. Pelo menos no Porto, não conhecemos quem nos rouba. É algo que me parece extremamente negativo neste lugar.
Há um dilema ou dois a decorrer… primeiro acho que vou ter que enterrar o que resta do tubo antes que desapareça, o que me vai arruinar o plano de continuar de lenhador; segundo, a Fonte do Cavalo… está terrível, se lhe toco, são pelo menos dois dias. Como só tenho um dia e pelos visto ainda vou ter que andar de volta do tubo (já tinha saudades!), vou passar por essa quelha, como se não existisse. Fica à espera de mais e melhores dias.
O tempo tem estado agradável, sem demasiado calor. Estou super-cansado.

Troncos acumulados perto da entrada

Troncos acumulados perto da entrada.

Uma resposta para“Mesmo seco”

  1. Paula

    “A terra parece pó.” – parece e está mesmo como pó. Aqui a água não penetra, escorre. Escorre como se uma grossa camada impermeabilizante estivesse sobre o solo. Também estranhei, pelo ano chuvoso que tivemos mas a terra está mesmo seca!

    Também gostei muito do texto!

  2. José Rui

    Olá Paula… aqui não escorre, infiltra-se completamente e enquanto não encharca, continua a infiltrar-se. É muito arenoso. E não se vê chuva…

  3. Paula

    Pois aqui também é muito arenoso e a estranheza é mesmo essa! Que coisa é esta de solo arenoso se comportar como solo argiloso?! Sou demasiado leiga para entender …

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