A árvore caída
Há muitos anos que as notícias não me entretêm, mas de tempos a tempos encontro-me num local onde quer queira quer não, tenho de as ver. E sucedem-se: um energúmeno mata cinco peregrinos a caminho de Fátima e fere mais uns quantos; duas mulheres morrem num acidente entre o veículo que seguiam e um camião, perto da fronteira; (mais uma sucessão de crimes e mais crimes.) mas nada impressiona e desassossega mais o português que a árvore caída. O carro estragado, o trânsito interrompido, o muro derrubado, uma pessoa infelizmente falecida em Braga. As expressões de pasmo e consternação, ah, oh, olha para aquilo, meu Deus… Isto sim, é verdadeiramente caso para cortar o mal pela raíz.
Em Portugal, sopra uma brisa e rapidamente câmaras e particulares se apressam a cortar árvores. Já tinha falado das árvores sem sorte da Igreja da Senhora da Hora, entretanto, mais um bonito cedro com cerca de 50 anos mandado abater. Em poucos anos o Senhor Padre acabou certamente com mais de uma dezena de árvores adultas e uma caiu em cima da pérgola (ou foi um sinal de Deus para parar os abates, ou para abater mais, estes sinais prestam-se muito a reforçar as nossas próprias crenças e convicções prévias). Por aqueles lados as árvores não são filhas de Deus.
Também caiu uma bétula no Largo do Carriçal, nada que os moradores vão lamentar — pelos vistos decepar as copas de nada adiantou e aquelas pálidas bétulas continuam a ser um perigo para a população. É inacreditável a forma desmiolada como são plantadas as árvores, rigorosamente em cima do passeio, as raízes daquele lado todas podres.
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