O Jornal do Incrível
Já deixei de ver televisão do modo tradicional há seguramente mais de uma década. A TV tem as suas coisas boas — que compro em DVD, vejo online ou peço emprestado a algum lado —, mas a quantidade de lixo é subterrante. Acresce este modelo por cabo de repetição incessante das mesmas coisas. A profusão de canais, quando eu queria no máximo uma dúzia que pudesse escolher. As séries absolutamente derivativas umas das outras. Se alguém calha de ligar o aparelho, está invariavelmente alguém (morto!) a ser autopsiado. Mas quantas autópsias serão realizadas por dia nestes canais de séries? Por aqueles lados tem morrido imensa gente em misteriosas circunstâncias.
Isto a propósito de um texto do Daniel Carrapa sobre estes tempos pouco científicos que vivemos. Um dia destes estava a “navegar” nos programas da box da “nós” (esses dariam textos meus para um ano de blogue) — com aquele fabuloso comando à distância de design distinto —, e ao passar nos canais ditos científicos, só me lembrei do Jornal do Incrível. É ciência para todos os gostos, desde sobreviventes de ataques de tubarões a estranhas formas de morrer (suponho que a respectiva autópsia dê outro programa), passando por monstros gigantes, invasões extraterrestres, parasitas assassinos, autópsias de famosos, seitas mortais, samurais caçadores de cabeças… só lixo. Pobre ciência.
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