Os contribuintes pagam

Amoreiras abatidas

Neste país qualquer um pode solicitar a rolagem radical ou abate de árvores, porque os contribuintes pagam de bom grado. Pelo que tenho visto, a esmagadora maioria de abates desmiolados é a pedido e à medida (e toda a gente quer). Qualquer servidor da causa pública não vai enjeitar um futuro voto para a reeleição e como a maior parte dos votantes odeia árvores, perpetua-se a ignorância alarve e o desmazelo das nossas vilas e cidades.

Mas, quanto custa? Faço uma pequena ideia, mas se houvesse quem seguisse o dinheiro, tornaria muito clara a principal vantagem de, sei lá, podar jacarandás em plena época de floração por exemplo (Facebook).

Neste caso concreto num arruamento com passeios novos foi necessário:

  • Fazer as caldeiras rematadas a granito
  • Terra
  • Tela anti-infestantes
  • Casca de pinheiro
  • Colocar rega automática (a rega automática é outro programa neste país)
  • As pobres árvores (amoreiras)

Também chegaram a ter umas protecções nas caldeiras em ferro fundido (não sei que é feito disso). Não me lembro se foi efectuada alguma manutenção ou poda durante estes parcos anos de vida. Tudo isto somado foram custos.
Passados talvez uns meros 10 anos, já ensombravam a casa e rapidamente foi abaixo a meia dúzia que falta do lado direito (mais custos) e já estão a tapar as caldeiras como se nunca tivessem existido (mais custos). Há buracos nas ruas e nos passeios que sobrevivem durante décadas, mas quando vão árvores abaixo o desvelo é exemplar. O muro vandalizado até fica mais airoso, está bonito assim — já para não falar no pavilhão que ainda se vê atrás, remodelado há meses e já completamente vandalizado (aí não há dinheiro, nem desvelo — nem vergonha).

Estes custos — aqui cinco ou seis árvores —, multiplicados por este país de arboricidas são astronómicos e não há quem ponha cobro a isto. Ou então tudo é muitíssimo bem planeado, das duas uma.

Actualização: O muro da casa foi pintado. Ao fundo, o muro foi cedido para “arte” urbana, cedendo à chantagem do vandalismo permanente. Vamos ver quanto tempo o resto do muro permanece branco — depois da primeira demão que cobriu os garatujos, voltou a ser vandalizado imediatamente.

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