Taxonomia
A sistemática é o estudo da diversidade das características dos organismos vivos e em biologia, os taxonomistas são os cientistas que os classificam. Nomenclatura é a atribuição de nomes a organismos e às categorias nas quais são classificados havendo duas organizações internacionais que determinam as regras de nomenclatura, uma para zoologia e outra para botânica (International Code of Botanical Nomenclature).
Os grupos taxonómicos mais importantes, e de mais corrente uso, são: Família, Género e Espécie, sendo de salientar que podem ainda existir subdivisões em todos estes grupos.
No caso da Família o nome é facilmente detectado porque tem sempre a terminação “-aceae” no caso das plantas, algas e fungos e “–idae” no caso dos animais. Acresce no entanto dizer que há excepções no caso das plantas, sendo aceites e válidas as famílias com a designação Palmae, Gramineae, Cruciferae, Leguminosae, Guttiferae, Umbelliferae, Labiatae e Compositae, devido ao seu longo uso e tradição (esclarecimento prestado pelo Professor Rubim Almeida da Silva, do Departamento de Botânica da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto).
Figura 1.
Género e Espécie são sempre nomes em latim e por convenção internacional, o nome do Género e da Espécie é escrito em itálico ou, em falta do itálico, sublinhado. De notar que por exemplo no caso Brassica oleracea L., (Brassicaceae) o Género será Brassica mas a espécie será Brassica oleracea sendo oleracea o Epíteto Específico e nunca a Espécie, ou seja, e em suma, uma Espécie é sempre definida pelo Género e Epíteto Específico (que nunca deve aparecer com inicial maiúscula).
Figura 2.
Normalmente pode aparecer após o nome do género, espécie ou demais grupo ou subgrupo, uma letra em maiúscula, uma abreviatura, ou até mesmo um nome em extenso. Esse nome, abreviatura ou inicial não é mais que a indicação do nome do autor que primeiro classificou o grupo taxonómico a que aparece associado, ou assim foi considerado, admitido ou atribuído. Muitas vezes verão por exemplo um famoso L. ou Lineu. Segundo as regras, o primeiro nome publicado (a partir do trabalho de Lineu) é o correcto, a menos que a espécie seja reclassificada, por exemplo em outro género. A reclassificação tem ocorrido com certa frequência desde o século XX e neste caso mantém-se a referência a quem primeiro descreveu a espécie, seguida do nome de quem reclassificou.
Também poderá aparecer um número após o nome do autor, normalmente entre parêntesis, sendo que esse número não é mais do que o ano em que foi feita a classificação, assumido que foi feita a classificação, ou aceite a classificação.
Não é de espantar que plantas do dia a dia que há séculos, milénios (ou mais…) existem apareçam com datas de classificação consideravelmente recentes. Não que eventualmente não tenham sido classificadas de alguma forma antes, mas na realidade a Sistemática como ciência moderna e com regras definidas só teve o seu verdadeiro impulso com Lineu, no século XVIII tentando dar ordem à relativa confusão existente anteriormente, especialmente no que diz respeito à nomenclatura, e reformulando, inovando e ditando regras e criando bases e princípios concretos sobre o assunto.
Falando dos subgrupos especialmente importantes em botânica temos os seguintes:
Subespécie, sendo um nome ternário (composto em três partes), todas em itálico e latim, em que muitas vezes antes da terceira palavra aparece um “subsp.” (recomendado) ou “ssp.”.
Figura 3.
Para além da Subespécie e unicamente existentes na nomenclatura botânica e de particular interesse nesta área da biologia existem ainda por exemplo o subgrupo Variedade e um caso de subgrupo muito especial e particular: Cultivar.
No caso da Variedade, outro nome ternário, o nome específico que vai diferenciar a variedade aparece a seguir à espécie, depois da abreviatura “var.”, e que assim evita a possibilidade de ser confundida ou entendida como sendo uma subespécie. O nome é apresentado em latim e escrito em itálico, seguido da indicação do nome do autor responsável pela sua classificação.
Figura 4.
Cultivar tem particular interesse e é a principal categoria das plantas cultivadas, sendo a sua nomeclatura gerida pelo ICNCP (International Code of Nomenclature for Cultivated Plants). O nome Cultivar advém da junção de “cultivada” com “variedade” no entanto não substitui nem tem qualquer capacidade de permuta com o grupo taxonómico variedade. O nome de um Cultivar é de novo composto pelo nome botânico, por exemplo o Género ou Espécie, seguido de um Epíteto Cultivar. O Epíteto Cultivar é capitalizado, pode ser composto por mais que uma palavra, não é colocado em itálico e é colocado sempre entre aspas simples. Antes de 1959 usavam-se nomes em latim para o definir, mas a partir de 1959 e para evitar confusões com outras classes taxonómicas assumiu-se que deveria ser sempre usada uma língua moderna para lhe dar nome.
Hoje em dia muitos hortos e produtores atribuem “nomes de marketing” a algumas plantas que comercializam, sendo uma das principais fontes de confusão. Desaconselhamos o seu uso, mas se for realmente necessário, deve aparecer num tipo de letra completamente diferente. Para gerar ainda mais ruído, ao “nome comercial” também se pode chamar “variedade”, que nunca deve ser confundida com a Variedade taxonómica.
Esta página é um trabalho em curso e conta com a colaboração do José Rui Fernandes. Dúvidas sobre taxonomia.