Passadiços do Paiva
Li no Público a notícia sobre os passadiços do Paiva e pensei lá ir. Agora leio críticas contundentes à estrutura e lembro-me da frase de Yogi Berra, “já ninguém lá vai, aquilo está cheio de gente”.
Há um paradoxo nas coisas da natureza que é terem interesse até construírem uma estrada (ou um passadiço) que nos leve. Atrás da estrada vêm as multidões, os restaurantes, os “chalets” de estilo internacional, as barracas de farturas, o lixo por todo o lado e a inevitável destruição. Numa palavra o habitual “progresso da nossa terra”. Confesso que mal vi o título da notícia, a primeira coisa que me ocorreu foi o lixo aos montes a acumular-se naquelas ribanceiras.
Diz que aquilo são carros a perder de vista, e centenas e centenas de pessoas, talvez mais de um milhar, em fila indiana por ali abaixo. Tendo em conta que estamos em Agosto e que nos outros meses será mais calmo, os responsáveis pela estrutura deviam considerar limitar o acesso provavelmente através de um pagamento, ter vigilantes, baldes do lixo por todo o lado, posto médico e bombeiros de prevenção, parque de estacionamento que de alguma forma corresponda ao limite determinado de pessoas e polícia a impedir o estacionamento selvagem que inclusivamente dificulta o acesso dos bombeiros em caso de incêndio.
Dito isto, acho importante dar acesso à natureza para além dos parques da cidade. Nem toda a gente é montanhista ou pretende vir a ser — e os montanhistas também conspurcam quanto baste (é pesquisar como andam os picos mais famosos, designadamente o mais famoso de todos). Apenas têm a vantagem de serem menos. Nem toda a gente tem 20 anos, se calhar queremos visitar os locais com os pais ou filhos ainda relativamente pequenos. Como comecei por dizer é um paradoxo: Se há acesso, as pessoas vão, mas o número de pessoas é inversamente proporcional ao interesse que o local desperta e aos benefícios para a própria natureza. Espero que estes passadiços não se tornem um pesadelo para o Rio Paiva.
Uma resposta para“Passadiços do Paiva”
Já percorri o passadiço. Não tenho a mesma opinião do caro autor do post. Há certamente aspetos a corrigir mas globalmente considero a obra positiva. Mas não há como ir ao terreno para constatar os prós e os contra.
Cumprimentos, António Gonçalves
Não percebeu o post, estamos a dizer a mesma coisa: Apenas fiz eco das críticas que li depois de decidir ir (que tiveram o mérito de me fazer não querer ir em Agosto) e acrescento alguns aspectos que podem ser melhorados ou acautelados, também com base nas críticas que li. Aliás, no meu último parágrafo o que digo literalmente “acho importante dar acesso à natureza”.
Com o devido respeito, não sei que críticas leu a respeito da obra, pois dos vários sites que estão na Net todos, tal como o artigo do Público, elogiam o passadiço. Estaremos de acordo com a preservação do meio ambiente, o que no caso presente foi salvaguardado. O impacto turístico do empreendimento é benéfico para aquela região. Veja-se que até o posto de turismo de C. Paiva tem na sua informação turística, locais a visitar, esse passadiço (10 sítios a visitar em Castelo de Paiva, como se lê no último jornal I).
Cumprimentos, António Gonçalves
Li muitas e continuo a ler, a última em forma de carta de um leitor no Jornal de Notícias. São críticas de pessoas essencialmente ligadas ao meio ambiente. Quando lá for talvez me pronuncie — há uma coisa que lhe posso já dizer: Se a quantidade de gente que leio descrita é verdade, julgo que o acesso devia ser condicionado. Além de ser pago, podia existir um limite de pessoas no passadiço por dia.