Junto com os livros
A internet está agora por todo o lado — até nas coisas —, é uma boa altura para colocar uma questão muito simples: Tornou-se um veículo para o conhecimento ou um viveiro de ignorância atroz? Cada vez mais me vejo confrontado com aquilo que passa por cultura e conhecimento, ou pela divulgação das patetices mais inacreditáveis a passar como ciência ou informação actual. Tornou-se cansativa qualquer tentativa de conversar objectivamente. Como se não bastasse, aconteceu-me recentemente uma espécie de inverso… fui ver na Wikipedia uns dados para não estar a discutir factos e sou confrontado com um — “acreditas em tudo o que vem na internet”. Isto é real? Não estou interessado. No caso particular do Facebook fico sempre siderado por uma espécie de esperança que as pessoas têm que aquilo lhes vá resolver algum tipo de problema profissional ou lacuna pessoal. Não há nada neste Mundo que resolva o que quer que seja com tão pouco “input” e esforço. O mais certo é criar toda a casta de problemas onde eles antes não existiam.
Acho que era o Groucho Marx que dizia que a televisão era muito boa para a cultura, porque sempre que a ligavam, ele retirava-se para a biblioteca para ler um bom livro. E cada vez mais me apetece fazer o mesmo, a diferença é que na época do Groucho pouca gente tinha televisão e hoje o futuro não muito distante pode ser acabar sozinho na biblioteca, junto com os livros, enquanto toda a gente faz de conta que está a “comunicar”.
Uma resposta para“Junto com os livros”
É verdade. Mas a estupidez e a ignorância sempre lá estiveram. A diferença é que agora é mais visível, porque a Internet deu às pessoas visibilidade que antes não tinham. E enquanto antes notávamos a estupidez e a ignorância à nossa volta, agora notamo-las por toda a parte, generalizadas, porque afinal não era apenas à nossa volta que elas existiam. E isto não é apenas de agora, porque continuamos tão estúpidos e atrasados como há 2000 anos, ou, afinal, desde sempre.
A tecnologia dá-nos a ilusão de estarmos mais inteligentes e mais avançados, mas se analisarmos o comportamento humano actual e comparamos com a história da humanidade, o avanço mental médio global é nulo. E daqui a 2000 anos continuaremos tão mentalmente atrasados como dantes, nos comportamentos, nas atitudes, independentemente do avanço científico e tecnológico que tivermos então.
Ler isto fez-me lembrar de uma publicação recente do Marco Neves no Certas Palavras, que abordou pontos semelhantes: http://www.certaspalavras.net/facebook-espalha-ignorancia/