O expresso é normal
Fui deixar umas fotografias a imprimir na FNAC. À pergunta do funcionário para quando as queria, respondi que era indiferente, não tinha pressa. “Pode ser para daqui a uma hora?”, podia, até dava jeito — ia ao banco, dava uma voltita e escusava de lá voltar para levantar as fotos.
Uma hora passou e apresentei-me ao balcão. Lá estavam as fotografias e paga não paga, estava eu a olhar distraidamente para o preçário quando reparo que me estavam a cobrar o serviço Expresso — leia-se, mais caro. Questionei o facto e gerou-se o diálogo à Monty Python:
– O Expresso é Normal.
– Desculpe, o Expresso, como o nome indica, é Expresso.
– Mas aqui o Expresso é Normal.
– Mas no dicionário não é e eu não tenho o dicionário fnaquês-português e disse especificamente ao seu colega (que entretanto se aproximou) que o tempo me era indiferente, ou seja, não era urgente. Ele sugeriu uma hora e eu limitei-me a aceitar, mas ninguém me informou que era mais caro.
– Não é mais caro é o preço normal.
– É o normal mas chama-se Expresso e é mais caro que os outros, que são o lento e o muito lento.
– Se quiser podemos entregar as fotografias em 48h.
– Se ficarem aqui a marinar 48h, fica mais barato?
– Exacto.
Bem, paguei o serviço Expresso, mais caro, porque a conversa já só podia azedar. Esta palinódia, que não foi inventada pelos funcionários, é uma chico-esperteza lamentável em que estes grandes grupos e os génios do marketing são férteis. É por estas e por outras que evito as grandes superfícies na medida do possível. Na medida do possível, porque como arrasam tudo à sua passagem, as alternativas são cada vez menos. É a chamada evolução, mas como diria Fernando Pessoa, eu o antigo lá subi a rua imaginando um futuro girassol. Eu o moderno lá desci a rua não imaginando nada.
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