Consumo de Energia
Uma coisa que me chocou quando a internet se popularizou, foi a quantidade de gente que tem opiniões contrárias às minhas. Pelos vistos, tristemente, terei os meus detractores. Mas não foi bem isso, com o que fiquei realmente pasmado foi com a quantidade de pessoas que têm opiniões contrárias ao mais basilar bom senso.
Eu nunca imaginei que existisse gente que não visse água pura como um bem a preservar, ou que não gostasse do ar limpo, sem poluição. Mas há mesmo muita gente que não se importa de viver no meio do lixo, muitas vezes manifestando-se de formas pouco claras e contraditórias. Por exemplo, são a favor de ar limpo nas cidades, mas terminantemente contra os carros eléctricos que consideram um “esquema”. Tudo que seja vagamente benéfico para o ambiente é um esquema. A energia solar é um esquema; as eólicas são um esquema; as lâmpadas LED são um esquema… Tudo de alguma forma alimentado por uma ideologia incompreensível — estas pessoas são alegadamente de direita, de inspiração norte-americana. Espantosamente nunca se aperceberam de um único esquema na indústria dos combustíveis, das centrais a carvão ou no mundo automóvel e mal lhes falam de ecologia, a sua preocupação com os pobrezinhos salta para primeiro plano e é comovente — um exemplo gritante é o de Jordan Peterson, uma pessoa brilhante naquilo que percebe, mas meteu-se na política, diz que Israel é o futuro da humanidade (e chora muito quando o diz, coitado, nunca ouviu falar na Palestina e se ouviu, é tudo terrorista), numa palavra, é um cataclismo detestável em tudo que lhe soe remotamente ambiental, sem surpresa, adoptou o nefando pseudo-ambientalista Lomborg e não quer outra coisa.
Os de esquerda sofrem do mesmo, só mudam os esquemas e a hipocrisia, que é ainda maior, é imensa. São a favor de tudo que seja “ecologicamente bom”, desde que a) lhes sirva e possam manter os seus “direitos adquiridos”; b) seja para os outros. Por exemplo, andar de avião é péssimo, mas para os outros; a produção industrial é péssima mas querem continuar a comprar tudo que compram, os outros que deixem de comprar; etc, etc. Pessoalmente não conheço ninguém desta gente que tenha mudado a vida um átomo, militam em causas e é tudo.
Ao fim destes anos todos, cheguei à conclusão que há um fundo de verdade no que dizem os primeiros, quando apontam esquemas nas indústrias ditas ecológicas, designadamente da energia. O que fizeram e continuam a fazer com a instalação que considero virtualmente desregrada de painéis solares e torres eólicas, não passa de uma apropriação de terras1 e da continuação de um certo capitalismo selvagem por outros meios. Destruindo a paisagem e em muitos casos sendo manifestos desastres ambientais. E vamos a ver daqui a 10 ou 15 anos, quando as primeiras instalações começarem a atingir o seu limite de vida, como vai ser. Pessoalmente desconfio que vão ser os mesmos de sempre (os contribuintes) a pagar o desmantelamento e a limpeza. Lucros privados, externalidades públicas, para não variar.
E há uma questão mais importante… A energia vai ser produzida, de uma forma ou de outra. A esmagadora maioria da “energia verde” somou-se à já existente, ou seja, não resolveu nenhum problema, é o inverso do que nos querem fazer crer. E pasme-se, a produção de petróleo tem aumentado, a produção de carvão tem aumentado, a produção de gás natural tem aumentado… As necessidades energéticas não param de crescer. Perante o que vejo, fui mudando de opinião e hoje sou capaz de defender a utilização das mais recentes iterações de centrais nucleares e francamente, não vejo outra alternativa.
Se olharem para o gráfico (Our World in Data) reparam que o consumo de energia aumentou exponencialmente nos últimos 20 anos. Não se deixem enganar por toda a conversa da energia verde, das emissões, dos objectivos sempre flexíveis e toda a conversa dos políticos deploráveis que temos, designadamente na Europa. Quando os EUA e o Ocidente atacam a China com a sua propaganda hipócrita, omitem muito convenientemente que grande parte do consumo de energia se destina à Europa e EUA, que para lá deslocalizaram as suas indústrias.
O que cada um pode fazer? Muito pouco e reduz-se a uma coisa — consumir menos, de tudo e não vai ser fácil.
- Veja-se aquela deplorável matança de muitas centenas animais na Herdade da Torre Bela, alegadamente para lá instalar painéis solares em 775 hectares, um crime incompreensível. Na verdade, vários crimes ambientais que ficaram sem castigo. [↩]
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