O composto que não chegou a ser
Quando voltamos da quinta de Villar d’Allen, reparei em cinco enormes sacos de lixo à porta da casa dos meus pais. Inquirindo, fui esclarecido que eram os detritos vegetais do jardim, pois os jardineiros tinham andado por lá. Escandaloso!
Tentei explicar que aquilo não era lixo, mas sim valiosos nutrientes que se podiam colocar no fundo do quintal. Em alguns meses estariam prontos para voltar ao jardim. Ofereci-me para levar tudo. Teimosa, a minha mãe não quis — “lixo tenho eu muito”. Lixo? Estou a falar chinês ou português? É deitar tudo fora! Mais vale usar as bolinhas azuis de adubo sintético. Isto é uma guerra perdida. Chover no molhado.
A minha paciência é nula. A minha tolerância por pessoas que conseguem atravessar toda uma vida, numa profissão, sem aprenderem rigorosamente nada, é zero. E depois ainda falam “do alto da sua ignorância“. Intolerável. Porque é que não são os próprios jardineiros, o Sr. Miguel e o seu filho, a dizerem à minha mãe para não deitar fora tudo aquilo? Não entendo.
Fervente, lá fui plantar o Ácer no jardim dos meus pais. Mas, a terra do sítio escolhido não era boa — fui informado que já morreram várias plantas ali. Um verdadeiro cemitério, portanto. A minha mãe sugeriu usar “um bocadinho” do composto que eu tinha acabado de comprar. Lá fui eu buscar um balde.
No fim, voltei a perguntar se ia tudo fora. Ia tudo fora. Fazes bem, disse eu. Para quê guardar, se na próxima posso comprar mais um saco de composto, importado da Holanda ou lá que é, por uns meros 11€?
Uma resposta para“O composto que não chegou a ser”
Pelo menos em Portugal prevalece demasiadamente a mentalidade do “aqui não se faz… compra-se feito!”…
Talvez fosse boa ideia deixarmos de usar o termo “composto” e passarmos a dizer que é um fertilizante. Entra melhor na cabeça dos meus velhotes…