Se for possível, boas férias
Tenho andado completamente doido a preparar-me para sair durante cinco dias. Deve ser falta de hábito. Já sem falar nos dias absolutamente miseráveis desta semana e deixar o trabalho mais ou menos encaminhado. Mais um atentado absolutamente nojento, incêndios absolutamente nojentos e a nojeira das touradas também já aí anda em força.
Sexta fui ao Sargaçal com o principal objectivo de regar. A água já não é suficiente, a que entra no Tanque 2, com as perdas, já não permite ter mais que uma torneira aberta. Ando há tanto tempo a falar em arranjar os tanques que só me sinto enervado com isto. É sempre o mesmo dilema de gastar (mais) dinheiro ou não com aquele terreno. Isso e arranjar quem faça. Mas isto descamba já para outros assuntos. Lá vamos nós outra vez…
Mal saí da porta, notei imediatamente o amanhecer castanho. Fumo por todo o lado. Já na estrada, perto de Baltar, um incêndio de gigantescas proporções (na foto só se vê um bocado minúsculo porque ia a conduzir). Pouco depois a auto-estrada seria cortada. Até ao Sargaçal, vi mais três incêndios. Na volta, mais três incêndios, um dos quais também enorme. Ouço no rádio que só no distrito do Porto, 30 incêndios activos…
Não há quem ponha mão nisto? É que se isto não é uma prioridade e um dos poucos desígnios nacionais que ainda restam, não sei. Não vão ser de certeza os invertebrados que nos têm sucessivamente governado. Esses, estão bons é para encher o bandulho e é que já nem disfarçam. Sinto-me panfletário, lamento muito. Mas, com estas palavras ou outras, é a verdade.
Já ia completamente avariado com o atentado de Londres. Mais uma página edificante da história da humanidade. Digo isto porque tenho a certeza que não foi nenhum fuinha ou pisco-de-peito-ruivo, que cometeu mais esta atrocidade. Fica também aqui um dos poemas do metro, atrasado, com inspiração fundamental “Do Meu Jardim“. Se calhar é algo patético estar a enviar condolências para o povo britânico via um blog que nenhum vai ler, mas pelo menos mando um grande abraço para o Terraforma. Acho que foi ele que aqui me ajudou a identificar a Abrótea Branca.
Desde o 9/11, tenho uma simples teoria que consiste em admitir que tudo é possível. Estava aqui a elaborar rebuscadas (nem tanto) teorias geopolíticas, mas vou resumir a que nos aproximamos perigosamente do ponto de dizer, que somos nós ou eles, e de agir em conformidade.
O que é absolutamente imperdoável, é a actuação dos EUA e do seu presidente George W. Bush. O tempo e os recursos perdidos no Iraque, mais o efeito catalizador nos fundamentalistas, é algo que terá de ser julgado, quanto mais não seja, pela história.
Sobre as touradas, não vou dizer nada. Está tudo mais do que dito. Quem tiver dúvidas sobre a natureza desse divertimento, que pense dois minutos no assunto. Se for necessário muito mais do que isso, é também um caso para pensar seriamente no assunto e em que tipo de pessoa é que quer ser.
Uma resposta para“Se for possível, boas férias”
O terrorismo alastra na sua sanha devoradora e irracional, apesar de proclamadas mensagens de “que o mundo está cada vez mais seguro”…como assim??!!
O que está a acontecer é de facto bastante perigoso. Este tipo de atentados (onde indiscriminadamente morrem pessoas de várias religiões e nacionalidades…) repete-se e torna-se praticamente impossível estabelecer uma explicação para esta barbaridade cruel e sem rosto… Só posso ver nisto uma tentativa de criar, de facto, um choque de civilizações, que se aproxima cada vez mais, sobretudo pelo crescimento do extremismo. Pelas repercussões negativas que gera, que aumentam exponencialmente, graças sobretudo à ignorância; ao medo e à leviandade com que estes temas são geralmente abordados pela comunicação social… Penso que, por exemplo, se deveria ter algum cuidado ao falar em “terrorismo islâmico”. O Islão nada tem que ver com isto, da mesma forma que o cristianismo nada tem a ver com o IRA, ou com o Cristopher McVeigh e os seus actos terroristas…
Obviamente que não se pode dialogar com este tipo de gente e que será necessário usar de todos os meios ao alcance da humanidade para combater o terrorismo, mas também é óbvio que as políticas globais têm que ser alteradas para que os terroristas não possam usar a ignorância; o atraso; o desespero; o fundamentalismo; para engrossar as suas fileiras de fanáticos (é muito fácil encontrar fanáticos onde cresce a raiva, o desespero e a ignorância…)… E neste campo os Estados Unidos, lamentavelmente, têm muitas culpas no cartório. De facto, penso até que, neste aspecto, o pior que podia ter acontecido ao mundo foi ter aparecido um George Bush…
Está tudo tão complexo, que provavelmente vão-se passar séculos a estudar o fenómeno.
Quando agora se revela que os bombistas a) são de Leeds; b) são da famosa “segunda geração”; c) são instruidos e sem problemas económicos; d) são pessoas normais (chocou-me particularmente ver o depoimento das pessoas que conheciam o senhor Khan, na escola onde ele trabalhou dedicadamente com crianças); e) são suicidas…
Bem, acho que lá se foram uma série de teorias.
Do ponto de vista da Europa, essencial era travar imediatamente a imigração. Pelo menos até se perceber o que se passa, de modo a não criar mais problemas de solução impossível à luz da nossa civilização.
Para mim a Al-Qaeda neste momento já não é nada. É capaz de já nem existir como tal e nos moldes que foi criada. O seu grande feito foi ter colocado as coisas a andar. É uma filosofia de início de século, onde infelizmente e pelos vistos, uma série de indivíduos vão colher inspiração. Depois alguém “assina” a obra na internet, perpetuando e dando mais velocidade ao movimento.
Mas, acho que nem eles sabem o que querem.
Sim… Acho que tens razão, na generalidade. No entanto, gostaria de frizar que penso que será impossível “travar” a imigração. Pelo menos do modo como tem vindo a ser feito. Só em Itália (escrevo de memória) há 16 campos onde sobrevivem milhares de imigrantes à espera (alguns à anos) de ver a sua situação legalizada, que “sorvem” milhares de euros ao governo italiano; à Europa e aos próprios italianos. Não penso que isto vá acabar nos próximos tempos, bem pelo contrário, a continuar assim irá aumentar exponencialmente. Enquanto as condições de vida se forem degradando nos países do sul; enquanto se continuar a cavar o fosso e a diferença entre a riqueza dos países do norte e a pobreza dos do Sul; enquanto aumentarem as guerras em África, na Ásia e no Médio Oriente; enquanto se continuarem a apoiar regimes cruéis e ditatoriais como o da Arábia Saudita (por exemplo) é óbvio que a imigração irá sempre aumentar… E não adianta vedar tudo com muros e arame farpado. As pessoas acabam por entrar de qualquer maneira, procuram, legitimamente (eu faria o mesmo), forma de escapar à miséria; às fracas condições de vida; à pobreza; à exploração; à doença… foi assim que se povoou a Europa. Há que ter a consciência de que neste momento os países industrializados (ditos “desenvolvidos”) vivem à custa da exploração dos recursos dos países do sul e do 3.º Mundo. Os Europeus (nós) que apenas poderiam consumir 2,2 hectares de terreno, consomem, neste momento 4,8… (salvo erro – cito de cor dados da WWF). É isto que eu quero referir, quando digo que há que (re)pensar a política global. Não me parece que seja fomentando guerras nos países, já de si pobres, que se resolve este problema… Bem pelo contrário, parece-me que será exactamente o oposto.
Mas, na generalidade, concordo com o referido. E, claro que isto vai dar muitos anos de discussão e rios de tinta das mais díspares (e disparatadas) teorias… O que não duvido é que estas acções provocam sempre reacções negativas e que penso que são o seu principal objectivo. Fazer crescer o medo; a insegurança; o ódio; a xenofobia; a intolerância… e conseguem-no! (Só após o dia 7 houve já em Inglaterra mais de cem ataques a comunidades muçulmanas… É isto, a violência gera violência e a estupidez gera estupidez…)!
O mundo é cada vez mais pequeno e é urgente viver em paz…
Sem dúvida que concordo contigo. Quando disse travar a imigração, não me ocorreram soluções para tal. A legal, podia-se travar mais facilmente e estou em crer que os pregadores que andam por essa Europa fora a incitar ao ódio nas mesquitas, estão em situação legal. Esses seria de os correr urgentemente.
O resto, acho que já se tem falado. Não vale a pena dizer “não emigrem por favor” a pessoas que morrem de fome, ou que convivem com a violência diariamente (aliás, basta pensar que muitos emigram arriscando a própria vida — situação que outros povos emigrantes, Portugal ou Irlanda, por exemplo, não conheceram).
A conservação do ambiente também passa por aí, é escusado pedir para não matar animais em via de extinção, a pessoas que morrem de fome. Nesse caso, é a lei da natureza.
Tudo isto aconteceu muito rapidamente. Talvez desde os descobrimentos e posteriormente após a revolução industrial. A nossa civilização é capaz de durar menos que muitas outras da antiguidade. As pessoas esquecem-se que estão aqui de passagem. 1000 anos, nem uma gota chega a ser no caldeirão do tempo. Talvez fizesse bem rever o “Cosmos” de Carl Sagan.
Por muito que me custe dizê-lo, tenho que concordar contigo JRF.
Chegámos a um ponto tal que as coisas deixaram de ser cinzentas e passaram a ser preto-e-branco.
Temos cada vez mais problemas dentro do que se pode chamar Civilização Ocidental, mas a alternativa é impensável.
Chegámos a um ponto em que só se pode pensar numa coisa:
Ou nós ou eles!
A questão da segurança vai ser debatida (já o é) “ad nauseum” por toda a gente, e toda a gente dá a sua opinião, quais treinadores de bancada.
A emigração crescente aliada à insegurança , adquirem particular relevância, em especial quando aliados a uma comunicação social que procura o alarmismo e o choque como meio de conquistar audiências. O caso do famoso “arrastão” foi sintomático.
A reacção política é tendencionalmente criar medidas que comprometam a liberdade de cada cidadão, justificadas em parte ou no seu todo, pela insegurança.
Quando estas medidas não são acompanhadas pelos correctos mecanismos de vigilância e fiscalização, podem criar mais danos do que a insegurança que as originaram.
Olhando para o famoso “Patriot Act” americano, não deixa de ser irónico que foi um dos “Founding Fathers” da democracia americana, Benjamin Franklin, que escreveu:
“Quem troca liberdade por segurança, não merece nem a liberdade nem a segurança.”
Parece que o Dr. Pacheco Pereira posteriormente também resumiu o assunto a “ou nós ou eles”, no Público.
No tal “arrastão”, não reconheço qualquer tipo de credibilidade em quem o veio desmentir. Aliás, trata-se de uma seita perita em manipular a comunicação social, que por acaso, adora ser manipulada. Se foram 500, 499 ou 300 delinquentes é-me completamente indiferente. Que venham atirar areia para os olhos, já não. Esses mesmos senhores também andaram por aí a tecer uns comentários sobre as imagens da CP. Uma palavra de defesa das vítimas e das autoridades é que não se ouve por parte dessa gente.
Relativamente à liberdade, já pensei no assunto e considero um conceito bastante abstrato no sentido que tem significados diferentes para pessoas diferentes. Para mim, é uma palavra composta por outras, num sentido de lógica booleana. A “segurança” é uma parcela que vale tanto como as outras e se não existir, o resultado é falso (ou zero, em lógica binária). A frase talvez tivesse sentido, numa fase de precaridade da democracia e construção da nação.
Graças à cada vez mais essencial Wikipedia descobri que a minha citação não só era incorrecta como incompleta. A citação correcta é:
“Those who would give up Essential Liberty to purchase a little Temporary Safety, deserve neither Liberty nor Safety.”
É uma pequena-grande diferença.
De qualquer modo, como Franklin morreu 1 ano depois da eleição de Washington como o 1º Presidente dos EUA, a precaridade da democracia nessa altura era óbvia, e claro que concordo contigo.
No entanto, muitos esquecem que apesar de Portugal como Estado ser quase milenar, a nossa democracia é bastante mais jovem do que quase todas as democracias europeias (e americanas).
Apesar das monarquias parlamentares do Sec. XIX, e do período conturbado da primeira república, a democracia, no verdadeiro e moderno sentido do termo, só é implementada de facto nos primeiros anos da década de 80 do século XX, ou seja, pouco mais de 20 anos.
20 anos é muito pouco tempo para dizermos que há maturidade democrática…
Não entendo como se pode ver o mundo a preto e branco. Felizmente existe a luz, ou seja todas as cores e não entendo como haja quem quer viver nas trevas… De facto, “não há pior cego que aquele que não quer ver”, sendo certo que esta visão bipolar aproximar-nos-á muito mais dos grupos que protagonizam estas atrocidades, pois para eles certamente tudo é a “preto e branco”. O mundo é de todas as cores e esta uniformização tem acontecido essencialmente através de um conceito unipolar de “globalização”, que desrespeita todas as outras formas de cultura e civilização… Por outro lado quem somos “nós”, e quem são “eles”? Eu que no dia 7 de Julho fui londrino, inglês e europeu, no passado sábado, dia 16, onde no Iraque morreram mais de 100 pessoas em ataques terroristas (entre elas mais de 30 crianças…) fui iraquiano e árabe… Da mesma forma que sou muçulmano de cada vez que é atacada um mesquita por grupos de fanáticos extremistas e da mesma forma que serei budista tibetano enquanto a China ocupar este país. Por outtro lado, recordo que nas últimas semanas, precisamente em Inglaterra a própria comunidade portuguesa tem sido alvo de “ataques”, porque houve um português que assassinou uma rapariga… De repente os outros passamos a ser nós e lá se vai a teoria do preto e branco. Nós sempre fomos um povo imigrante, isso faz parte da nossa maneira de ser, da nossa cultura e identidade, e mostramos muitas coisas ao mundo, sendo que apesar de tudo temos ainda uma história de que nos podemos orgulhar, até na relação que travamos com os outros povos…
A nossa democracia é bastante jovem, mas são 31 anos e não 20. Além disso, há estabilidade qb e o sistema está mais que testado. São 31 anos muito diferentes dos primeiros 31 anos de democracia nos EUA. Nem se pode comparar.
Ou seja, para o nível de insegurança que há, para mim não há justificação possível. Já praticamente ninguém conhece ninguém que não tenha sido vítima de alguma coisa. Nós já fomos assaltados em casa, o carro três vezes, a minha mãe a 100 metros de casa… Ver no Público de hoje, um artigo sobre o assunto (ainda não li). Não me sinto livre se não andar à vontade na rua e seguro em casa com a minha família. E não troco isso por nada.
Quanto à democracia propriamente dita, também já pensei no assunto e concluí que gera paradoxos de difícil ultrapassagem. Uma democracia madura, é essencialmente bipolar. Os restantes partidos são durante décadas relegados para funções de legitimidade decorativa e folclore eleitoral.
Mais. Os partidos da bipolarização são duas faces da mesma moeda. Pela razão que mesmo quem não tenha uma visão clubística da política, não dá voltas de 180º de quatro em quatro anos. Assim, as maiorias são sempre dos mesmos, o próprio sistema dificulta ao máximo o aparecimento de outros e principalmente torna impossível qualquer veleidade de êxito de cidadãos fora do sistema partidário. É portanto a verdadeira partidocracia.
Sobre as crianças barbaramente assassinadas no Iraque por estarem a receber chocolates dos soldados americanos, é de assinalar que a Al Qaeda veio desmentir que estivesse relacionada com o atentado. O que é mais um sinal, que o terrorismo está deixado ao livre arbítrio de cada um, a Al Qaeda limita-se depois a gerir — este em particular, até para eles foi demais, não interessou. É uma situação deveras grave, não existe voz de comando, hierarquia, nada. Só fanatismo sem sentido.
Sobre o preto e branco, diria que ninguém quer ver o Mundo assim. Mas, se as pessoas começarem a ser encurraladas por um crescendo de acções violentas e contra-acções violentas, não tenhas dúvidas que começa a ficar tudo preto e branco (e quando muito, vermelho). Apesar de Madrid ser perto, tem sido lá longe e apesar de tudo, com pouca frequência.
Já se fala do ressuscitar de correntes filosoficas como o niilismo. Um dia destes voltamos a falar no maniqueísmo.
jrf: lamento discordar mas na minha opinião, o que começou em 25 de Abril de 1974 foi um processo de democratização. Nada do que se passou em 1975, por exemplo, se pode chamar de democracia, apesar das eleições em 25 de Abril.
Confesso que talvez não tenha pensado correctamente e tenha sido demasiado exagerado ao colocar o início da democracia de facto no anos 80. Uma melhor data talvez tenha sido em 1976 quando foi finalmente aprovada a nova Constituição, mas nunca em 1974.
cerveira pinto:
Nós, somos todos os que pensamos que nenhuma razão justifica o sofrimento e até a morte de seres humanos inocentes.
Eles são os que planeiam, executam e financiam esses actos.
Sejam eles quem forem:
A al-qaeda, o George W. Bush, a ETA, o Charles Manson, os xenófobos ingleses, o Mobutu Sésé Seko, etc, etc…
Partilho do seu respeito pela diversidade humana em todas as suas magníficas e fantásticas cores que apesar de tudo, não me deixam de surpreender e me dar uma réstia de esperança e fé para o futuro.
Nem podia ser de outra forma, porque afinal somos portugueses, que mais do que qualquer outro povo na Europa sabemos bem o que é misturar culturas, etnias e ideias. Basta olhar para quem passou por cá e por onde fomos nós passando aos longo dos séculos da nossa história.
Caro Nuno:
Ufa!… Que alívio. É mesmo isso… Partilho completamente o que escreveu neste último texto. Só que quando vejo pôr as coisas em termos de “preto e branco” e estabelecer a dicotomia “nós-eles”, ponho-me logo de pé atrás… É um tipo de postura que, geralmente, indicia o oposto do descrito e que, quanto a mim, é precisamente o que está na origem deste tipo de fenómenos extremistas e bárbaros… A este propósito (e também devido à menção ao maniqueísmo pelo José Rui) lembro-me do revelador livro do escritor (de origem libanesa) AMIN MALOUF – “As Identidades Assassinas”. Sobre o maniqueísmo, escreveu este autor um livro, também de referência, chamado “Jardins de Luz” onde desmistifica completamente a figura de Manu (de facto o termo maniqueísmo não deveria ser pejorativo…). Gostaria apenas de salientar, tal como já referi, que a forma como os países “industrializados” estão a agir relativamente ao resto do mundo (aos “outros” povos e culturas – só neste momento estão em vias de desaparecer 70 tribos indígenas que são menos faladas que as baleias ou as focas…), mas também ao próprio mundo, não pode gerar nada de bom. É preciso combater as noções rígidas (e falsas) de identidade, da mesma forma que é necessário estabelecer pontes para o diálogo e para o conhecimento de outras realidades civilizacionais (o que até já começou a ser feito a nível religioso sobretudo através do exemplo notável de ecumenismo proclamado por João paulo II). Não tenho dúvidas de que o que acontece com cada um destes actos terroristas é precisamente o contrário. Por exemplo, embora na realidade não seja possível culpar o Islão pelo sucedido, é isso que imediatamente sucede. O “outro” (eles) passam imediatamente a ser o bode expiatório e são sobretudo os imigrantes que “pagam as favas”. Não passa pela cabeça de ninguém culpar o cristianismo pelos actos do IRA e as bombas de Israel matam tanto árabes muçulmanos como cristãos, por exemplo… Por isso, tudo isto é muito mais complexo que uma suposta visão a preto e branco. Resumindo: ainda bem que estamos de acordo. Bem haja…