Portugal Paraiso Renovável*

O Pedro Rocha escreveu um bom texto no Solariso, sobre a possibilidade de aproveitar a energia renovável que está disponível em Portugal. Basta colhê-la. Alguns comentários.

Não vale a pena perder tempo a discutir a energia nuclear em Portugal. Não tem pernas para a andar e é gastar tempo e energia.
A energia eólica é a que tem merecido mais atenção e é a que se está a tornar mais visível. Demasiado visível, diria eu. Os governantes insistem em autorizar a instalação de geradores em tudo o que é sítio, que infelizmente coincidem demasiadas vezes com locais protegidos ou de valor ambiental elevado. Se o impacto dos geradores para além do visual é muito pequeno, o da sua instalação não é. É necessário estar vigilante neste particular, porque anda aí muito autarca vestido de verde e ambientalistas progressistas, que não olham a meios para a instalação de mais geradores, sem rei nem roque. O “off-shore”, como neste exemplo na Dinamarca, continua sem se ver por cá. E até são geradores que, em alguns casos, se tornam atracção turística.
Relativamente às barragens, sejam grandes ou mini, o país já tem demais. Os custos ambientais são muito maiores do que parecem. No caso do Rio Bestança, a Associação para a defesa do vale do Bestança, tem como primordial objectivo, impedir a instalação de mini-hídricas no rio. Tem tido sucesso, felizmente. Mas, o que se nota é que não dá sequer para olhar para o lado. Os “investidores” só esperam um deslize, ou conseguir colocar os seus fantoches na câmara, para com a conivência do governo, consumar os seus intentos. E têm todo o tempo do Mundo.
Dizem que há um projecto para aproveitar a energia das marés ondas aqui no Norte, mas não ouço ninguém a falar nisso. É suposto estar a funcionar em 2006.
Para o biodiesel consta que há um projecto da SAG, mas parece que está no segredo dos deuses.
A energia solar térmica, não há meio de ganhar massa crítica. Por esta altura, já não deveria de haver prédio, casa ou barraco novo, em que não fosse obrigatória a instalação de um sistema destes. É gritante que nem nos edifícios públicos isso aconteça. Nem imagino, o que as pessoas, como cidadãos e contribuintes, poderiam poupar anualmente. A energia solar fotovoltaica, continua no mais pastoril dos marasmos.
Neste preciso momento, as energias renováveis estão num ponto de viragem nos países desenvolvidos e mesmo em países como a Índia e China. Há dinheiro para investir nas tecnologias existentes e há finalmente dinheiro a sério a ser aplicado na investigação.
A este país, continua a faltar visão estratégica, neste assunto como em muitos outros. Nem de propósito, a Quercus lançou um alerta sobre as consequências de não cumprir as metas de Quioto. O assunto não preocupa este governo, nem preocupou os anteriores, porque é sempre a mesma política abjecta do “quem vier atrás que feche a porta”. Enquanto der para comer e beber, está tudo óptimo. Para isto, realmente mais valia não se ter assinado. De figurinhas tristes está o planeta cheio.
*Obviamente, roubei o título ao Solariso.

Uma resposta para“Portugal Paraiso Renovável*”

  1. Pedro Miguel Rocha

    Queria apenas deixar uma pequena correcção.
    Não existe nenhum projecto em Portugal para aproveitamente da energia das marés. Existe isso sim um projecto para aproveitamento da energia das ondas e têm saido noticias tanto na revista Tecnologia do Ambiente, Águas & Ambiente.

    Energia das marés,é uma tecnologia que já existe mas que está muito limitada às condições geográficas uma vez que implica haver um grande desnivel entre o nivel de água em maré cheia e o mesmo em maré baixa.
    A energia das ondas é uma tecnologia ainda em desenvolvimente, em que Portugal se encontra no pelotão da frente, quer em termos de investigação como de participação em projecto internacionais com vista ao desenvolvimento desta tecnologia. Nos Açores existe uma unidade piloto em andamente, e creio que existem apenas mais uns 3 ou quatro sitio no Mundo onde a energia das ondas está a ser testada.

    Neste momento procura-se aferir a viabilidade e feabilidade dos sistemas para que se possa avançar para a fase de comercialização. Espera-se no entanto que por volta de 2010 este tipo de tecnologia já se encontre em fase de comercialização e então ai sim teremos de fazer uma aposta forte.
    Por enquanto resta-nos manter-nos no pelotão da frente e é claro que isso também faz parte da responsabilidade e visão estratégica dos nossos politicos. Por parte dos cientistas estou seguro que todos querem continuar.

  2. jrf

    Caro Pedro, obrigado pela correcção. Efectivamente tinha colocado “ondas”, quando vi “tidal” num artigo sobre projecto escocês para a costa portuguesa e mudei sem mais delongas — entretanto voltei a corrigir.

  3. Joao Espinho

    Mais uma pequena correcção. O parque eólico off-shore que mostra fica em Copenhaga, Dinamarca. Já tive o prazer de ver este parque durante a aproximação ao aeroporto de Copenhaga, e o impacto visual, realmente, não tem nada a ver com um parque situado em terra.

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