No palheiro do senhor Franklim
Esta é a primeira vez que venho ao Sargaçal e vou ficar vários dias mesmo ao lado… ou seja, é o mais perto que estive de ficar no próprio terreno. Vou ficar num palheiro arranjado do senhor Franklim, o meu vizinho que é a simpatia do costume. Entre chegar, ir a Cinfães comprar uns bifes, almoçar e instalar-me, só começamos a trabalhar às 14h30 e foi seguido até às 20h30. Nesse tempo todo, não consegui sair da primeira quelha e hoje temos que voltar para lá, perto da entrada. Algo me diz que eu, pessimista para tudo, mais uma vez vim para aqui floribundo de optimismo quanto ao que aqui consigo fazer.
À noite, aqui sozinho, a sensação é completamente diferente de estar em casa… e acho que é isso que se pretende. Acendi o fogareiro e grelhei um bife de carne arouquesa… a D. Clotilde trouxe-me sopa e melão. O palheiro tem televisão (que não ligo) e comodidades modernas (frigorífico, micro-ondas, máquina de café…), mas há uma que não tem: cama. Dormi num saco-cama, o que se revelou mais fácil de dizer do que fazer. Ontem, mais de cinco horas de lenhador e já me doía o corpo; hoje depois de acordar, sinto-me como se estivesse dez horas de lenhador… aumentou cinco… devo ter sonhado com a motosserra. O ser duro nem foi o pior… a estreiteza e a temperatura são o pior. O saco cama tanto é frio se o abro muito, como um forno se o fecho. Mesmo assim, logo vou buscar um colchão novo que o senhor Franklim tem… porque de uma forma ou de outra estou todo partidinho. E hoje esperam-me umas dez horas reais de lenhador. Tomei dois cafés para uma energia extra.
Esqueci-me do cabo da máquina fotográfica, publicarei fotos posteriormente.
Uma resposta para“No palheiro do senhor Franklim”
Um palheiro com internet é um verdadeiro luxo :), e “floribundo”? é furibundo com flores?
Ficamos à espera das fotos!
Um palheiro tão bem equipado de electrodomésticos e sem uma cama?
Quando comecei a ler o post, fez-me lembrar a obra ‘Walden’, de H.D. Thoreau, mas depois a televisão, frigorífico, micro-ondas e etc estragaram tudo.
Isso era giro era com pouco mais do que uma vela para atenuar a escuridão!
Moderníces!!
Bom trabalho e fico à espera das fotos!
Bom trabalho ai pelo Sargaçal! Para aliviar as dores de lenhador umas massagens nos pés ajudam, coisas da reflexologia!
A internet ligo via iPhone o Macbook. Dá jeito, mas a rede é bastante má. Também a verdade é que escrevi o texto offline e estive online pouco mais que publicá-lo. Meti umas fotos no Facebook directamente com o iPhone.
É verdade, não tem cama… acho que vai ter (por minha causa). Mas pelo que percebo, a ideia do palheiro é para comes e bebes do senhor Franklim com os amigos, não exactamente para eu tomar de assalto.
Quanto ao resto ainda ontem falava com uma prima sobre isso… e sobre o que as pessoas (cá) dão valor. Diz ela que na Noruega e Islândia, as casas de férias deste género, no meio do campo, são o absoluto mínimo. E na verdade, se venho da cidade, cheio da cidade, a última coisa que quero é trazer a cidade. A tv então, já nem na cidade quero ouvir falar. Um senhor Suíço que uma vez cá esteve (deve haver um post), que é médico e não é por falta de possibilidade, tem uma casa de campo na Suíça que nem electricidade tem.
Eu das comodidades modernas utilizo a electricidade, água quente e máquina de café. Mais nada. Só faço grelhados e lavo a louça (também tem máquina de lavar!).
Maria José, obrigado pela visita e a dica.
[…] sobre a minha última ida ao Sargaçal… Da forma que as coisas vão, quase se poderá dizer que este será o custo anual total de […]
[…] pai. Continua a tarefa de trazer lenha para o Inverno que se aproxima. Voltei a encher o jipe e só destes três dias (ou dois e meio) ainda dará para encher o jipe umas três vezes. Antes, passamos no talho […]