A lógica da batata
Hoje não tirei fotografias, nem me lembrei. Talvez não houvesse nada de assinalável. Em frente, por baixo da entulheira, um bom pedaço queimado; atrás, fora da vista, por perto de Vila Viçosa onde em Março passamos na caminhada, tudo queimado — e tudo, são hectares e hectares.
Na parte da tarde, por detrás da montanha, mais fumo. Em frente, junto a um parque eólico, mais fumo. No regresso a casa, mais para os lados do Marco, outro incêndio activo. Não é inevitável, nem é natural. Enquanto houver perdão para os responsáveis, há-de arder tudo, até não restar nada.
Voltando aos assuntos internos do Sargaçal, hoje foi o dia que levei mais géneros para casa: batatas, ameixas caranguejeiras (ou raínha Cláudia), feijão e algumas laranjas. Mas, nem por isso me sinto muito satisfeito, devem ser os incêndios que me deixam neste estado de espírito, onde o resto me parece talvez mais negativo do que realmente é. O que é facto é que os feijões são algo miseráveis e as batatas mais ainda. Um dia a cavar para 150kg de batatas? Às vezes, julgo que tenho de re-equacionar toda esta situação.
O Sr. Cristóvão continua a dividir a água a que temos direito lá à maneira dele. É desconcertante, para dizer o mínimo. O problema é que cada vez que a água falta nos tubos, demora muito mais de uma hora a voltar a ter água nos tanques, encher e purgar os tubos (tirar o ar, senão a água não entra) e a paciência anda-se a acabar em grande velocidade.
Felizmente, o Sr. Américo apareceu e o Sr. Resende também, já no fim da tarde. Também o Sr. Alcino, para se combinar a rega durante o mês de Agosto. O Cláudio resolveu não aparecer.
Uma resposta para“A lógica da batata”
Este vosso blog é mesmo muito interessante. Afinal, quem são vocês? Onde é o Sargaçal? O que vos fez ir para aí e o que estão a fazer?… e já agora, está a correr bem?
Somos um casal normal numas coisas e anormal noutras. A nossa vida, vista de fora parece “acertada e no bom caminho”, segundo vários amigos. Mas, não sabemos se é ou se está e muito menos onde esse bom caminho nos levará.
Digamos que temos uma vida calma que podia ser ainda mais calma, se por exemplo, não fosse este Sargaçal. Temos uma livraria especializada em banda desenhada (Mundo Fantasma) e uma micro editora (MaisBD) e às vezes também fazemos algum design gráfico. Temos uma filha nada menos que espectacular e esperamos um filho em Outubro.
O Sargaçal fica em Cinfães, mesmo ao lado de Vila de Muros. Tem 5 hectares ou coisa que o valha. Dá muito trabalho e despesa. Mas isso seria o menos. Há também o Sr. Cristóvão num crescendo de incomodação, ao ponto de esta semana estarmos a repensar tudo.
A ideia do Sargaçal, vem na sequência da total insanidade da vida nas cidades de hoje. Viemos para aqui porque gostamos do local, tem o Rio Bestança — um dos rios menos poluídos da Europa, uma associação de defesa do vale e em última análise o Sr. Cristóvão, sempre de lagriminha no canto do olho, acabou por nos convencer.
Venho com frequência cuscar o vosso site, eu e o meu marido também nos metemos na bela alhada de comprar uma quinta… e agora mãos á obra… dá uma trabalheira incrivel e despesa, mas vale a pena ao fim de um dia de trabalho olhar e dizermos…” está a ficar como queremos não está??”
Cara Luisa, obrigado por passar por cá. As novidades têm sido poucas…
Comprar uma quinta ou um terreno, tem grandes vantagens — fui ver o seu blogue e acho que uma das principais é ver as crianças crescer num ambiente mais saudável (mas a desvantagem pode ser não haver mais crianças por perto).
No nosso caso, sinto que se não concretizar a construção de um “refúgio de montanha”, o terreno não se desenvolve muito mais. No presente não temos vida para o vai-e-vem que eu fiz no início. E também os custos não são os mesmos, aliás entre gasóleo e portagem, duplicaram.