Mutantes
Esta semana fui a casa de um amigo tratar de um seguro com o pai dele e a mãe olhou para mim e exclamou “Este está na mesma. Não parece que está casado e que tem filhos” e eu disse “pois não”.
E é verdade (embora tecnicamente não esteja casado…). Mais tarde fui almoçar com outro amigo, com as minhas sapatilhas de montanha, calções e t-shirt. Ele foi de fato e gravata.
E realmente comecei a pensar no assunto. Estou rodeado de mutantes. São pessoas que cresceram, tornaram-se adultos, casaram, engordaram, arranjaram os seus empregos. Uns continuam amigos, outros são recordações, ora nostálgicas, ora distantes. Suponho que também mudei em alguma coisinha, mas nunca me adaptei.
Uma vez numa loja de informática, numa cena surreal, um astrólogo que eu não conhecia, chamou-me purista radical (eu devia ter uns 16 anos, era o tempo do ZX Spectrum e do Commodore 64). Passados 20 anos, pelo menos acho que já não estou tão radical. O meu pai continua a dizer que sou “mesmo banda desenhada” e a Susana queixa-se que já tem duas crianças e em Outubro vão ser três…
Tem-me sido permitido viver noutro planeta e enquanto puder vou continuar e não vou pedir desculpa por isso. Além do mais, se é tudo assim tão maravilhoso, porque ando com a tensão alta?
Uma resposta para“Mutantes”
Essa birra é mais comum do que parece. Teimar em ser banda desenhada, estar sempre ao lado mas nunca dentro. Se o contexto nos permite ser dessa forma, estamos integrados.