Árvores centenárias destruidas em Leça da Palmeira
Estava eu a jantar num cafezito na Boavista e distraidamente a ler o JN, enquanto na TV passavam pela enésima vez os “importantes casos” do Benfica-Porto, quando deparo com uma notícia chocante! Abateram todas as árvores centenárias da Quinta dos Ingleses, em Leça. Pedi aos proprietários para cortar o jornal, para ler melhor em casa. É intolerável.
Ao visitar o Dias Com Árvores, não só reparo que a notícia já lá está como inaugurou a secção de más notícias. Mas as más notícias não se ficam por aqui.
No jornal Matosinhos Hoje, um artigo publicado em Julho de 2004, não só dava eco à preocupação da população sobre o destino daquele espaço, como demonstra de forma contundente a velhacaria dos promotores imobiliários, contrutores, arquitecto e Câmara Municipal de Matosinhos, com esta pérola do marketing moderno: “Na tranquilidade paisagística do parque urbanístico, foram projectadas pelo arquitecto Bernardo Ferrão nove habitações de qualidade exemplar, com a integração de uma automação doméstica (domótica), conjugando a estética arquitectónica com a perfeita integração no meio ambiente, preservando o palacete e os exemplares arbóreos existentes no mesmo”.
Isto está em linha com o raciocínio sinistro de nos virem fumigar com herbicidas à porta numa carrinha da “Divisão da Qualidade de Vida”. É mais uma página edificante no curriculum ambiental do Sr. Narciso Miranda e da Câmara a que preside. A ver se sai uma fotografia do senhor presidente, junto aos exemplares abatidos, na Revista Municipal de Matosinhos. Afinal, não é todos os dias que arranca uma importante obra de nove habitações de luxo. Que importa que aquelas árvores sejam insubstituíveis pelo menos para duas ou três gerações?
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