Vitelos


Hoje ao subir o estradão, notei estranhas pegadas. Não estavam cá ontem. Resolvi segui-las para ver no que dava.

Fui parar ao Lameiro Pequeno. Junto ao nosso carvalho grande, dois vitelos nada pequenos. Quando me viram, ficaram tão curiosos como eu. Pessoalmente gosto de todos os animais, mas estes pareceram-me grandes demais para serem amistosos, resolvi ir dar uma curva e pensar no assunto. Que andavam a fazer dois vitelos no nosso terreno?
Entretanto apareceu um esquilo e como para mim é irresistível, lá fiquei no esquilo-spoting, enquanto pensava no mistério dos vitelos. Concluí que não valia muito a pena. Fui tratar de vida, ou seja apanhar umas castanhas, recolher umas mangueiras e abrigar-me da chuva de vez em quando.
Como a chuva não parava, o Cláudio não apareceu e não dava para fazer grande coisa, resolvi começar numa ponta a tirar umas notas e a planear a questão da plantação das novas árvores.
Depois do almoço, fui verificar o paradeiro dos vitelos. Não os encontrei, mas reparei que um caminho que vai dar ao terreno do senhor Américo, estava bastante danificado. Resolvi ir procurar o senhor Américo. Chovia forte e feio. Não o encontrei, mas ao regressar ao terreno por cima, dou de caras com os vitelos, dentro do barracão, abrigados da chuva e a ruminar nas calmas a erva toda que comeram no lameiro. Quem acha que os animais não têm inteligência, é burro. Não pude deixar de sorrir com a esperteza destes dois, mas depois comecei a achar esperteza a mais. Como é que encontraram o barracão, na ponta oposta do terreno com esta limpeza? Não me digam que na minha ausência, há algum artista a pôr o gado a pastar na nossa propriedade! Isto é calamitoso, ainda para mais estão numa zona em que é só árvores pequenas que plantei. Dois marmanjões deste tamanho devoram-nas numa dentada só. Isto não pode ser. Fui procurar o senhor Américo outra vez. Lá vai a tarde. Não o encontrei.
Quando regressava, ouvi grande movimentação. Vai ser agora que alguém me vai dar explicações. Corri e estava lá um senhor que não conhecia, os dois vitelos em movimento, o senhor Zé (irmão do senhor Américo) e o senhor Laureano, que me explicou que os vitelos fugiram ao senhor Franklim e ninguém sabia deles. O senhor Américo estava no Porto porque a exposa tinha sido operada (estava bem e a recuperar).
Ah! Afinal está tudo calmo no Sargaçal.

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