Ponte de Lima, Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d’Arcos


Por sugestão de um amigo, resolvemos fazer uma visita a estes 350 hectares de paisagem protegida, em Ponte de Lima. É um investimento muito interessante, aberto ao público há pouco mais de um ano. Está tudo muito bem organizado, com uma imagem profissional — incluindo um Guia de Visita, que sugere cinco percursos –, bem sinalizado e na generalidade bem cuidado.

Inclui diversos equipamentos de apoio como o Centro de Interpretação Ambiental, postos de observação (de onde não observamos nada, é certo), bar e sala de exposições (fechados), auditório, parque de campismo e albergue (na Quinta de Pentieiros, já fora da área protegida)…
No Centro de Interpretação Ambiental há um esforço educativo e uma loja com “merchandise” das Lagoas. Ambos um bocadinho incipientes. Mas, é um começo. As pessoas ainda são poucas e visitas de qualidade (que dêem valor a um livro ou uma t-shirt com uma lontra), ainda menos. Acho, no entanto, que será o caminho, os americanos, do pouco ou nada, fazem comercialmente muito. De três pontas de flecha fazem um museu e comercializam tudo o imaginável e inimaginável onde possam enquadrar as três pontas de flecha.
Resolvemos fazer o percurso III, que demorou cerca de uma hora, mesmo com as crianças. O itenerário pela lagoa é realizado por um passadiço e o restante em caminhos muito bem arranjados na sua quase totalidade. Durante um certo tempo, somos acompanhados pelo rio Estorãos, que embora não seja um curso de água exemplar, está a ser desenvolvido um certo esforço para o despoluir.
Não duvidando de modo nenhum do valor ambiental desta zona, ainda para mais sendo uma zona húmida, nota-se que falta qualquer coisa. É o bosque original. Nem que fosse uma pequena amostra, aqui e ali. Mas não. As espécies predominantes são o pinheiro bravo e eucalipto. Os eucaliptos serão talvez as únicas árvores de grande porte (pontuadas por um carvalho ou outro). O resto, além do ar igualmente humanizado, falta-lhe a majestade de algumas “árvores com história”. De qualquer modo, as coisas só poderão melhorar, pois a plantação nova é essencialmente de carvalhos — daqui a uns anos, teremos um bosque muito acolhedor.
De menos positivo, ou melhor negativo, os visitantes. Cada vez tenho menos tolerância para broncos, fico logo com vontade de dar meia volta. Apesar dos sinais a pedir algum silêncio (ou pelo menos pouco barulho), para não colher ou estragar a flora, para não perturbar a fauna… Lá estão os broncos, mais os seus sacos plástico e lixo que carregam para todo o lado e que por lá deixam; os berros; os palavrões; colher flores; apanhar grilos; urinar virados para a estrada, para quem passa ver em pormenor… Enfim, uma tristeza confrangedora. Um, num assomo de erudição exclama que no rio tem bogas; remata logo outro aos berros, “se fossem umas sardinhas assadas!”.
Não costuma haver futebol ao Domingo? Se não há estádios que chegue, construam-se mais 10. Começo lentamente a aperceber-me da grande vantagem que é ter os estádios cheios por esse país fora. Pode ser que estes locais consigam sobreviver à voragem. Os broncos não dão valor a nada.

Uma resposta para“Ponte de Lima, Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d’Arcos”

  1. OLima

    Obrigado pela pista de mais um passeio para comunhão com a Natureza. Excelente descrição dos pontos positivos e negativos do sítio. Entretanto, encontrei o seguinte blog, em inglês, que julguei que gostaria de ver:
    http://newdharmabums.blogspot.com/
    Abraço. Octávio Lima

  2. jrf

    Agradeço a sugestão. Confesso que gostei, mas não demasiado. Por vezes entram assuntos que me interessam mesmo pouco, tipo o John Kerry e os gays e a Microsoft e os gays. Mas, suponho que também sou assim, a falar de assuntos que só a mim interessam.
    No entanto, vi alguns links que podem interessar bastante.

  3. Sara Ribeiro

    Olá!
    Sr. José Rui, partilho da mesma opinião relativamente à bela paisagem existente em Ponte de Lima!
    No entanto, e apesar do esforço para que se torne um belo local de interesse público, a maioria das pessoas continuam a mostrar-se ignorantes e alienadas face a importância de preservar este e outros locais idênticos! Uma coisa é certa.. este ano lá voltarei e espero que todos os pontos menos satisfatórios, nomeadamente lixo, gente arrogante e ignorante e até mesmo os acessos à reserva, tenham sofrido uma evolução francamente positiva!
    Para os que não conhecem e têm “bons modos” na forma como tratam a nossa bela natureza… aqui fica o convite!!
    Sara, Penafiel

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