Afinal o dia passou bem
Queria agradecer a todos que ficaram aqui à espera. Especialmente à Manuela e à Susana. Também aos amigos que nos contactaram de outras formas. Confesso que andava sem vontade. Mas pronto, acabo aqui oficialmente as fotografias do incêndio. Voltei ao modo normal (que há quem diga que é uma anormalidade).
Fui na Quinta com o meu pai, que insistia que queria ir jantar à associação (ele também é sócio, mas sou eu que entro pela madeira). Habitualmente há um jantar de convívio às Quintas, com alguns sócios.
Calcei as galochas e em pouco tempo fiquei encharcado, porque estava tudo molhado. Pensamos em ir almoçar e voltar. Mas o tempo descobriu e torna-se um dos melhores momentos do vale, com tudo a brilhar ao Sol.
Fomos almoçar ao Rabelo, que achei mediano. Nada de especial. Ao almoço, ouvi de uma pessoa, que no fundo a culpa do que tem acontecido no terreno é minha, porque não tenho estrutura para manter aquilo. “Quanto maior a nau, maior a tormenta” e o trabalho de agricultor é a tempo inteiro. Ora bom, é aquilo a que eu chamo verdade de La Palice. É evidente que não tenho estrutura, indo lá uma vez por semana, muitas vezes sozinho, outras só com o Cláudio, 50.000m2 de trabalho sem fim e ainda um sacana a atear fogos e outros a chatear. Podiamos pagar, para regularmente, alguém ir tratando do assunto. Mas nem a pagar. Não só quase ninguém quer trabalhar, como a zona está a desertificar rapidamente (ler interior).
Por outro lado, não tencionamos (também por pura lógica) retirar dividendos financeiros do terreno. E é um objectivo meu, fazer as coisas. Para não fazer nada físico, dar umas ordens e estar sentado, ficava cá no Porto a respirar este lixómetro que anda no ar. Tenho um amigo também com cinco hectares em Celorico de Basto, ao qual também ardeu tudo há uns dois anos (ficaram pedras e terra), que tem outros objectivos. Este ano, mandou plantar 1.500 árvores. De uma assentada plantou o triplo das nossas. Mas, 1.000 são eucaliptos. Eu prefiro plantar 500 árvores decentes e fazer os buracos, com alguma ajuda evidentemente, mas sujando as mãos. Mas de resto, nem sou agricultor. A culpa é minha, mas apenas por ter comprado o que comprei, a quem comprei (uma parte pelo menos). É evidente que me queixo quando tudo corre mal, ou até apenas menos bem. Porque gostava que corresse melhor.
De tarde já se trabalhou espectacularmente. O Cláudio apareceu já mais ou menos recuperado da queda que deu de bicicleta e esteve a cortar erva. A roçadeira tem de ir para a revisão.
Tiramos ervas da espécie de horta. Colhemos feijões e ervilhas. Devo ter visto duas dezenas de joaninhas. Nos feijões, de uma assentada, vi sete — acho que o máximo de joaninhas juntas que tinha visto antes foram duas. Fui também colher groselhas brancas e vermelhas. As primeiras courgettes estão quase prontas a colher.
À noite lá fomos para o jantar. Somos os que estamos mais perto da sede, mas sempre os últimos a chegar. Foi um grelhado, que era mesmo o que me apetecia e esteve-se maravilhosamente. O meu pai estava encantadinho, comeu e bebeu que se fartou. Como sempre, encontrou um antigo colega de escola. É o Sr. Custódio Andrade, que mora na Avitoure (ou seja na “nossa rua”). De todos, o que come pior sou eu, mas de longe. Não sou grande garfo.
Mais tarde ainda fomos dar uma volta a pé até Valverde. Estava uma noite fria, mas muito bonita. Valverde, está situado mesmo no fundo da estrada e presentemente não tem saída. É um local do Vale, que arrisco dizer que é mais bonito que Vila de Muros. Estão agora a construir uma estrada que irá dar a Tendais. Ainda não está pronta, mas já dá para ver que é marca pistola. A povoação já deve ter sido muito engraçada, mas agora está cheia (são muito poucas no total) de casas desinteressantes, inacabadas até (do género em cimento ou até em tijolo), de pessoas com poucas possibilidades. Disseram-me que a casa mais rica de todo o Vale do Bestança tinha sido ali. Estava à nossa frente, em ruínas.
Na fotografia: À esquerda, estava um monte de árvores intocadas que tinha deixado para a passarada e restantes animais se abrigarem. Lá se foram as boas intenções.
Uma resposta para“Afinal o dia passou bem”
bom regresso! com joaninhas e tudo!!! ;-)