A certificação biológica
Na Feira Biológica, estava a comprar os exemplares em falta da revista “O Segredo da Terra”, quando reparei que mesmo ao lado estava o pequeno stand da Certiplanet, uma das entidades que certificam em Portugal produtos de produção biológica. Resolvi informar-me. A conversa foi com o senhor Fernando Serrador.
A minha primeira grande dúvida, era se a certificação abrange uma propriedade ou um produto. Pelo que entendi, certifica-se a propriedade, ou uma parcela e os produtos que de lá originam podem ser comercializados como biológicos. Uma propriedade típica, só consegue a certificação após dois anos. Excepcionalmente ao fim de um ano. É considerado o tempo de transição. No entanto, efectuando o pedido, passa a ter a designação de “propriedade em processo de certificação”.
O processo, passa por preencher uma série de formulários e de pagar um valor anual, dependendo do tamanho do terreno. É muito importante, julgo que obrigatório, manter um registo de todo processo produtivo. Como se fosse quase um diário da cultura, tipo “no dia x pulverizamos com calda bordaleza”.
Questionado sobre a garantia e fiscalização, o senhor Fernando Serrador explicou que são efectuadas visitas às propriedades, eventualmente sem aviso prévio. Também podem ser testes específicos aos produtos. No essencial, a verdade é que é muito difícil controlar um processo desta natureza.
Primeiro, porque as propriedades não são ilhas isoladas. Se a vizinhança for grande adepta da agro-química, como deve ser comum em 100% dos casos, resíduos desses químicos podem acabar e eventualmenrte acabam no terreno certificado, quer transportados pela água, quer pelo vento. O caso da pulverização com atomizadores é gritante. Posso informar que desde a Primavera que no Sargaçal se ouvem atomizadores a trabalhar a toda a hora. As micro partículas desses químicos são transportadas a grandes distâncias pelo vento. Estes casos devem ser descritos no formulário de candidatura, de modo a darem origem a testes e verificações.
Por outro lado, a minha conclusão geral é que o processo de agricultura biológica passa essencialmente pela honestidade dos produtores e por uma “crença” ou “ideologia”. No fundo uma ética de vida. Mas, eu já tinha mencionado aqui, que “o horizonte orgânico, está cheio de nuvens corporativas”. Conhecendo a espécie, não tenho dúvidas que quando se tornar um negócio “à séria”, tudo o que é agricultor (ou investidor) chico-esperto, vai-se tornar em grande paladino da agricultura biológica. E as coisas vão-se complicar.
No presente, também seria essencial acabar com todo o “green spin” alimentar e proibir todas as designações “bio” isto e aquilo. Só servem para lançar a confusão e desacreditar os produtos realmente certificados.
Não quero ser mal interpretado. Actualmente, compro qualquer coisa certificada biologicamente com a maior confiança. Aliás, bastava ter ido à feira para observar o entusiasmo com que os produtores presentes encaram a sua actividade. O meu problema é com o futuro. Ser vítima do próprio sucesso. Nesse particular, o melhor, continua a ser a horta e o pomar caseiro. Cada qual sabe o que faz e o que come em consequência.
A tocar no iTunes: Soldier do álbum “Retreat From Memphis” Mekons (Classificação: 5)
Uma resposta para“A certificação biológica”
Compreendo as reticências e possivelmente hesitações dos nossos agricultores quanto à Agricultura Biológica. Em relação ao processo de certificação também me revejo nas preocupações aqui deixadas.
Contudo, sou um severo defensor da Agricultura Biológica e não apenas por uma questão ideológica mas também económica.
Um pais como Portugal tem sérias dificuldades em competir com a Espanha, Holanda, França e Alemanha quando falamos da Agricultura intensiva, que previligia a quantidade. Compreendo as dificuldades da nossa agricultura nesses parametros.
Por outro lado penso, que numa sociedade europeia cada vez mais consciente sobre o Ambiente a procura de Alimentos Biológicos tem aumentada significativamente.
Ora, a Agricultura biológica pelas suas caracteristicas, é minha convicção, encontra em Portugal excelentes condições para ter um enorme sucesso. Acredito que com produtos biológicos os nossos agricultores poderão mais fácilmente competir com outros paises uma vez que Portugal tem excelentes condições para a práctica deste tipo de agricultura.
Pode ser um grande sucesso cá, mas é preciso ter em conta que como de costume, já levamos anos de atraso. Pior, as poucas empresas que comercializam produtos biológicos (por exemplo Urze, Quintinha…) têm que recorrer à importação para satisfazer a procura. Na revista “O Segredo da Terra”, o gerente da Urze queixa-se de falta de profissionalismo dos produtores…
Agora que estou, ainda que muito parcialmente, integrado num meio rural, posso dizer que este é um caso onde só com a intervenção do governo se pode ter sucesso. Ao nível da sensibilização e formação digna desse nome, senão não há a mínima hipótese. Nem falo de subsídios. No máximo, transferir parte das carradas de dinheiro que são dadas à agro-química, para a agricultura biológica.
parabéns pelo vosso blogue, já linkámos!!!
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