Blasfémias: Primeira e última

Antes de mais, como diria o Padre António Vieira, perdoem-me ter escrito um post tão longo, mas não tive tempo de o fazer curto.
Com os seus mais de dois mil visitantes diários, o blog Blasfémias, é porventura um dos mais importantes publicados por cá. Fui lendo citado ali, acolá e além e comecei a visitá-lo de vez em quando, no pico dos incêndios. Fiquei imediatamente bastante desiludido. Na politiquice interna, ainda mandam umas com piada às vezes, com razão outras vezes. Sobre os incêndios, uma pobreza confrangedora. Os comentários, muitos dos quais com anedotas e assuntos irrelevantes apenas para aproveitar a visibilidade, alinham na grande maioria pela mesma bitola.
Sempre me irritou certa mentalidade de esquerda, que considero eminentemente hipócrita, que no Blasfémias está constantemente a ser desmascarada, designadamente relativamente a assuntos que envolvam os EUA. O problema, é que o blog é uma espécie de outro lado do espelho dessa esquerda, com alguns argumentos e linha de raciocínio tão débil, que nem vale a pena considerar. E nesse registo, o pior deles todos, é sem dúvida um tal de João Miranda. Comentários que não encaixem, são estoicamente ignorados, a menos que haja oportunidade de voltar a brilhar.
O Blasfémias está para a direita, como o Barnabé estava para a esquerda: Inenarrável.

E relativamente ao João Miranda, análise de dez minutos, a uma das suas mais recentes prosas, ainda referente a mais uma jactância anti-americana da Joana Amaral Dias, num outro blog. Diz ele (vejam por favor o texto integral):

não está demonstrada nenhuma relação entre furacões e aquecimento global

Não é verdade. Esta foi das mais fáceis de demonstrar, porque o que provoca os furacões é muito fácil de medir. O que ele quer dizer é que não está demonstrada a relação entre o aquecimento global e o Katrina. Mas eu, em face dos estudos já efectuados, desconfiaria que sim. O que ainda assim, está muito longe de querer dizer que foi culpa do presidente Bush.

estou a falar de uma relação física entre fenómenos para a qual existem provas para além de qualquer discussão

Na ciência esse conceito não existe. Certezas inabaláveis foram sistematicamente substituidas por outras ao longo dos tempos, nesse sentido, nunca estará provada qualquer relação. O presidente Bush e o João Miranda podem ficar descansados.

O que há neste momento são hipóteses e teorias, baseadas quer em relações estatísticas pouco significativas por falta de eventos, quer em modelos computacionais pouco fiáveis por falta de validação.

Já são mais que meras hipóteses. Existem eventos suficientes para concluir que algo se passa.
Essa dos “modelos computacionais pouco fiáveis por falta de validação”, ultrapassa-me. Por isso é que se chamam modelos, modelos científicos. Como é que o João Miranda pretenderá validar os modelos? Como é que pretenderia validar a resistência do World Trade Center aos ataques de que foi alvo? Isto é conversa de chacha. Como é óbvio, há áreas inteiras da ciência, que existem praticamente só à base de modelos, teorias, hipóteses e suposições não validadas.

Mesmo que se demonstre, sem margem para dúvidas, que há uma relação de causa efeito entre aquecimento global e furacões não se segue que o problema já podia estar resolvido.

Eis que entra em cena monsieur João de La Palice Miranda.

A origem antropogénica do aquecimento global ainda é contestada por cientistas reputados.

Tais como? Os autores dos livros recomendados? Isto é mais treta. É evidente que os que são pagos pela Exxon não contam. Estudos filtrados pelo ex-filtrador da Casa Branca (que já arranjou emprego na Exxon), também não.

Continuam a ser gastos milhões de dólares a melhorar os modelos computacionais que são usados para fazer as previsões apocalípticas divulgadas pelos media.

Ora nem mais. E esses milhões são gastos exactamente para que os media possam vender. Criar procura no mercado. Os modelos nem têm nada a ver com a pesquisa, só com os media e a sua voraz necessidade de notícias. Estes computadores estão todos ao serviço da imprensa sensacionalista, como a BBC e outros piores ainda.

Ora, o efeito de uma solução tipo Protocolo de Quioto na economia é idêntico ao efeito de um aumento do preço do Petróleo.

Tem piada, como um protocolo com “uma importância meramente simbólica”, consegue tão contundente efeito. Um protocolo tão inócuo, vai provocar desemprego? O efeito da poluição na economia, está muito longe de ser desprezível, como querem fazer crer os arautos do “mercado”. Por outro lado, a protecção ambiental levaria também à criação de emprego, criação de novas indústrias e ao incremento das economias. Basta ir ver a evolução das acções dos fabricantes de painéis solares nos EUA

o Protocolo está condenado a ser uma mera bandeira oca para satisfazer as consciências e atacar os Estados Unidos.

Infelizmente, estamos de acordo. No entanto é com muita pena minha e por razões diferentes.

Para além do mais, o Protocolo de Quioto nem sequer é a melhor solução para resolver o problema dos furacões.

Esta é uma pérola. Foi mesmo por isso que Bush não assinou.

O problema dos furacões existe, com aquecimento global ou sem aquecimento global, e tem aumentado por causa do aumento da população junto às zonas costeiras.

Outra. Deve querer dizer que os prejuízos para as companhias de seguros aumentaram por este motivo. De qualquer modo, o sobrepovoamento das zonas costeiras é outra consequência de um modelo de desenvolvimento que está esgotado. Isso ninguém necessita de ir aos EUA para ver.

Teremos sempre furacões e sempre tivemos furacões, pelo que o problema não se resolve com protocolos.

Ora aí está. Foi o exactamente o que o presidente Bush disse quando guardou a caneta. O mercado vai resolver o problema dos furacões. E eu nem sabia que os furacões tinham problemas, vejam bem as coisas que este senhor sabe.

O problema dos furacões terá que ser resolvido com estratégias de mitigação dos seus efeitos e de adaptação da presença humana às condições ambientais.

Todo o último parágrafo é genial. O melhor era não haver ambiente. Só homens e mercado (não confundir com o Bolhão). Era o paraíso. Mas, andando os furacões por aí literalmente a desmanchar prazeres, eu diria que a) alocar verbas para construir diques capazes de resistir a furacões de categoria 5 seria avisado; b) deixar de habitar zonas parecidas com fundos de bacias de plástico, digamos, Nova Orleães (lembrei-me por mero acaso), seria capaz de ajudar a “mitigar” o problema dos furacões. Isso e o mercado, claro.

Como se já não bastasse o curso normal dos acontecimentos e os Bush deste Mundo, que são muitos, ainda há pessoas como o João Miranda a trabalhar com afinco para descredibilizar o mais possível, quem tenta ainda salvar o pouco que ainda resta. As notícias são diárias, já chegaram ao mainstream e até um mouco as pode ver, ou um ceguinho as ouvir. E o pior é que um discurso destes, básico até mais não, colhe em certos meios. Basta ler os comentários do Blasfémias, para identificar uma legião de seguidores desta parlenda.

O Protocolo de Quioto, não foi elaborado para ser a solução para os furacões do Golfo do México. Foi elaborado, para ser um início de resolução dos graves problemas ambientais (que existem), um conjugar de boas vontades, um mínimo dos mínimos, nada mais. E independentemente da falta de credibilidade da Europa e de outros signatários neste particular, já ninguém tira Bush da história, com mais esta infâmia. Isso é mais que pacífico, o que pode estar em discussão é o alcance e consequências futuras dessa infâmia. Mas o futuro, está já aí ao virar da esquina. Há quem diga que o próprio Katrina já faz parte do futuro. Mas não irei tão longe.

A escolha do livro “The Skeptical Enviromentalist” de Bjørn Lomborg, que esteve presente como destaque para adquirir na Amazon, é mais uma atoarda, simbólica é certo, embora ilustrativa da escola de pensamento do Blasfémias. O livro são “old, mas controversas, news”, um lixo científico e não só. Na melhor das hipóteses, um excelente golpe publicitário do seu autor, que o “mercado” acolheu de braços abertos. Sites como o Tech Central Station, rejubilaram. “The Danish Committees on Scientific Dishonesty” andou a tentar classificar o trabalho de Lomborg como desonesto, o melhor que conseguiu foi dizer que o autor “agiu claramente contra a boa prática científica”. Mas isso, nem relevante é quando vários cientistas dinamarqueses, defenderem que o “Danish Committees on Scientific Dishonesty” não tinha autoridade para julgar nada porque aquilo nem ciência era. É evidente o patamar em que a obra foi discutida, mas o Blasfémias, na mais fiel tradição portuguesa, em que teses com cinco anos, cá são grandes novidades, dá a conhecer aos seus fiéis leitores esta autêntica margarida da literatura científica internacional.
Sobre o livro:
Na Scientific American. Este artigo tem seguimento em vários links no fim da página, incluindo uma refutação de Bjørn Lomborg.
Na Union of Concerned Scientists.
Na Grist Magazine.
Na Reason Online (com o subtítulo Free Minds and Free Markets). O autor é aliás o mesmo de “Eco-Scam!”, uma obra de 1993, que os autores do Blasfémias podiam destacar numa próxima oportunidade. Julgo que cá é novidade absoluta.
O site oficial de Bjørn Lomborg.
Não faltam sites e opiniões sobre este assunto. Cada um que olhe à sua volta e julgue por si.

E para terminar, além de dizer o óbvio, que é que o Blasfémias pura e simplesmente não vale a pena e esta foi a primeira e última vez que por aqui passou, também vou aconselhar um livro. Só temos 1/7 dos visitantes do Blasfémias, mas tenho esperança que sejam leitores de qualidade. Ainda estou a ler mas é uma autêntica maravilha, chama-se The Earth Care Manual: A Permaculture Handbook for Britain and Other Temperate Countries £34,95 na Amazon.co.uk. É de 2004, se fosse no Blasfémias, seriam praticamente “breaking news”. O autor é Patrick Whitefield.
Tem o formato e volume de uma enciclopédia, mas não é um livro teórico, embora contenha informação abundante e até curiosa, em várias áreas da conservação da natureza. Com toda a naturalidade, faz-nos pensar em coisas que habitualmente não pensamos, como neste Mundo nunca conseguimos fazer apenas uma coisa — que um acto tão simples como abrir a torneira tem sempre consequências a montante e a jusante. É essencialmente um livro prático, sobre os princípios da permacultura. Não irá salvar a Terra, nem o autor assim o espera, mas é bastante enriquecedor sobre o modo como podemos viver a nossa vida de uma forma mais saudável e mais sustentável para o planeta, que em poucos anos para todos nós, será das gerações futuras.

PS: Entretanto, de volta ao Blasfémias, reparo que o valoroso João Miranda volta a atacar o Protocolo de Quioto, fazendo apelo de um grande especialista na matéria, nada menos que Bjørn Lomborg, himself. Pelo menos, o dinamarquês tenta dar um ar sério à coisa, com todas aquelas citações e notas de rodapé, que são a sua imagem de marca. É como digo, julguem vocês mesmo.

Uma resposta para“Blasfémias: Primeira e última”

  1. Sobre o Dinamarquês Bjørn Lomborg que fez furor há uns anos atrás e que se diz, ou dizia ser, um céptico ambientalista, de cada vez que vou sabendo mais dele, apesar de ter deixado de ser famoso, ou tão famoso, descubro que ele não é mais do que de facto um céptico ambientalista, ou melhor que de ambientalista não tem nada, só o nome. Tenta esconder, isso sim, ser no fundo um grande economicista, neo-liberal, supradominador a seu proveito e das suas causas, de dados e eventuais ilusões matemáticas e estatísticas, de dúbia interpretação, em que é mestre. Presumo que falassem no primeiro livro dele… é que entretanto já saiu um segundo em que as coisas começam a “piar mais fino” e o digno dinamarquês, tão visionário e vidente, tão malabarista com números e estatísticas, já tem de dar outra volta ao texto e não conseguiu sair de uma relativa ou absoluta obscuridade.
    O livro de 2004 chama-se:
    Global Crises, Global Solutions: Priorities for a World of Scarcity, e se já o título denota alguma consciência num mundo não tão eterno, de plenitude e em boas condições ao ler-se a “review” ou sinopse do livro defronto-me imediatamente com isto:
    “This volume provides a uniquely rich set of arguments and data for prioritizing our responses to some of the most serious problems facing the world today, such as climate change, communicable diseases, conflicts, education, financial instability, corruption, migration, malnutrition and hunger, trade barriers, and water access. Leading economists evaluate the evidence for costs and benefits of various programs to help gauge how we can achieve the most good with our money.“.
    Na minha opinião pessoal, torna-se evidente que o que interessa mesmo a estes tipos é a economia e quanto ao ambiente, quase que essa “coisinha essencial às nossas vidas”, é secundarizado segundo interesses e principalmente avaliado segundo a famosa razão custo/benefício.

    Para mim se bem que podem ser bons instrumentos e ferramentas, no momento presente, acho que é mais simples afastarmo-nos das teorias matemáticas e dos gráficos bonitos que podem, satisfazendo uns e outros, dizer muito ou nada, significar muito ou nada, e falarmos de coisas concretas e do que vamos vendo, sentindo, sofrendo e fazendo no dia a dia a este planeta. E nem que seja perceber à posteriori o que de facto de concreto estamos a fazer de errado e mal, em vez de tanto teorizar e nada fazer. No meu entender o segredo estará sempre em manter os pés assentes na terra, enquanto a vamos tendo, e não embarcar e ficar só condicionados a, e não daí sair, teorias espectaculares e mirabolantes que nunca se sabe aonde nos vão levar e no fundo podem esconder terríveis vazios e nenhuma razão. E nada como boas fontes, e fiáveis, de informação acentes no, e do, mundo real como o Worldwatch Institute que consulto regularmente.

    E já agora deixo uma questão no ar: sendo eu também por vezes céptico fiquei muito céptico com um site recomendado também no Blasfémias que confesso me deixou e muito de pé atrás. Trata-se de: Mitos Climáticos. Alguém sabe algo sobre este site e a sua “integridade”?

    Entretanto num último e muito recente olhar ao blog Blasfemias entre outras pérolas que não vou referir encontrei especialmente este post:
    Boas notícias
    Aquecimento Global poderá acabar com a seca no deserto do Saara.
    Sensacionalismo editorial digno do que se vai vendo em qualquer jornal ansioso por, e só pensndo em, audiências. Pena é que nestes casos esquece-se o autor de tais “notícias” que se há boas notícias, eventuais más notícias as virão a acompanhar, porque se chover lá, no deserto, quase de certeza que outro lado secará, eventualmente a norte (e adivinhem quem está a norte) ou a sul, e eventualmente essas mesmas más notícias, não referidas, mas como até já andamos a verificar aqui pelo lado norte da zona mencionada serão para, “que grande surpresa”,: nós.
    Só me confesso admirado por nesta altura do campeonato terem esquecido a notícia, já velha, sobre as alterações climatéricas na Sibéria com o seu aquecimento e o aparecer de eventuais boas ou melhores condições metereológicas para a Rússia coisa que foi o pretexto usado durante muito tempo por Putin para não assinar o tratado de Quioto… tratado que eventualmente e finalmente assinou.

  2. jrf

    O João Miranda, está na sala a ver televisão, sente uma dor no traseiro… É o seu Protocalo do Quieto, como muito bem observou um visitante do Blasfémias… A família já dorme sossegadamente. Mas cheira-lhe a queimado. A casa arde. O valoroso autor, coerente com a sua atitute perante o Mundo, pensa lá para ele, “não há 100% de certeza, se calhar é a do vizinho, além disso, pode ser que a televisão se salve”.
    Quanto ao site dos mitos climáticos, nem percebi o que é aquilo, parece uma cruzada contra o IPCC. É recomendado só por causa do título. O João Miranda adora frases onde figurem as palavras “clima” e “mito”, de preferência na mesma linha, para não dar muito trabalho a interpretar.

  3. Gabriela

    Pelo menos posso agradecer ao “Blasfémias” uma coisa: ter encontrado o seu blogue. O seu texto é muito bom. Claro que um blasfemo pensa logo que eu escrevi isto porque concordo consigo. :-)

    Estava a ler o seu texto e a pensar: se calhar o melhor é ignorarmos pessoas como o João Miranda. Pessoas intelectualmente desonestas que vão a artigos científicos e tiram o que apoia a sua visão. Que não leêm algo para pensar, mas somente tirar aquele gráfico, aquela frase que combina com a sua estrutura mental. E dá sempre um outro brilho poder dizer que um artigo publicado na Science tem um gráfico que apoia o que ele diz. Só que aquele gráfico é uma peça de um puzzle.

    No melhor dos meus conhecimentos tentei mostrar ao JM e aos outros o outro lado: o do cientista, não escondendo os podres, mas mostrando que a ciência tem um sistema de auto-avaliação que permite que tenhamos confiança no que nos dizem. Que a incerteza da ciência não é escondida, mas discutida. Contudo, hoje dei-me conta que andei a pregar ao vento. Portanto, terá valido a pena eu estar acordada até às quatro da manhã a pensar que poderia dar o meu contributo para arejar ideias, se as ideias são de cimento e o que interessa não é pensar, mas acimentar mais?

    Que desilusão.

  4. Pedro Oliveira

    O jrf está na sala a ver televisão, sente uma dor no traseiro…

    Só pode ser por causa do aquecimento global.

    O IPCC existe por causa do aquecimento global de origem antropormófica, ou o aquecimento global de origem antropormófica existe por causa do IPCC? Quem nasceu primeiro, o ovo a a galinha?

  5. jrf

    Gabriela, obrigado por ter passado por cá. Apaguei os triplicados :) . Eu reparei na sua imensa paciência e na facilidade com que ia desmascarando a (é isso mesmo) desonestidade intelectual lá do autor. Mas é chover no molhado.
    Eu por coincidência tenho vindo a colaborar com um instituto científico cá do Porto e nestes meses, apercebi-me do que significa a publicação, a citação e a dureza que é essa exposição dos cientistas aos seus pares através de publicações super-especializadas que o povo em geral nunca ouviu falar. O escrutínio e a avaliação, tanto para plágios (não sei se a palavra aqui é esta) como teorias ou teses erradas. Qualquer cientista tem muito cuidado antes de divulgar o que quer que seja e pelo que percebi, quando chega aos media, já muito água correu debaixo da ponte.
    Não é o caso no Blasfémias, caso grave de incontinência. Mas os seus comentários valeram a pena. Eu li-os com interesse e sei que não fui só eu. Há por aí muita contrução que quanto mais cimento tem, mais estrondo faz ao cair. O João Miranda faz-me lembrar os comunistas… Já o muro estava no chão e eles discutiam com resistência se caiu de fora para dentro, se de dentro para fora.

    Pedro, dificilmente estarei na sala a ver televisão, mas avançando nesse detalhe, qual é o seu ponto? Eu não sei o suficiente sobre o IPCC para o defender. Parece-me é que o atacam porque está subordinado à ONU, o “estado dos estados”. Mas, para assuntos de capoeira, há um blog muito bom. Não vou dizer qual é, vou só assobiar e olhar para o Blasfémias.

  6. jrf

    Gabriela, afinal estou algo fora do contexto. Estava a achar estranho ter descoberto o blog, com base em algum comentário da idade da pedra do Blasfémias (a semana passada). Eu não tinha reparado que o João Miranda arrasa com o meu diminuto conceito de “modelo científico” em 10 pontos.
    IPCC para aqui, IPCC para ali.
    Eu nem falei do IPCC, até ter ido visitar o blog recomendado pelo autor. Mas o IPCC deve ser o que dá jeito.
    Mas, diria que os cientistas de múltiplas áreas que estudam o fenómeno por todo o Mundo, alguns dos quais indirectamente, estão uns passinhos à frente do João Miranda. Mesmo dentro da área, existirão modelos melhores e modelos piores. Cientistas melhores e cientistas piores, “os modelos científicos não são todos iguais. Alguns descrevem bem a realidade, outros não” — mais uma de La Palice. Seria interessante saber quais os que descrevem bem a realidade, para nos podermos concentrar sobre esses dados.
    O super-computador Earth Simulator, que era o mais poderoso do Mundo em qualquer área até há apenas um ano (está em quarto lugar), dedica-se a elaborar modelos climáticos e outros e foi considerado uma das melhores invenções de 2002 pela Time. Já nesse longínquo ano, a sensacionalista Time dizia que “Scientists have already completed a forecast of global ocean temperatures for the next 50 years”…
    Os japoneses são burros, 350 milhões delapidados num brinquedo de fazer modelos pouco fiáveis por falta de validação. Mas, vendo pelo lado positivo, temos que concordar que o “mercado” saiu a ganhar. Estas fraudes, permitem vender milhões em computadores (neste caso Nec).

  7. Lowlander

    Caro JRF, Gabriela,

    Muito obrigado pela vossa lucidez. Infelizmente nao tenho formacao na area de climatologia pelo que tenho tentado de ha um ano a esta parte rebater sempre que vejo cretinices do Joao Miranda sobre o aquecimento global mas infelizmente nao conheco as melhores fontes e falta-me tempo para procurar decentemente.
    E pela parte que me toca, acho que e importatissimo rebater e continuar a rebater continuamente estas cretinisses a medida que aparecem precisamente por ser um blog de alta visibilidade e importante que ao menos os FACTOS cientificos ali apresentados sao validos face aos conhecimentos actuais e nao a vergonha que ali se ve, veneno puro para quem ingenuamente se tenta informar atraves dos blogues.

  8. jrf

    Apercebo-me que o blasfémias é uma escola de argumentação. O digníssimo Pedro Oliveira, diz que estamos no tempo da internet e enfastiado, lá apresenta uns links. Investiguemos.
    Primeiro, a questão do “hockey stick” já é mais velha que o lascar e está mais que ultrapassada. É que nem se percebe o valor acrescentado que trás à discussão, nesta fase.
    Depois, chegamos ao fabuloso “Frontiers of Freedom”, que segundo as minhas fontes:
    “Frontiers of Freedom receives money of tobacco and oil companies, including Philip Morris Cos, ExxonMobil and RJ Reynolds Tobacco.”.
    Alô?
    No meu texto, digo claramente que os que são pagos pela Exxon não contam, mas o Pedro, apresenta e ainda por cima condescendentemente, um site deste calibre? Mais pasquins? Mais perda de tempo?
    Não se consegue ter uma conversa minimamente esclarecedora, porque o objectivo é o ruído, a tentativa de descredibilização de todo e qualquer argumento válido que não encaixe numa ideia, que não entendo qual é, mas ao que parece que anda à volta dos EUA e do seu presidente. É a versão provinciana do “Tudo pela nação, nada contra a nação”.

  9. Acabei de deixar num certo blog um certo comentário que acho que eventualmente terá muito mais interesse, e interessados, por aqui:

    Existe uma revista, a UPORTO, Revista dos Antigos Alunos da Universidade do Porto. É uma revista trimestral e no seu número de Junho de 2005, nº16, das páginas 22 à 31 apresenta um dossier com vários artigos assinados por diversos e reputados docentes, de várias áreas, da Universidade do Porto sobre o famoso “aquecimento global”. O título genérico do dossier é: “Da Serra do Pilar com vista para o aquecimento global” e depois trata de incluir os seguintes artigos:
    -Sistema Climático: uma questão de escala de abordagem na investigação, na comunicação e na acção
    -Quioto e o Crescimento Económico
    -Ar de qualidade só usando mais transportes colectivos
    -Transportes e Ambiente
    -Local e global: a saúde num clima em mudança
    -Influências na agricultura
    -Consequências nos ecossistemas marinhos

    Talvez seja uma pequena mas boa introdução e um pequeno mas bom ponto de partida, quer se concorde ou não com os escritos. Talvez seja um bom início também para quem antes de falar sem pensar queira começar a falar sério, com racionalidade e verdade sobre um assunto do momento presente e que interessa a todos nós, e principalmente para quem queira chegar a algum lado num diálogo racional. Não sei da disponibilidade da revista, mas ela deverá estar disponível em algumas livrarias ou de certeza em bibliotecas e nem que seja na Universidade do Porto. E é bem baratinha: €2,5. Eu, e eventualmente outros que lerão isto que aqui escrevo, recebo-a gratuitamente. Não terei problemas em depois eventualmente arranjar maneira de dispensar cópias a quem tenha interesse no que falei e não tenha disponibilidade ou não encontre a revista de maneira nenhuma.

  10. Gabriela

    Um obrigado para si e para o Lowlander.

    Eu argumentei pacientemente no blasfémias não tanto por respeito ao JM e ao Pedro Oliveira, mas porque senti que nesta área eu percebo o suficiente para lançar luz sobre as incorreções e até ludibriações produzidas. É que há outros assuntos em que eu posso facilmente ser enganada e espero que nessa altura pessoas capazes de avaliar me ajudem a ver.
    Na comunidade científica já não se discute a realidade do Aquecimento Global. Há dados suficientes para, na gíria científica, afirmar-se que este processo tem uma certeza de estar a ocorrer superior a 99%. Em miúdos, esta certeza é a mesma de que amanhã um novo dia nascerá.

    Relativamente à ligação entre esse aquecimento e as actividades humanas a certeza é entre 90-99%, o que significa que é muito provável. Assim, como o de adormecendo hoje amanhã iremos acordar.

    O que os cientistas estudam neste momento é as consequências. O que significará o Aquecimento Global para a Terra e consequentemente para os que vivem nela? E estudam como remediar e mitigar os efeitos nefastos.

    Eu quis dar o meu contributo em elucidar as pessoas sobre como está esta discussão. A minha pequena contribuição.

    Fiquem bem. Contem sempre.

  11. É verdade Gabriela, desculpa mas há uma coisa que te (desculpa o tratamento por tu) queria dizer: gostei muito de te ler, quer no Blasfémias, quer aqui, e dou-te os parabéns. E já agora foi um prazer ver-te por aqui e se o JRF me permite: sê bem vinda pela minha parte.

  12. jrf

    Estás à vontade para dar as boas-vindas à Gabriela. Espero que participe mais vezes, embora as polémicas por aqui não sejam muitas.
    Esta discussão, a um nível científico, ainda que rudimentar e em linguagem comum — também não sei outra –, é muito interessante. Apesar disso, o que se passa no Blasfémias sobre este assunto, vai um pouco mais além. Porque uma coisa, é a passividade e inércia que infelizmente, uns mais que outros, todos sofremos. Outra coisa é o trabalhar activamente para desacreditar pessoas a estudar estes assuntos com seriedade.
    Se entendo, embora me repugne, o papel de mercenários como Philip Cooney, não entendo que este tipo de atitudes tenha os seus seguidores. Autênticos “groupies“, não ganhando nada com isso, mas com uma devoção quase religiosa a políticas e personalidades que já provaram por diversas vezes que não o merecem.
    Podemos ser todos muito ignorantes. Podemos não ligar pevide ao ambiente. Podemos, no nosso dia a dia, lascar para aquecimento global.
    Mas, eis que se sabe que andava um tipo na Casa Branca a alterar relatórios climáticos; toda a gente sabe das relacções entre esta administração e o petróleo. Cientistas de renome, recebem dinheiro da Exxon, para negarem o aquecimento global e são desmascarados. Escritores mediáticos recebem dinheiro da Exxon para escreverem fábulas sobre as alterações climáticas, em forma de romance. Sites como o já mencionado “Frontiers of Freedom”, recebem dinheiro da Exxon e publicam alarvemente textos extremamente científicos sobre o assunto… E, as pessoas, com total perda de capacidade de interpretação e sem o mínimo dos mínimos de espírito crítico, acham que não se passa nada? Não se afinam os ouvidos? Não se abrem os olhos? Fica tudo na mesma, ou pior, diz-se que é a cáfila dos cientistas, mentirosos relapsos, a querer mediatismo?
    Há milhares de investigadores a trabalhar no assunto. Muitos indirectamente, pois a meio de uma pesquisa num ecossistema, descobrem alterações preocupantes que acabam por relacionar com alterações climáticas. É preocupante. Pode estar em curso um efeito de bola de neve, totalmente incontrolável.
    Vem a extrema esquerda (e outra não tão extrema), tira uma frase de um artigo da Science e diz que a culpa disto tudo é dos americanos e a culpa do Katrina é do presidente Bush; vem o Blasfémias, tira outra frase do mesmo artigo, prova por a+b, que não existe aquecimento global provocado pelo Homem, logo os americanos não podem ser culpados de uma coisa que não existe. O João Miranda percorre desta forma todo o seu abecedário de rigor intelectual, de “a” a “b”, literalmente.
    Tudo isto teve muito de positivo, sem dúvida. Uma das coisas foi ver o João Miranda a participar mais activamente nos comentários a defender as suas teses. Só isso já foi digno de se ver.
    PS: Do dicionário, que alguém se serviu para “demonstrar” que a Gabriela re-re-errou, “recomendar”, neste contexto significa para mim — indicar como bom, é uma indicação favorável. Quando se recomenda a leitura de Bjørn Lomborg ou o blog “Mitos Climáticos”, é em si, uma tomada de posição. Os golpes de rins posteriores, por falta de credibilidade dos recomendados, são outra questão.

  13. JRF, falando dos US of A, não sei se sabes, mas agora vais ficar a saber, já se “sabia” ou desconfiava, mas agora andam a desmascarar de facto os “lobbies científicos” que funcionam para determinados autores serem publicados e outros não, uns artigos sim, outros não, etc. A grande novidade no meio disto tudo é que apesar de nalgumas revistas artigos haver que foram de facto recusados nem que seja por irregularidades e imprecisões científicas provadas, no entanto agora andam a tentar que esses mesmos artigos sejam publicados nas mesmas revistas, de uma forma o mais parecida possível com os artigos “reais”, como infopublicidade. E assim de várias maneiras se vai envenenando ou tentando muita coisa…

  14. Gabriela

    Obrigado pelas boas vindas. Desta não estava à espera. De ser recebida na blogosfera… :-)

    Cá estou por culpa do meu desvelo argumentativo a trabalhar durante a madrugada. Não faz mal. É quando os meus neurónios melhor sinapsam.

    Sabem porque é que o clima no Oeste da Europa é mais agradável e ameno que à mesma latitude na América do Norte? No outro dia lia um livro de paleoclimatologia e de como no passado devido a aumentos dos níveis de CO2 isto deixou de ser assim.

    Agora tenho de ir. É tarde. Mas amanhã passo por cá e se quiserem continuo a história. Caso não o saibam já.

    P.S.: tenho veia de professora. As pessoas queixam-se, mas não consigo evitar.

  15. Hmmmmmm, se bem entendi e me estou a localizar bem geograficamente Gabriela, não tem a ver com as correntes marítimas e especificamente com a corrente do Golfo? E com a questão do aquecimento global, do derreter das calotes polares, com a dessalinização dos oceanos e a descida da temperatura da corrente do Golfo, apesar do aquecimento global, e de parte dela enfrentar a desetrtificação, a Europa, ou parte dela, não enfrenta o perigo de uma nova era glaciar? Mas é claro que isto são tudo “supostas especulações”… não é? ;)

    É claro que se eu percebi mal a pergunta e me deslocalizei geograficamente do pretendido tudo o que disse acima vai ser uma asneirada em resposta à tua pergunta Gabriela! Eheheheheheheheh.

  16. Gabriela

    Na mouche Ze. Exactamente. As unicas emendas e que a dessalinizacao de interesse neste problema e a que se registara no Norte Atlantico e que a temperatura da corrente do golfo nao desce. O que diminui e a intensidade da corrente do golfo e assim transporta menor energia termica do equador aqui para o Norte, tornando o clima europeu mais pro gelido.

    Isto supoe-se que podera acontecer, porque ha registos de que aconteceu no passado e as causas estao a ser detectadas hoje. Sabe-se que a corrente do golfo teve menor intensidade no passado e que isto esteve ligado a arrefecimentos na Europa. Mas o que a mim me fascinou foi que aconteceu no passado a paragem completa. A corrente do golfo deixou de existir. E teve lugar em cerca de 3 decadas (sabe-se por registos geologicos). E alucinante.

    Dois amigos meus andavam com discussoes interminaveis sobre isto e eu a acha-los uns infantis… Agora pararam: fizeram uma aposta. Um deles acredita que podera acontecer no nosso tempo de vida. O outro diz que nao, que nao e assim tao mau. Num livro que discutia o assunto dizia-se que isto sera como caminhar na montanha a noite: esta tudo muito bem ate que se chega ao precipicio. Alucinante. E as pessoas ainda discutem se havera realmente aquecimento global ou que ate vai ser altamente pois havera mais dias de sol e temperaturas mais agradaveis…

    Denis Wheatley dizia: Expect the best, plan for the worst, and prepare to be surprised.

    Penso que nas alteracoes climaticas esta frase adequa-se completamente.

  17. Gabriela, apesar de não ter sido por aí que estou dentro do assunto, mas um filme americano de sucesso do ano passado “The day after tomorrow” foi baseado neste assunto e causou muita polémica e discussão na altura. Apesar de não se verem mudanças radicais a ocorrer em apenas 3 décadas, a coisa ainda era bem mais rápida no filme. Eheheheheheheh. ;)

  18. Gabriela

    :-) Agora que fala nisso lembro-me do falatorio. Andava tudo animado a descobrir os erros no filme… Eu andava cheia de trabalho e nao vi. Contaram-me dos exageros de escala temporal… So que eu nao sabia que tivesse realmente acontecido no passado e a escala temporal, nao sendo a do filme, e ainda assim rapidissima.

    Aqui se prova que os filmes podem ser muito educativos, mesmo quando exageram…

  19. jcd

    “De qualquer modo, o sobrepovoamento das zonas costeiras é outra consequência de um modelo de desenvolvimento que está esgotado. Isso ninguém necessita de ir aos EUA para ver.”

    É por causa de um modelo? Pensava que era porque as pessoas gostam de viver junto do mar.

  20. CMO

    Porque é que voçês quando falam do aparentemente brilhante blog “Mitos” climáticos”, nada dizem de substantivo? Nenhum erro técnico apontam? Limitam-se a aplicar-lhe um clichê : está contra o IPPC! Isso é ciencia ou é superficialidade?

  21. jrf

    Caríssimo, acho que (ainda) não falei do Mitos Climáticos. Agora também não me apetece reeditar esta discussão.
    Numa nota pessoal, nesta fase, desconfio de tudo e de todos que a) neguem a existência do aquecimento global (esta espécie está praticamente extinta); b) neguem que o mesmo seja provocado pela acção do Homem, ou pelo menos, que o Homem contribua para o fenómeno.
    Mas há um equívoco, este não é um blog científico, embora tenha a colaboração recente de uma pessoa da área das ciências. De resto, isto está a cair muito na área do bom senso puro e simples. Basta sair à rua e respirar.
    Também não sei se na altura certa o vi pelo Blasfémias a falar de superficialidade e de ciência…
    Mas, não se preocupe. O tempo vai dar resposta a todas as suas dúvidas e a muitas outras.

  22. Caro CMO, quem falou aqui neste blog do “Mitos climáticos” fui eu, num comentário que encontrará acima, e que tem relação com coisas que vinham de trás e de outro blog citado.
    Se se der ao trabalho de ler correctamente o que foi escrito por mim, e em que contexto, verá que o que eu disse unicamente sobre esse blog foi:
    “E já agora deixo uma questão no ar: sendo eu também por vezes céptico fiquei muito céptico com um site recomendado também no Blasfémias que confesso me deixou e muito de pé atrás. Trata-se de: Mitos Climáticos. Alguém sabe algo sobre este site e a sua “integridade”?”
    Fiz uma pergunta, pedi um esclarecimento. No Blasfémias nunca foi dado e por aqui pelo que percebi também partilham das minhas dúvidas e não me souberam responder em concreto. Mas caso o CMO tenha os conhecimentos necessários e esteja em condições de me dar resposta ao que pergunto, agradeço. Desde já fico agradecido e mais vale tarde que nunca, afinal só já se passou um mês desde que eu escrevi aquele comentário.

  23. jrf

    Caro CMO (ou prefere Troglodita?), só mais uma coisa…
    É preciso ter muita lata, em vir aqui tentar inverter torpemente os valores relativamente ao IPCC. Inverter, porque é exactamente o inverso do que diz que acontece no Blasfémias. Aliás, foi elucidativa a confrangedora discussão que se gerou por causa do prémio Nobel da literatura. Independentemente da obra, convém “abater” o autor quanto antes, porque não faz parte da “nomenklatura” do “blog de referência”.
    Não é coincidência a luminária ser a do costume. O mesmo se passa quanto ao aquecimento global, cujas acções, reacções, investigações, são aferidas na medida do prejuízo que podem trazer à administração Bush, independentemente do seu valor. É a honestidade intelectual que se consegue por aqueles lados.
    Ah, e antes que me esqueça… CMO, Troglodita, ou o que quiser, não venha para aqui destabilizar, porque lhe garanto que lhe apago os comentários mais depressa que os consegue escrever. Comentáriozinhos é na “referência”. Aqui, tem de dar ao teclado e de preferência, dizer algo.

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