No Going Back: Journey to Mother’s Garden, conclusão

No Going Back: Journey to Mother's Garden
Como disse anteriormente, ansiava por continuar a ler este livro e terminei-o em poucos dias. Achei-o bom e interessante. O paralelismo com situações que já passamos no Sargaçal, mesmo sem lá vivermos, fez-me rir. Há coisas que são iguais em todo o lado e mudam a muito custo. Nós temos vacas dos vizinhos a comer as culturas, eles têm cavalos; temos um estradão comum com o antigo proprietário, eles têm um estradão comum com outro proprietário, que “por acaso” também lhes quer vender a terra; e assim por diante.

Surpreendente a integração da filha mais velha, que foi para a escola primária sem saber uma palavra de castelhano ou catalão e em meia dúzia de semanas já era a intérprete oficial da casa, ao ponto de as pessoas não saberem a sua nacionalidade e conseguirem identificar a vila onde ela estuda, pelo sotaque. As crianças são fantásticas, precisam é de espaço para “esticar as asas”.
No nosso caso, numa eventual mudança de vida, nem de longe nem de perto tão radical, o que mais nos preocupa é a educação das crianças. Temos os planos nesse sentido elaborados e são totalmente incompatíveis com a vida fora do Porto. É o chamado dilema.
Numa outra nota, também assinalei o facto de apesar da aldeia ter apenas 30 crianças em idade escolar, o ministério da educação espanhol, construiu uma escola nova em 1999. Continuo sem entender como cá, o estado abandona a sua própria terra. Fruto de visitas a blogs de inspiração neoliberal, concluí em muitos casos, exactamente o oposto do que apregoam. Contabilizam-se sempre os custos para o indivíduo de, por exemplo, o estado financiar uma escola para 30 alunos, mas nunca os proveitos. Este raciocínio é óptimo, para os meios urbanos e para quem está do “lado certo” do mercado.
Uma das conclusões mais importantes de Martin Kirby, foi em relação ao tempo de qualidade que passa com as crianças, Ella e Joe Joe. Não perder um minuto do seu crescimento, parece algo óbvio para um pai, mas não é isso que acontece nesta sociedade obcecada. Em que parcela das teoria económicas é que este tempo aparece? Na coluna dos prejuízos ou dos lucros? Felizmente, nem tudo são teorias económicas superficiais.
Apesar de uma explicação, em jeito de posfácio, em sentido contrário, o título “No Going Back”, praticamente revela o mistério antes de começar. Claro que poderiam sempre desistir, nunca voltando ao estilo de vida anterior, pois economicamente estariam arruinados (daí também o título). Se me lembro, como “seguro” para viver no primeiro ano, apenas mantiveram no banco cerca de 10.000€. Nunca tive dúvidas que não seria esse o caso.
Esperava algo mais do relato das dificuldades do dia a dia, ao nível prático, de quem chegou ali sem perceber nada de nada (do idioma, à agricultura). Mas essencialmente, pareceu-me um relato honesto, de uma experiência invulgar e que até ver está a ser um sucesso. O site foi actualizado recentemente e o e-mail já funciona.

No Going Back: Journey to Mother’s Garden de Martin Kirby, na Amazon.co.uk.

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