Os furacões no Holoceno


Os modelos não são concordantes relativamente a alterações na frequência dos furacões. Não existem observações suficientes para obter um resultado estatístico significativo. Analisemos então o Clima Passado. Talvez possamos obter algumas pistas.

Nós vivemos na época geológica designada por Holoceno. Esta começou há 10.000 anos e em termos climáticos tem sido, comparativamente a épocas anteriores, benigna. Especula-se que esta época de calmia permitiu que o ser humano desenvolvesse a agricultura. Ter-se-ia, portanto, uma estrutura social diferente, caso o regime climático se tivesse mantido mais caótico e variável.

Talvez neste momento eu deva clarificar o que é variabilidade climática e alteração climática. Na Figura (IPCC, Climate Change 2001, The Scientic Basis, 2-24) podem observar registos relativos a modificações de temperatura (os valores em isótopo oxigénio-18 e deutério — isótopo de hidrogénio — permitem indirectamente saber a temperatura) nos últimos 25.000 anos, obtidos em diferentes pontos do globo. Podem observar que há cerca de 11.000 anos um novo regime climático foi atingido. No regime anterior é possível observar flutuações de grande amplitude, enquanto que no Holoceno as flutuações são menos pronunciadas. A mudança de regime refere-se a uma alteração climática, as flutuações referem-se à variabilidade climática.

Durante o período mais quente do Holoceno (entre 10.000 a 5.000 anos atrás) o fenómeno da Oscilação El Niño foi menos comum (existe uma ligação bem estabelecida entre o El Niño, a El Niña e a frequência dos furacões no Atlântico), sugerindo uma menor incidência de extremos frios e quentes. Sendo assim poder-se-ia esperar uma menor variação de ano para ano na incidência de furacões no Atlântico com o Aquecimento Global. A não ser que se mude de regime climático.

Chamada de atenção: não, este não é o período mais quente que a Terra já experimentou. Nem é o período mais quente que o Homem já experimentou. Mas é o período com maior taxa de mudança em gases de estufa que o Homem já experimentou, esperando-se uma mudança também acentuada da temperatura e com ela uma mudança no mínimo acentuada do Clima, se não mesmo uma mudança abrupta de regime climático. O que significaria na figura acima um valente solavanco. O gradiente das alterações é muito importante. Imaginem que têm uma cana flexível na mão. Se a dobrarem lentamente conseguirão dobrá-la numa amplitude superior sem quebrar do que se o fizerem subitamente.

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