Carvalho no Lameiro da gracia (o antes 2)

Carvalho no Lameiro da Gracía
Quando se faz algo regularmente, tudo parece natural. Desabituei-me. Foi um stress a preparação para quatro dias de campo. Era essencial não me esquecer de nada.

Não só acordei tarde (sou madrugador ao contrário), como demorei montes de tempo no processo de verificar meticulosamente se tinha tudo. Resultado, cheguei tarde. Só deu para ir ao grémio e à solicitadora D. Maria José tratar de uma papelada. Depois fui à pensão Varanda de Cinfães marcar o quarto. Não havia! Têm 26 quartos, tudo ocupado. Escandaloso! Fiquei logo desorientado — como pode ser isto? É que não há mais nadinha. Explicou-me a proprietária que “são as eólicas”. Ia para quatro dias e já me estava a ver recambiado ao fim de praticamente uma tarde…
Ora bem, a Susana ia ter comigo no Sábado, com as crianças e avós, à Casa de Montemuro. Resolvi telefonar para lá para ficar mais duas noites. Simpáticos, fazem-me um preço minimamente dentro do orçamento. Menos mal.
Fui almoçar com o Dr. Jorge Ventura. Lá fui sabendo algumas novidades da associação, as éolicas e tal…
De tarde, fui ter com o Cláudio que já andava no Lameiro da Gracia. Era hoje o dia de finalmente remover o enorme carvalho que já lá andava caído quando nós tomamos conta do lugar. E bem tentamos andar para a frente. Só conseguimos fazer metade, ou nem isso. Que dureza. Acendi uma fogueira para queimar tudo o que não servia para lenha, mais o silvado sempre omnipresente.
Entretanto a noite caiu. Resolvemos assar umas castanhas. Havia lá sal que o Miguel lá tinha deixado há meses. Bem, foram só as melhores castanhas que comi em toda a minha vida (desde que me lembro, pelo menos). A fogueira, as castanhas, o céu cheio de estrelas… fenomenal.
Já eram quase oito horas, arranquei para a sede da associação para o jantar. Estavam só umas oito pessoas, entre elas um professor de música que vibrava para lá, ao som das bandas filarmónicas de Cinfães que dirigiu… Mais de 200 músicos… Alguém baixou o volume, discretamente, para se poder também conversar.
Na noite que lá tinha ido com o meu pai, o jantar tinha sido superiormente realizado por um senhor que numa palavra era um postal e alegrava uma mesa sozinho. Falei nele e dizem-me que morreu. Quase que me engasgava. Não estava minimamente preparado para a notícia. Fiquei bastante chocado, pois não só era cheio de vida, como devia ter uns 50 anos no máximo.
Mas pronto, o jantar lá continuou. Eu o senhor Segadães e o senhor Franklim entretivemo-nos a falar de árvores. Combinamos aparecer lá no senhor Franklim no dia seguinte, pois vai-nos dar umas laranjeiras e tangerineiras, eventualmente mais coisas. Ele tem tudo. Inclusivamente, deu-me uns frutos chamados Feijoas, de duas qualidades. Não cheiram a nada e pelo aspecto não me convenceram, mas quando a família chegar, alguém irá experimentar. É tropical — não sei como se dá ali. Também me deu (e a toda a gente) dois frascos de mel e uma “receita” para amenizar a acidez da terra à volta dos citrinos. Espero experimentar antes de ir embora.

Uma resposta para“Carvalho no Lameiro da gracia (o antes 2)”

  1. Filipe

    Feijoa é Acca sellowiana, da família das Myrtraceae, é um fruto que tem uma textura próxima da goiaba, o sabor não é tão activo mas é agradável, as sementes germinam bem, têm é uma viabilidade muito curta.
    O mais interessante dessa fruta são as flores, que em termos ornamentais são interessantes (O dia com Árvores já publicou um post) e as pétalas que são carnudas, comem-se e são doces.
    A origem da planta é do Sul do Brasil, onde o clima é muito próximo do nosso em termos de amplitude térmica, inclusive em termos de geadas. Se decidires colocar no campo, coloca as mudas só quando o tronco estiver lenhificado.

  2. jrf

    O senhor Franklim é bem capaz de me dar uns exemplares (com a vantagem de já estarem ambientados). Tenho de ver.
    Os frutos que ele nos deu eram de duas variedades, mas de sabor idêntico — uns pareciam uns limões e os outros eram diferentes de outros frutos, 1/4 do volume dos primeiros. Provamos e pessoalmente não achei grande especialidade — muito ácido e para tão pouco sabor. Toda a gente achou que deve ser bom em compota ou marmelada.
    Efectivamente o Dias com Árvores já publicou sobre a Feijoa:
    Feijoa
    Goiaba-serrana

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