Smokers of the World Unite
Anda por aí (mais) uma comoção porque em Espanha o governo de Zapatero, pessoa que até acho pouco recomendável, proibiu o tabaco numa série de locais. Da direita verdadeira, à direita faz de conta, liberais, conservadores, esquerda faz de conta, extrema esquerda e restante comandita, a indignação é geral. Esta polémica uniu a populaça mais boçal a intelectuais insuspeitos como Vasco Graça Moura ou Miguel Sousa Tavares, sempre tão paladino de todas as liberdades desde que não sejam para o tolher a ele.
Sou grande defensor do princípio da responsabilidade individual. Também reconheço que todos temos que morrer de alguma coisa. Se um indivíduo se quer empanturrar com hamburgers até rebentar, é lá com ele, desde que não gaste o dinheiro todo no pitéu e deixe algum para as exéquias que não serão baratas, porque senão lá está, temos todos que pagar o funeral ao rapaz e lá se vai a responsabilidade individual.
Com os fumadores o caso é bem mais grave. Morrem secos e leves, o que por um lado facilita a cerimónia. Não digo isto de ânimo leve. O meu avô, que eu adorava, morreu seco e leve, aliviado do peso de uma perna até cá acima. Infelizmente estamos a atravessar na família, mais um caso de cancro do pulmão, que só terá um desfecho e uma solução.
Sabendo o que se sabe hoje, o Estado nunca deveria ter que intervir com leis ridículas, mexendo com os (também) famosos “direitos adquiridos” dos fumadores. Sabendo o que se sabe hoje, numa sociedade decente, não haveria um fumador sequer que se dignasse a bater um cigarro junto de outra pessoa. Que tivesse esse desplante e essa distinta lata. Porque a responsabilidade individual não dá para tanto e prejudicar ostensivamente terceiros é intolerável.
E esses fumadores, cujo grande argumento é que “todos temos que morrer de alguma coisa”, podiam pensar em ir morrer longe. Porque é uma afirmação de um egoísmo sem limites. Não se morre das doenças causadas pelo tabaco, em paz, rápida e silenciosamente na noite. Morre-se lentamente, a sofrer e aos berros dia e noite, cagado de medo e totalmente dependente. Dependente dos tratamentos e do amor de terceiros — de quem mais deles gosta. Um sofrimento insuportável durante meses e anos.
O mecanismo mental que leva um fumador a continuar, contra todas as probabilidades e conhecimentos, deve dar para séculos de estudo (por exemplo como há entre os médicos uma saudável — em número –, população de fumadores). Acho um vício fraco demais para explicar tudo. Conheço inúmeras pessoas que deixaram de fumar simplesmente porque tal decidiram. Para os que persistem em continuar a acumular o lixo da revolução industrial com o fumo tabaco dentro dos pulmões, basta-lhes pensar dois minutos nos outros e não haverá conflito que resista ou lei de Zapatero que seja necessária. Só ar puro, dentro das possibilidades.
Uma resposta para“Smokers of the World Unite”
Tambem sera proibido na Escocia no ultimo bastiao de espaco publico em Marco deste ano: os pubs e bares.
Na Irlanda ja foi proibido vai para mais de 2 anos salvo erro, o efeito pratico foi os bares criarem estruras a porta para proteger os fumadores dos elementos deixando o ar no interior do edificio muito menos contaminado.
Na Lusa Blogosfera a nossa tralha liberal de piquete diz que e um atentado, uma investida (e muitas outras palavras com mais de 3 ou mais silabas) contra as liberdades individuais. As palermisses do costume em resumo.