Credibilidade
Gostava de ler um texto meu onde eu diga que não há aquecimento global.
— Quem o clama é o grande caçador de gambozinos da blogosfera.
No “blog de referência”, é nestas alturas que a caducidade dos comentários ao fim de quatro meses, dá jeito. Podemos sempre ir ao “Mitos Climáticos” ou “Junk Science”, “recomendados” ufanamente pelo autor, ler as novidades nesse campo (o segundo é mais fonte de inspiração do que de recomendação).
No primeiro, na diagonal, pode-se ler que é tudo uma negociata, até o “buraco de ozono” foi uma luta entre fabricantes de aparelhos de refrigeração — poluir e destruir o ambiente, pelo contrário, é um desígnio divino. Quem andar muito fora disto é charlatão.
No Junk Science até tem um “termómetro global” como meio de prova que o aquecimento global não existe. E numa outra nota, anunciam a primeira t-shirt “pró-DDT” — uma “weapon of mass survival”, “contra a malária”. Encontraram novos financiadores.
Parece então que a polémica se irá concentrar entre a influência do Homem nas alterações climáticas e a influência dessas alterações em fenómenos extremos como os furacões, especialmente os que atingem os EUA. Vamos ver como evolui a opinião dos caçadores de gambozinos (há vários), sobre estas duas controvérsias.
PS: E como no Junk Science se descobrem sempre pérolas de sabedoria sem igual (haja tempo), há uns vídeos intitulados “The Greening of Planet Earth: The Effects of Carbon Dioxide on the Biosphere“; no segundo perguntam se o CO2 será um poluente ou um extraordinariamente eficaz fertilizante aéreo.
Os caçadores de gambozinos já comparam Al Gore a Hitler(?!), mas as atoardas do CO2, nunca chegam às “referências”. Por alguma razão devem andar desesperados a lei de Godwin verificou-se bem cedo.
Uma resposta para“Credibilidade”
Vara longa com esses caes tinhosos jrf, vara longa! Olhe, comigo ha umas semanas atras uma porcaria de uma polemica qualquer sobre as condicoes laborais na China foi a gota de agua. Nem sequer disseram mais atoardas que o habitual, nao sei, simplesmente atingi o limite da paciencia. Nao volto la mais.
Tenha calma Lowlander, um dia volta lá e vai ver que é recebido de braços abertos. :)
Essa da China não li, só reparei que a Gabriela teve direito a destaque.
Se não fosse o caçador de gambozinos, o pasquim até seria digerível. A das pensões para os anti-fássistas está com piada e razão — ei, não quero puxar o assunto, é só um exemplo recente.
Que dispensava, meu caro jrf. Tenho um certo brio nas minhas companhias.
Uns 150 anos após se começar a abolir a escravatura, no ano de 2006 a escravatura é justificada por razoes macro-economicas e mais vale algum que nada. Alem de na China o pessoal ser antes pobre, mas nao estar a morrer de fome nao interessa nada. Alem da China ser um paraiso para as multinacionais exactamente porque nao é um estado livre tambem pouco interessa. É somente um caso de injeccao de capital.
Vou parar que já me estou a enervar outra vez.
Nunca pensei no CO2 como um poluente. O homem está a provocar modificaçoes nos balanços de massa entre reservatórios e a forçar equilíbrios. Associo poluiçao com perigo para a saude, para a ecologia, para o ambiente. O CO2 leva a esses perigos, mas de uma forma muito indirecta. Nao sei. Deixaste-me confusa.
Relativamente à China (em geral), se calhar ainda vou fazer um texto. Não concordo com eles, nem contigo — ou melhor, acho que a tua opinião é boa na esfera das intenções.
O CO2 é um poluente claro — e de forma muito directa. Não é se conseguirmos distorcer o suficiente o facto de existir na natureza naturalmente e ser inclusivamente necessário, tal como todos os outros químicos são necessários. E vice-versa.
Somos feitos de água, mas se a água for suficiente para eu me afogar, posso argumentar que é poluente, ou pelo menos muito prejudicial. E não interessa se tenho razão, interessa é empatar.
O que os desinformadores profissionais fazem é jogar com estes conceitos para existir pelo menos uma dúvida razoável suficiente para o “business as usual”, continuar “as usual”.
jrf,
ainda que o CO2 passasse para o dobro de hoje a nossa saude nao seria afectada por o respirarmos. As moleculas actuam em diferentes escalas, em diferentes dimensoes. Eu nao estou a dizer que o CO2 nao é importante, mas que quando penso em poluiçao é numa esfera em que o CO2 nao é perigo. Temos de saber matizar. Eu nao digo que estás mal, mas que atendendo à minha noçao de poluiçao, o CO2 nao é um poluente. :-) Mas ensina-me e escreve sobre a China. Vamos ter um tete-a-tete…
Mas tu pensas em termos “macro” demais para mim.
É como o aquecimento global — é global, mas as mudanças climáticas são e serão essencialmente locais (a menos que algo catastrófico realmente aconteça, como no filme) — existindo inclusivamente argumentos que certos locais vão melhorar muito a qualidade de vida (nem contesto).
O CO2 e tantas outras substâncias, são perfeitamente manuseáveis até as concentrações provarem o contrário. Os cancros, problemas respiratórios, alergias… nas cidades, devem-se à concentração de uma série de poluentes que globalmente poderão significar pouco.
Mas entendo o que dizes, é facto. Mesmo assim, prefiro que o CO2 seja produzido por um vulcão, do que pelo meu carro.
Mas eu nao estou a falar macro. Eu até hei-de ver qual é a concentração necessária para que o CO2 te sufoque, ok? Mas tenho a certeza que teria de te fechar num quarto e o que te ia matar nao seria o muito CO2, mas o pouco O2.
Estou totalmente admirado. Os únicos que têm dúvidas sobre o estatuto poluente do CO2 são os senhores da administração Bush e a miríade de sites de pseudo-ciência e desinformação que gravitam à sua volta e que já foram bastante consultados para a argumentação do aquecimento global.
Na Wikipedia, que é a minha noção, mas aproveito a frase feita:
“Air pollution is a broad term applied to any chemical, physical (e.g. particulate matter), or biological agent that modifies the natural characteristics of the atmosphere.”
Pela tua ordem de ideias nada é poluente, segundo a Lei de Lavoisier, nada se cria…
Poluente para mim é algo contrário à vida. O CO2 nao é directamente impeditivo de vida. É só isto que digo. Não ponho em causa e sabes bem que não, que o CO2 é um químico que afecta o sistema climático e que essas alteracões devem pôr-nos a pensar. Por nós e pelos outros seres vivos. Nao pela atmosfera. Já existiu mais CO2 na atmosfera e que eu saiba continuava a ser uma atmosfera perfeitamente natural.
É o que digo, nada é poluente. A atmosfera é uma coisa muito grande e durante muito tempo julgou-se que tudo se diluía no tamanho…
Eu agora não posso estar a abrir a frente do “CO2 fonte de vida” ou “poderoso fertilizante aéreo”, mas sempre julguei que o CO2 era causa de cancro, problemas respiratórios, alergias… não devido a existir mais ou menos na atmosfera com referência à criação da Terra, mas devido às elevadas concentrações em determinados locais. E quem diz CO2, diz outros poluentes.
E há fontes naturais desses poluentes. Uma das mais caras aos “blasfemos” e “insurgentes” são os vulcões. O gado também produz metano e assim por diante… O próprio petróleo é algo natural e quando por causas naturais chega à superfície, polui.
O que sai do escape dos automóveis é poluente ou não é poluente? As pessoas não caem propriamente para o lado à passagem dos carros.
Não acredito que o meu comentário não saiu! {suspiro}
Eu refaço-o, mas agora não tenho tempo. Por agora digo-te: estás a ser maniqueista. Não é necessário pintar o CO2 de poluente (horror dos horrores) para que haja a percepção de que intervir massivamente no seu ciclo seja mau para a vida. É devido a esta mania de usar adjectivos assustadores que se acaba por perder o fulcro da questão. Simplifica-se tudo a palavras-choque e depois tem-se os insurgentes e blasfemos a usar este simplismo para defraudar o real problema. {suspiro triplo}
Estamos de acordo que o excesso de linguagem é contraproducente, aliás já por aqui disse isso referindo-me ao aquecimento global. Mas é o jornalismo que há.
Não acho que chamar poluente ao CO2 seja excesso de linguagem. O ciclo do carbono na Terra está completamente adulterado. Ao CO2, não resta alternativa a poluir.