Lâmpadas fluorescentes compactas

Noventa e cinco por cento da energia usada para iluminar uma lâmpada incandescente, perde-se em calor. É um dispositivo antiquado, que remete para o fim do século XIX e para os tempos de Thomas Edison. Se ainda as usa, está a pagar o preço, de várias formas.

Actualmente, as lâmpadas fluorescentes compactas (LFC), são a melhor e mais fiável forma de produzir luz. Escolher uma, passa primeiro por saber a que local se destina, pois existem em todas as formas e feitios — nem todas se adequam a todos os candeeiros. Deve também decidir a quantidade de luz que necessita.
Em Portugal, uma LFC custa cerca de 10 vezes mais do que uma incandescente equivalente, o que é um exagero. Nos EUA, custam apenas cinco vezes mais. Apesar disso, a durabilidade é também especificada como 10 vezes superior. Consideramos então, contas redondas, que nesse custo fixo se equivalem.
Na nossa casa, só temos LFC, um par de fluorescentes grandes na cozinha e algumas de halogénio, que consomem muito mas são insubstituíveis no tipo candeeiros que as usam. São as únicas que permitem um design miniatural — como por exemplo da Delta Light (o site é premiado e vale a pena espreitar) –, ou artístico tipo Ingo Maurer. Mas mesmo assim, se fosse hoje já não os queríamos.
Onde depois se verifica uma grande diferença é no consumo de electricidade. Como consomem cerca de um quarto de energia para a mesma quantidade de luz produzida, pode-se reduzir o consumo em iluminação em cerca de 75%. Multiplicando pelo número de lâmpadas de uma casa, é significativo. Multiplicando pelo número de casas do país, é muito significativo.
Como temos visto, nada do que fazemos é um acto isolado. Desta forma podemos contribuir para uma maior eficiência energética, mitigando a poluição e as suas consequências, incluindo o aquecimento global. Também ajuda a retirar argumentos aos defensores de centrais nucleares e de um Mundo de voragem energética aparentemente sem limites. Há pequenas coisas que estão disponíveis hoje, na nossa mão.

Uma resposta para“Lâmpadas fluorescentes compactas”

  1. luciano

    Eu bem gostava de poder usar dessas lâmpadas cá em casa. No entanto, por causa do reles fornecimento de energia da EDP, aqui elas pura e simplesmente não funcionam. A tensão da rede, no horário de pico de consumo, é baixa demais para elas poderem arrancar. De resto, mesmo com as incandescentes, nessas alturas parece que estamos à luz das velas.
    Claro que já reclamei não sei quantas vezes com a EDP mas como lhes fica caro reestruturar o Posto de Transformação que serve a minha casa, ou eventualmente construir um novo mais próximo, as suas desculpas estão na prática a vencer-me pelo cansaço. Já troquei quase todas as LFC que tinha instalado por incandescentes. Tudo isto é ainda mais irónico quando é a própria EDP que, no seu site, sugere a utilização das LFC para poupança de energia.

  2. Mário Ferreira

    Eu utilizo LFC na cozinha e posso atestar que duram imenso tempo, aliás já nem me lembro quando troquei a última lâmpada (há alguns 5 ou 6 anos). Em relação ás lâmpadas de halogénio o seu consumo é astronómico e, pior, as lâmpadas que costumam vir com os candeeiros são de alto consumo. Eu comprei uns candeeiros de design cujas lâmpadas eram de 150W, tive de as trocar por outras de 100W e mesmo assim o consumo é brutal e o calor é de chocar ovos. Assim optei por não os utilizar frequentemente e acabei por comprar outros candeeiros para ter uma iluminação de leitura, p.ex.
    Em relação à qualidade do fornecimento da EDP basta meter um filtro de sector num sistema de cinema em casa e ver a diferença na imagem e som para “ver” o lixo que anda a circular na rede.

  3. jose rui fernandes

    Em Cinfães, quem está no fim da linha também se vê desgraçado com a qualidade da electricidade. Em vez dos nominais 220v-240v, disseram-me que por vezes há 190v — o que arruína muitos equipamentos. A EDP não assume nenhuma responsabilidade.
    É o país real, a duas velocidades, uma lenta e outra mais lenta.

  4. Mário Ferreira

    É infelizmente um problema que transcende este nosso pequeno país, em todas as revistas de Hi-Fi inglesas que leio há sempre alguém a reclamar da qualidade de energia e dos picos em horas de ponta e nas horas de menos tráfego.
    Em relação ao país de 2 velocidades discordo: é uma lenta e outra parada. Onde está a criatividade, a inventividade, o rasgo de inteligência, neste nosso país? Enquanto houver €€€ para gastar nos shoppings e o futebol, está tudo (infelizmente) bem para o nosso povo…

  5. Rui Matos

    Boas!
    Ora então vou tentar dar umas achegas para a fogueira.
    A EDP apenas recebe queixas relativamente a cavas de tensão ou de consumos por entrada de consumidores intensivos em rede com documentação comprovada por uma entidade credenciada para o efeito e cujos equipamentos de medida estejam homologados pelo instituto de metrologia.
    ora entao como essas (poucas) entidades não trabalham de borla, longe disse, muitas das pessoas não pensam sequer em fazer uma queixa por escrito.
    no entanto a EDP é obrigada por lei a apresentar níveis de tensão de acordo com o seguinte: 3% de queda de tensão do PT ao ponto de ligação com o cliente e 5% entre o ponto de ligação do cliente e o ultimo equipamento consumidor.

    isso está legislado, logo desde que se apresentem os documentos necessários a edp é “obrigada” a reforçar o PT ou a linha de aliemntação, pode é transportar os custos para os clientes finais o que não é nada favorável!!!!

    se encontrar para aqui o decreto lei ja mando o link daqui a pouco.
    Abraço

    (Rui Matos)
    (Engº Electrotécnico projectista)

  6. luciano

    Rui Matos,

    Obrigado pelas informações. As queixas que eu apresentei foram por escrito (duas vezes) e por telefone (inúmeras!) incluindo para o número de avarias. Por duas vezes colocaram um equipamente para monitorizar os valores da tensão. Das duas vezes disseram que “pontualmente alguns valores registados se encontraram próximos do limite mínimo regulamentar, informamos V.Ex.a que estamos já a desenvolver os estudos necessários…”. Já há dois ou três anos que andam no estudo e tudo continua na mesma.
    Um amigo que trabalha na EDP sugeriu que na altura devia ter pedido uma cópia dos valores medidos, de forma a não lhes deixar margem para aproximações ao limite regulamentar.
    O que o meu multímetro diz é que, não raras vezes, a tensão anda pelo 170V, já para não falar do desiquilibrio entre fases. Eu também sou engenheiro electrotécnico e sei que o meu multímetro não está calibrado mas mesmo um comum mortal, no que à electricidade diz respeito, seria capaz de perceber que algo não estava bem só por verificar a diferença de luminosidade das lâmpadas nas horas de carga e de vazio; ou ao observar que por vezes as lâmpadas da casa toda parecem piscar como iluminações natalícias.
    É claro que no fim do mês, ou agora bimensalmente, eles não fazem nenhum desconto pelo facto de só fornecerem parte do serviço contratado. Diria que assim não é dificil ter lucros.
    A realidade da liberalização do sector eléctrico ainda vem longe (eventualmente para 2007) e desconfio que mesmo então os pequenos consumidores vão estar sempre tramados.

    Rui Matos, tens alguns contactos dessas empresas credenciadas? Pelo menos para tentar saber mais ao certo o que poderia ser feito e quanto custaria. E como é que é isso da EDP empurrar os custos para os cliente finais?

  7. jose rui fernandes

    isso está legislado, logo desde que se apresentem os documentos necessários a edp é “obrigada” a reforçar o PT ou a linha de aliemntação, pode é transportar os custos para os clientes finais o que não é nada favorável!!!!

    Mas no caso concreto, quem me contou o caso em Cinfães, na primeira pessoa, tinha pago 2500€ ou mais (não me lembro) pelo ramal até casa. Dito isto, também já andava numa guerra de desgaste com a EDP como referiu o Luciano. Há um padrão, eles não são casos isolados. É sempre o cliente (parte fraca) que perde estas guerras.
    Para mim há duas questões muito importantes: A EDP, ou é do estado, ou é privada.
    Se é do estado, devia de agir como pessoa de bem, não dar prezuízo e servir os clientes. O estado português, tal como eu o vejo, não é pessoa de bem, só dá prezuízo e não serve os cidadãos — embora haja cidadãos a servirem-se dele. As suas empresas, se o mimetizarem, é natural e não me admira.
    Se é privada, para o mercado funcionar, tem obrigatoriamente de ter concorrência à altura e credível e o estado não tem que interferir. Ora o nosso país, na minha opinião, não tem maturidade mínima, nem massa crítica, para o mercado liberalizado funcionar. Como de resto se está a ver com a novela da energia ibérica.
    O que temos não é carne nem peixe, é uma aberração que tem degradado o serviço de ano para ano. Aliás, disse-me um amigo que a EDP não o largava… Para falar de electricidade? Não, para lhe vender seguros(!).

  8. jose rui fernandes

    Eu também sou engenheiro electrotécnico

    A sério? Desculpa a admiração, pensava que eras designer… Eu também andei na Faculdade de Engenharia do Porto em electrotecnia e computadores, depois desisti e virei quase 180º para design.
    Mas quase que se pode dizer que o gosto pela electricidade anda de mãos dadas com a horticultura :) .
    Rui, obrigado pelos esclarecimentos.

  9. Rui Matos

    Bom dia!
    Luciano: numeros para além dos do pessoal da EDP Guarda, com os quais tenho relações profissionais, só te posso enumerar empresas que recorreram a esses serviços: Johnsons e Johnsons controls (Estavam numa zona industrial e os picos de tensão e harmónicos da rede torravam-lhes quase semanalmente maquinas de costura de forros). Restaurante ???? (Nao me lembro do nome): estava mesmo no fim de linha, quando havia consumos maiorzitos nem as TV’s ligavam. a solução foi colocar uma linha em MT e 1 PT mais proximo. (não sei quem pagou, mas julgo que tenha sido a camara municipal)
    o caso mais recente também é de 1 restaurante, que teve que pagar 82€ IVA por KVA para lhe fazerem a ligação pois a linha ja n suportava a entrada deles em rede. (malha urbana)

    façam uma busca por este documento em PDF:
    DIT-C14-100N_ EDP

    encontram lá as prescrições regulamentares que ditam as regras.
    sugiro também o envio de uma pedido de esclarecimentos no site do LIQ (www.liq.pt), sao eles que fazem calibrações que equipamentos e poderão eventualmente dar contactos concretos de empresas da vossa zona.

    Abraço
    RMatos

  10. Rui Matos

    haa, esqueci-me!
    quanto a liberalização do mercado de electricidade, não estejam muito esperançados. é quase certo que a unica alteração que os consumidores domésticos vão notar é o aumento dos preços.
    eventualmente os médios cosumidores vão notar melhorias, mas n há-de passar disso, pelo menos por agora.
    não esqueçamos que a propriedade da rede electrica pertence à REN, e as empresas espanholas vão ter que pagar taxas de passagem pelas linhas, pelo que não lhes interessará alimentar clientes domésticos individuais, pelo menos por agora.
    Relembro o caso que ocorreu a uns 4 anos.
    o presidente da CM de Viseu, Fernando Ruas, colocou um ultimato a EDP que ou melhorava a qualidade de serviço na cidade da Viseu, que tem 2 substações ou ia alimentar as substações através de espanha (na altura estava previsto que o MIBEL (mercado ibérico de electricidade) entrasse em vigor em 2004)
    a EDP prontamente resolveu o caso.

    ainda o seguinte:
    a EDP tem lançado montes de campanhas de sensibilização de redução de consumos porque já começa a não ter capacidade para fazer face aos consumos em horas de ponta. isso implica ter que comprar electricidade ao estrangeiro ou a produtores particulares a preços exorbitantes nessas horas. para além de ter que reforçar as linhas de abastecimento.
    é tudo para beneficio proprio, não pensem que se preocupam com os euros que gastamos num bem essencial.

    Abraço a todos
    RMatos

  11. luciano

    De facto parece que a EDP vive nesse dilema entre ser uma empresa que tem de dar lucros e que, ao mesmo tempo, deve fornecer um serviço primordial à população.
    Também me parece que os tempos que se aproximam vão ser ainda piores: a tendência sempre crescente dos consumos de energia, os custos também crescentes para a sua produção, a desadequação das redes de fornecimento domésticas face aos consumos crescentes… Acho que vamos pagar cada vez mais caro por um serviço cada vez pior.
    Eu vivo na margem do rio Sousa, inclusivé tenho dois moinhos, ou melhor, duas ruinas de moinhos. Quando olho para o rio, principalmente no Inverno, penso sempre no potencial energético que ali está. Não sou minimamente adepto da construção de mini-hídricas mas imagino muitas vezes turbinas flutuantes para aproveitar a corrente, ou geradores de hélices submersos… Faz sentido produzir localmente para consumir também localmente, mas tudo isto deve esbarrar em tantos obstáculos legais e burocráticos que nem sei!

    JRF, eu fiz o curso da FEUP mas também sempre a olhar para o design e para a horta. Agora trabalho como programador em Flash, portanto ali a meio entre o engenheiro e o designer, no meio de uma quinta. É algo bastante próximo da fusão perfeita! ;)

  12. jose rui fernandes

    é quase certo que a unica alteração que os consumidores domésticos vão notar é o aumento dos preços.

    Tem piada que ainda a semana passada tive essa discussão com o meu irmão. Eu também acho isso, pela razão que apontei — o mercado e a sociedade portuguesa não têm maturidade para uma concorrência leal e real.

    Luciano, vê a hipótese de teres uma micro-hídrica. Não é intrusiva e tendo altura e o mínimo de água, funciona com um simples cano de polegada ou menos. A água não é estragada e como produz dia e noite é capaz de alimentar uma quinta. Não se pode é fugir às baterias — o ideal seria ligar à rede e vender o excesso, mas isso é para o dia de são nunca.

  13. Mário Ferreira

    Aproveito para lançar aqui uma questão que nunca consegui ver respondida convenientemente:
    todos sabemos que as lâmpadas fluorescentes consomem menos energia do que as incadescentes mas que necessitam de mais energiam para ligarem. O que já me disseram é que a energia dispendida no arranque de uma lâmpada fluorescente corresponde a 3 horas de consumo de uma incadescente? É verdade?
    Obrigado

  14. jose rui fernandes

    Bem, não sou eu que vou responder convenientemente.
    Entra a Wikipedia e HowStuffWorks.
    Relativamente às “de cozinha”, havia e há o hábito de as deixar acesas se forem desligadas por pouco tempo. Diz-se que gasta no arranque e as estraga. O tempo eficiente entre gastar e poupar é que ninguém parece saber.
    O caso das fluorescentes compactas parece ser diferente e tem havido evolução. Por exemplo, lembro-me que as primeiras necessitavam de um tempo para atingirem os lúmens nominais (o que invalidava o acende e apaga) e agora comportam-se quase como incandescentes e até já há reguláveis (com potenciometro) — não sei se essas já cá chegaram.

  15. fernando

    As pequenas terras esquecidas para lá dos montes ,terem luz actualmente continua a ser um milagre por isso a sua qualidade ser defeituosa acaba por ser um mal menor ,não esquecer que ainda á poucos anos nestas aldeias na hora de ponta a luz de uma lâmpada por vezes fazia concorrência com a luz das velas ,tal era a sua intensidade ,esperemos que dentro de alguns anos ter nas aldeias luz da mesma intensidade das cidades , até lá esperemos que a edp vá investindo numa região esquecida por tudo e por todos .

  16. jose aparecido de araujo

    bom. gostaria de saber o seguinte. quando estou com a tv ligada, e ligo uma lampada compactada da interferencia na tv. fica passando uma lista orizontal, nao sei o que é. alguem pode responder?

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