Realmente fui ao campo…

Podar
…mas não foi exactamente como planeei. Primeiro, porque devido ao “planear, antecipar, imaginar”, custou-me muito a adormecer; pior foi acordar às 7h00 com uma dor nas articulações da anca, coisa tipo dor de dente e bastante incapacitante, principalmente para conduzir. Não passava, decidi que não podia ir. Mandei uma mensagem a um amigo meu que seria capaz de passar lá de manhã, a avisar que já não ia.
Lá para as 10h30, telefonou-me o Delfim a perguntar se não queria ir, ele conduzia. Tive de tomar um anti-inflamatório e lá fomos, ter ao Marco de Canavezes com o senhor Henrique, rumo ao Sargaçal.

Primeiro fomos almoçar ao Solar de Montemuro. Está ampliado, na minha opinião pior e com uma construção que tapa a vista sobre o vale a quem almoça na antiga sala. Essa construção é uma nova sala de jantar, mas pelos vistos só é aberta ao Domingo, ou seja não faz sentido.
Deixamos o carro no Largo da Nogueira e subimos pela casa do senhor Franklim que lá andava a colher toranjas. Deu-nos algumas, claro. Atravessamos a aldeia e entramos no Sargaçal por cima.
Com a história de tirar bardos e vides, está tudo cheio de montes de detritos vegetais outra vez. É terrível.
Depois foi correr o terreno todo, podando as árvores de fruto pequenas e aprendendo algo com o senhor Henrique, pelo caminho. O veredicto não foi muito animador e em parte eu já sabia: As árvores têm um crescimento diminuto, muita falta de água no Verão e também de nutrientes essenciais. Resumindo, são árvores em risco de morrerem a qualquer momento. No geral estão tão fracas que qualquer pequena doença as é capaz de as prostrar. Aliás, nesse sentido, mais uma groselheira morta. Tenho que tomar uma atitude, designadamente relativamente à rega.
Depois apanhamos três grandes sacos de laranjas, com um apetrecho da Gardena que levei e que estica até 2,90m. Dá para apanhar, mas não resulta na fruta que ainda esteja muito segura, acaba-se por partir muitos ramos.
Por fim, já atrasados, uma volta pelo Ribeiro do Enxidrô e Lameiro da Gracia, a parte do terreno preferida de toda a gente. Deu ainda para detectar água a mais em vários pontos, que é um assunto recorrente. Já alertei o Cláudio para amanhã me dar um jeito no assunto. Ele não apareceu porque tem outro cliente aos Sábados e no fim do dia vai para os ensaios do rancho.
Pelos standards do Sargaçal foi um dia diferente, mas passou-se muito bem.

Na fotografia, o senhor Henrique poda uma ameixoeira já em flor. É uma poda um pouco tardia, mas não é grave.

Uma resposta para“Realmente fui ao campo…”

  1. fernando

    E talvez também falta de sol visto que vila de muros praticamente só é banhado pelo sol de manhã , pois de tarde ele esconde-se nos montes. E as arvores precisam de sol para crescerem saudaveis.

  2. José Rui Fernandes

    Já estou a 99%, lá com os anti-inflamatórios. Gostava era de saber porque me dá isto… Por acaso a última vez que fui ao meu médico, há uns anos, falei-lhe do assunto e ele não se mostrou muito interessado.

    Fernando, não é falta de Sol. Quando isso acontece, estão no período de dormência. É exactamente o oposto em muitos casos. O terreno é muito exposto, no Verão é um forno. Até os castanheiros gostam de menos Sol. Aliás, os castanheiros dão-se perfeitamente em terrenos virados a norte.
    Só tenho uma hipótese que é alimentá-las e dar-lhes água em quantidade.

  3. Filipe

    Olá, continuação de melhoras.

    Em relação às árvores que se desenvolvem pouco, para as alimentares, podes sentir um problema que já tive.
    A melhor solução é o estrume que não gostas muito, mas no Outouno uma couva de cada lado da árvore misturado com terra é um bom remédio, e aí no Sargaçal não deve ser problema encontrar estrume curtido.
    Espero que não me excomungues pela próxima sugestão
    Outra maneira e aí é que podem começar os problemas, em termos de quem quer uma agricultura biológica, é a adição dos adubos, que deve ser bem ponderada. Mas nesta altura a adição de adubos se não for exagerada é absorvida pela árvore, sem deixar rasto de nutrientes no solo, e é boa porque este ano foi húmido. è uma maneira mais prática, mas eu acabo por a utilizar periodicamente, um ano estrume, outro ano adubo. Eu utilizo um de bolinhas azuis, que é o equivalente ao Blaukorn (não sei se o nome está correcto), a fórmula é (12 12 12 2), o 2 é magnésio, que normalmente falta no sole é um micro nutriente importante. Uma das vantagens deste adubo é que não se dissolve imediatamente, vai-se dissolvendo conforme a água que pões. Se colocares o adubo, não chover e não regares, no Outono seguinte está lá novamente.

    Em relação à ansiedade, percebo perfeitamente, passou-se e ainda se passa o mesmo comigo às vezes quando planeio a ida à Lourinhã , mas o melhor é planear só um terço do tempo, o resto são sempre supresas

  4. jardineira aprendiz

    Passando um pouco à pressa não pude deixar de comentar: as variedades das árvores são tradicionais ou das novas? As variedades tradicionais são, ou pelo menos têm a reputação de ser, muito mais tolerantes aos verões secos e à nutrição à base de estrumes ou compostos, mais pobre. Claro que são menos produtivas, mas também têm propriedades muito interessantes. Já há alguns grupos em Portugal a fazer trabalhos de recuperação e melhoramento destas variedades, parece-me uma opção muito interessante quando se quer fazer agricultura biológica, ou pelo menos menos dependente dos químicos.

    As melhoras!

  5. José Rui Fernandes

    Jardineira — é uma mistura. Diria maioritariamente novas. As árvores existentes previamente, essas sim, a negligência completa, vão ser perpetuadas através de enxertia, espero que ainda este ano. O senhor Henrique conseguiu identificar pelo menos uma variedade tradicional de maças (por umas a apodrecer no chão). E depois as irrecuperáveis irão abaixo. Obrigado por ter passado.

    Filipe — eu gosto de estrume, tinha dito que não? Quem me dera ter animais a produzir por lá.
    No sábado aprendi que o guano (dos sacos azuis) é um viveiro de infestantes e realmente de um saco que lá anda, nasceram umas crucíferas.
    Relativamente à agricultura biológica… Um dos desafios que quero ter é saber até que ponto posso ter algo sem recorrer aos adubos sintéticos. Não sou radical ao ponto de deixar as árvores definharem e poderei pensar em lhes dar uma dose desse género. Mas antes, tenho de experimentar, composto, mulch a sério e água a sério.
    No caso desta última, do ponto de vista das árvores nada desculpa a sua falta. Mas o facto é que sem local para ficar calmamente por lá depois de um dia de trabalho, tem sido impossível. E aí esteve um erro que agora estou a ver que foi grande e que cometi no início. Falarei mais noutra ocasião.

  6. Filipe

    O composto é essencialmente nitrogénio (azoto) o N dos adubos, ele serve essencialmente para o desenvolvimento das partes verdes. Uma terra com composto é muito bom para muitas hortícolas, mas para árvores é deficiente, o desenvolvimento das raízes, flores e fruto necessita de fósforo e fruto de potássio além de micronutrientes, como boro, magnésio, enxofre. O estrume animal contem esses compostos. Existe também a ureia que se vende em granulado e que ao fim e ao cabo “penso” que seja extrado sólido de ureia de animais.

    A opcção mais correcta seria fazeres análise ao solo.Nas Universidades que têm cursos de Agronomia ou similares, fazem normalmente esse serviço ao público, e não é muito caro. Aqui em Lisboa era análise geral 1,5 euros e 3 euros para alguns micronutrientes, por amostra. Em função do que a tua terra necessita, aí adicionavas.

  7. José Rui Fernandes

    Dou-te razão. No entanto, estou convencido que devem existir produtos com os micro-nutrientes necessários e apropriados para agricultura biológica. No entanto, não aparecem nos grémios agrícolas.
    Também me falta uma lista de produtos apropriados para a agricultura biológica — básicos, tipo sulfato de cobre, cal, enxofre…

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