Para isto é um país morto

A propósito do comentário de José Santos sobre Marques Loureiro, convém esclarecer que aparentemente Portugal sempre teve uma capacidade fora de comum para esquecer os seus melhores e na verdade a horticultura já nos tempos do ilustre horticultor não era tida em grande conta. Cito de memória Duarte de Oliveira a propósito de uma exposição de pêras e pereiras em Paris, por volta de 1904, que dizia “para isto Portugal é um país morto”. Referia-se à horticultura.
Já no blogue Dias Com Árvores pode ler-se que “Quando José Duarte de Oliveira se apagou já os tempos áureos da horticultura portuense pertenciam ao passado; tais estrangeirismos nunca se tinham verdadeiramente enraízado na vida da cidade, tanto na classe abastada como na popular. Duarte de Oliveira era obviamente um estrangeirado, um conhecedor de línguas (francês, inglês e alemão) que muito viajou por toda a Europa; como, além de tudo o mais, foi um comerciante rico, O Tripeiro, no obituário que lhe dedicou, pôde usar termos elogiosos, descrevendo-o como «negociante honrado», mas ignorando o Jornal de Horticultura Prática, e referindo apenas de passagem, em tom de quem desculpa uma excentricidade, a paixão de Duarte de Oliveira pelas flores. Assim se escreve a biografia de um homem: apagando o que ela tem de mais notável como se de uma frivolidade juvenil se tratasse”.
Por fim, é justo referir a propósito dos estrangeirismos, que pelas minhas deambulações nos livros antigos, Allen, Burmester, Tait, Van Zeller, Moller, Merle, Nardy e tantos outros são nomes comuns. Famílias abastadas, não só do Porto (Nardy père cultivava 1.500ha no Sado), que muito contribuiram, se é que não foram mesmo fundamentais, para aqueles tempos áureos da horticultura portuense e do país, que aparentemente como diz Paulo Araújo, nunca se enraizaram verdadeiramente na vida da cidade e acrescento, deste povo.

Uma resposta para“Para isto é um país morto”

Deixe um comentário

Mantenha-se no tópico, seja simpático e escreva em português correcto. É permitido algum HTML básico. O seu e-mail não será publicado.

Subscreva este feed de comentários via RSS

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.