Bom Sábado

Levada
Apesar das ameaças de tempo menos bom, lá fomos para um agradável pic-nic. A maior parte das pessoas foi desistindo durante a semana e sobramos 12, a contar com as crianças. Chegou bem e com o Cláudio totalizamos 13.

Quando chegamos continuava ele nas limpezas. Sempre dava para ganhar meio-dia. Tínhamos combinado que almoçaria connosco e que de tarde não era para trabalhar. Para jantar na associação, ficamos apenas nós e o Delfim.
Levada
O dia passou previsivelmente entre comes e algumas incursões pelas redondezas. Fomos ver um terreno que fica no meio do Ribeiro do Enxidrô, tipo ilha, mas com um ponto de acesso via uma ponte de uma margem para a outra (não directamente para o terreno). Tem três moinhos em ruínas, o acesso nem para tractor dá. O próprio facto de estar no meio do ribeiro, parece aproveitar uma situação favorável, mas os canais parecem ter sido construidos à força de braços. Nem imagino como era para os cereais lá chegarem e para a farinha sair. Seria com burros e com muito trabalho.
Pelo vale, entre Bestança e os afluentes, devem existir centenas de moinhos, indicação segura que grande parte do vale já terá sido cultivada em tempos idos. Alguns estão em bom estado, outros restaurados, mas a grande maior parte em ruínas, vandalizados e já sem as mós. A trabalhar regularmente, não sei se estará algum.
Nesta pequena caminhada, passamos por um local que em termos alérgicos deixou de rastos, instantaneamente, a mim, ao meu pai e a um primo. Este meu primo homónimo nunca mais recuperou e teve de ir embora cerca de uma hora mais cedo. Terrível.
Levada dois dias antes
A levada (nesta fotografia dois dias antes) foi uma das grandes atracções para as crianças (e adultos) e também era o frigorífico para as bebidas. Onde há água mesmo raza e crianças pequenas, a vigilância tem de ser a tempo inteiro, não dá sequer para olhar para o lado um minuto — e é bom nunca esquecer isso.
E foi assim, espero repetir em breve. Acho que nestes anos todos, foi o primeiro dia que passei descansado no Sargaçal.

Uma resposta para“Bom Sábado”

  1. Filipe

    Tenho lido os teus afazeres no Sargaçal, e culminados com bons momentos como este. Só uma pergunta, por causa do controlo da erva, que este ano é demais. Pelo que tenho visto o terreno no Sargaçal é acidentado, mas nunca pensaste usar um trator e frezar a terra? O meu pai tem um terreno também numa encosta, e no local conseguimos encontrar um tractorista que lá vai frezar o terreno,com um tractor pequeno, claro que à volta das árvores e em zonas com pedra não dá, mas depois o trabalho rende mais. Acaba por passar o tractor só no meio das árvores e nas zonas planas. Mas fica-se com uma ideia melhor até na programação de que árvores plantar e onde em função da largura do tractor. Inclusive acabamos por arrancar algumas árvores e plantar outras noutro local para o tractor poder ir a mais zonas de terreno.

  2. José Rui Fernandes

    Mas nesse caso frezar = limpar?
    Pelo que tenho visto, frezar faz as ervas retornarem com o dobro da força. Também em todo o lado li que a freza destrói completamente a estrutura do solo, minhocas e outros auxiliares onde os há.
    Eu já pensei em fresar aquilo tudo (as partes planas) na base de “uma vez na vida”. Para poder trabalhar a terra e exercer as minhas ideias de “paisagismo” mais facilmente. Mas como isso obrigava a uma dedicação que até aqui não foi possível, nunca o fiz (embora tenha frezado a leira grande quando foi para pôr as batatas a primeira vez).
    Mesmo assim, o senhor Henrique diz-me para não fazer isso por causa da riqueza do coberto vegetal. De qualquer modo, mesmo que não seja geral, em zonas onde quiser intervir em termos mais definitivos, vou frezar.
    Para limpeza das zonas arborizadas, acho que o ideal seria um tractor com um destroçador de matos.

  3. Filipe

    Não sei os termos se podem cionfundir, mas frezar e lavrar para mim são coisas diferentes. Lavrar implica uma movimentação do solo enorme. Chega-se por esse processo a mover um metro de altura do solo

    Frezar é uma serie de pequenas lâminas , que removem o solo cerca de 15 a 20cm. Na minha opinião, amadora, não destroem o solo, até o revitalizam, daí dizeres que as ervas nascem com o dobro da força, as minhocas também ficam lá e desenvolvem-se. isso tenho observado. E é sempre bom deixar-se pequenas zonas, que aparecem naturalmente por haver muita pedra e muito inclinadas, sem serem mexidas e mant~em-se reserva dos pequenos seres, que com o terreno frezado, têm alimento para se desenvolver à vontade

    No terreno do meu pai freza-se uma vez por ano, quando o tempo começa a aquecer e a erva a secar. Ao frezar toda a erva é enterrada , a terra antiga vem ao de cima, queima com o sol, ou seja torna-se mais nutritiva. A frezagem equivale a tratar o terreno com uma enxada, não vai mais fundo que isso.

    Outra das vantagens, é seguinte, se não mexeres na terra, com o calor do Verão ela começa a rachar e a aparecerem gretas, por essas gretas, muita da água interna do solo evapora-se. Um tio meu, quando me via a regar árvores pequenas no Verão, dizia-me que dizia-me uma cavadela à volta das árvores valia por três regas, o principio é o mesmo, o solo mexido à volta da árvore impede muita evaporação natural do solo.

    Todas as minhas opiniões, tens que dar o devido desconto, além de que não conheço a terra da Quinta do Sargaçal,

  4. José Rui Fernandes

    Todas as minhas opiniões, tens que dar o devido desconto

    Idem aqui.

    Não confundo frezar com lavrar. Tenho lido que de todos os métodos de revolver o solo, frezar é o mais destrutivo — mas neste momento não te posso indicar as fontes.

    O solo do Sargaçal não ganha essas gretas porque é muito arenoso e leve. A única forma de evitar a evaporação é com cobertura do solo (mulch).

    Vou tentar pesquisar algo sobre o assunto — ando sem tempo para coisas que “não me apareçam à frente”.

    PS: Lendo John Seymour, vejo que não desencoraja a freza. No máximo 9cm de profundidade e com o tempo muito seco para que a bicharada esteja abaixo desse nível.

  5. Filipe

    Nota uma coisa, falo em frezar uma vez por ano e no inicio da secagem das plantas, normalmente em Maio, o que permite que o terreno fique “limpo” até às primeiras chuvas de Outouno. Claro que este ano foi uma excepcção, já há erva novamente.

    Nota que em termos de agricultura tradicional, quando se fala em frezar é antes da sementeira,, depois da colheita, novamente para uma segunda cultura e após esta. Com quatro frezagens ao ano acredito que a estrutura do solo acabe por nunca estabilizar.

    Aqui a opcção é mesmo de limpar o terreno e principalmente no Verão não ter ali um rastilho para os incêndios.

    Se achas que a freza remove muito, para limpeza da erva também tens o escarificador( é assim que se escreve?), que revolve menos o solo e se a tua terra é arenosa., é facilmente trabalhável. A do meu pai é bastante argilosa, daí aparecerem as gretas que falei e a movimentação da terra por cima impede bastante a evaporação,

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